Mario Galgano – Vatican News
“Aprender a fazer o bem, buscar a justiça” é o tema deste ano para a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, que começou em 18 de janeiro passado e terminará no dia 25. As palavras do profeta Isaías foram escolhidas pela Comissão do Dicastério para a Promoção da Unidade dos Cristãos juntamente com o Conselho das Igrejas do Minnesota, nos Estados Unidos. O bem e a justiça, explica o Cardeal Kurt Koch, prefeito do Dicastério, estão de fato correlacionados e são essenciais para a unidade.
Entrevista
Eminência, qual é o impulso que do ponto de vista católico pode vir desta semana?
Este tema, “Aprender a fazer o bem, buscar a justiça” da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos diz que as duas coisas estão unidas. O fundamento de todo ecumenismo é a oração pela unidade. Não podemos fazer nada melhor do que rezar pela unidade, porque nós, humanos, não podemos alcançar a unidade por nós mesmos. Podemos fazer a divisão, a separação, como mostra a história, mas também o presente. A unidade é sempre um dom do Espírito Santo e a melhor preparação para receber este dom é a oração. Por outro lado, porém, devemos também trabalhar pela unidade, como diz o Santo Padre através de três pontos: caminhar juntos, rezar juntos e colaborar juntos. A partir daí devemos redescobrir a justiça também entre os cristãos e entre as comunidades eclesiais.
Falando de justiça entre os cristãos, infelizmente assistimos atualmente a esta terrível guerra que afeta sobretudo os cristãos. Uma guerra de cristãos contra cristãos na Europa. Como o diálogo ecumênico pode contribuir para a paz?
É realmente uma mensagem muito triste de cristãos matando outros cristãos, ortodoxos matando outros ortodoxos. Isso mostra que a religião é parte do problema, mas deve ser parte da solução. Neste sentido devemos continuar e aprofundar o diálogo. Não há alternativa ao diálogo para encontrar a paz, mas o fundamento da paz é a justiça, como diz o tema deste ano. Num outro capítulo do profeta Isaías lemos “o fruto da justiça é a paz”, opus iustitiae pax. Foi também o lema de Pio XII, o sinal do seu pontificado. Precisamos aprofundar esta mensagem.
Esta é a primeira semana de oração pela unidade dos cristãos sem Bento XVI. Que legado Joseph Ratzinger deixa no ecumenismo tanto como Papa quanto como teólogo?
O Papa Bento XVI fez muitas coisas pela unidade dos cristãos, já como teólogo, depois como cardeal e papa e não apenas no diálogo com os ortodoxos, que ele favoreceu muito, mas penso também no diálogo com os protestantes. Por exemplo, a declaração comum sobre a justificação em Habsburgo em 1999 foi uma grande contribuição do Cardeal Ratzinger. Acho que seu conceito de ecumenismo era que a unidade não é um conceito político eclesial, mas um conceito de fé. O fundamento do ecumenismo é, aos olhos do Papa Bento XVI, a fé que cada membro do corpo de Cristo recebe no batismo. Aprofundar este fundamento na fé em Cristo era muito caro ao Papa Bento XVI. Podemos dizer que o seu ecumenismo era cristocêntrico e tive a experiência de que muitos representantes de outras igrejas e comunidades eclesiais têm o coração aberto a este conceito. Podemos redescobrir a unidade na fé em Jesus Cristo.