“A Igreja no Iraque”: este é o título do livro escrito pelo Card. Filoni, Prefeito da Congregação para a Evangelização dos Povos. A obra recorda a história, a evolução e a missão da Igreja iraquiana, desde o início até os nossos dias. “Uma Igreja heróica”, como a definiram Bento XVI e Papa Francisco, que também hoje está a dar um testemunho de fé por causa das perseguições dos jihadistas do Estado Islâmico.
O Card. Filoni foi Núncio Apostólico no país por cinco anos, durante a Guerra do Golfo, e Francisco o enviou duas vezes em missão entre os refugiados iraquianos. Em entrevista à Rádio Vaticano, o purpurado explicou quanto é viva a preocupação do Papa pelos cristãos iraquianos:
É vivíssima por vários motivos. Antes de tudo porque os cristãos, neste momento, juntamente com outras pequenas minorias, são os pobres, realmente os pobres desta situação, porque tiveram que abandonar tudo, não somente as próprias casas, mas também as suas propriedades. O Papa teve um papel importante – e todos reconhecem isso – por ter focalizado a atenção internacional sobre a situação de guerra e dos nossos cristãos, que foram expulsos. A guerra é sempre uma injustiça. E aqui vemos que todas as populações, e não somente as cristãs, também as muçulmanas e de outras minorias, sofrem as consequências da destruição, da morte e das famílias divididas.
O Senhor foi Núncio Apostólico no Iraque justamente durante a Guerra do Golfo e voltou como enviado do Papa duas vezes ao Iraque. Como foi esta experiência?
O primeiro encontro foi chocante, porque nos encontrávamos no meio de milhares de famílias que haviam fugido e dormiam no chão, onde era possível, sob as árvores, em situações absolutamente desumanas, com um calor que durante o verão chega a 45, 48 graus. Portanto, podemos imaginar esta pobre população que fugiu sem água, sem condições de viver dignamente e decentemente, com todos os problemas relacionados às doenças, à alimentação, à água potável. Foi um choque. A segunda visita foi para demonstrar aos nossos cristãos que encontrei que nós não nos esquecemos deles: era um gesto, como o Papa diz com frequência, uma “carícia”, uma carícia que não deve ser feita só uma vez, mas deve ser repetida para que sintam que estamos próximos a eles. A segunda vez eu a defini como uma “peregrinação” porque era o período da Semana Santa e, portanto, via o calvário, o sofrimento e a via-sacra daquela gente. (BS/BF)
Fonte: Radio Vaticano