Na quinta-feira, 14 de abril, o governo canadense introduziu uma legislação para aprovar o suicídio assistido e a eutanásia sob o código penal federal.
“Todos estamos profundamente preocupados porque este é um dia triste para o Canadá” disse ao Grupo ACI o Arcebispo de Toronto, Cardeal Timothy Collins.
“A legalização do suicídio assistido, perto de ser aprovada no Canadá, colocará em perigo os vulneráveis, ocultará o assassinato com eufemismos e ameaçará a consciência daqueles que se opõem”, acrescentou o Purpurado.
Além disso, afirmou que, no momento, as pessoas veem o suicídio assistido como uma “solução simples”, mas assegurou que, quando considerarem o que essas práticas realmente significam para a sociedade, “vão se dar conta de que não é o caminho a seguir”.
“As pessoas mais envolvidas em ajudar aqueles que estão agonizando em uma cama são os que mais se opõem a pôr um fim às suas vidas”, disse o Cardeal Collins.
A nova legislação tem sido sugerida por uma decisão do Supremo Tribunal do Canadá de fevereiro de 2015. A resolução afirma que os médicos podem ajudar os pacientes com dor grave e incurável a terminar com a própria vida, e ordenou o Parlamento a criar uma resposta legislativa.
“Essa é a raiz do problema”, disse o Cardeal Collins e descreveu a decisão do tribunal como “lamentavelmente unânime”.
“O passo fundamental na implementação da eutanásia ou do suicídio assistido é em si preocupante”, acrescentou.
Anteriormente, segundo a lei canadense, a pessoa que aconselhava, ajudava ou incitava o suicídio poderia ir para a prisão por até 14 anos.
O Cardeal explicou que a lei proibiu o fornecimento de “substâncias nocivas” às pessoas. “Agora é possível que a administração de uma substância deste tipo seja considerada uma forma de cuidados de saúde. Onde chegamos?”, questionou.
Da mesma forma, criticou o uso da expressão “cuidados de saúde para a morte”, a qual verdadeiramente significa “dispor de uma substância e injetá-la em uma pessoa, provocando sua morte”.
“Isso não se chama morrer. A palavra para isso é ‘matar’. Não saber a diferença entre morrer e matar é assombroso”, sentenciou.
Ele também advertiu sobre os eufemismos que são “cômodos, agradáveis e dóceis, mas que não descrevem o que está acontecendo”.
O Cardeal disse que os católicos deveriam incentivar a que se ofereçam cuidados paliativos a quem tem dores severas e aos doentes terminais. “Isso e não suicídio é, certamente, assistência médica”, sustentou.
O Cardeal Collins disse que o governo também tem a obrigação de fornecer cuidados paliativos se estabelecer um regime legal para a eutanásia. “Essa é uma maneira positiva de lidar com este problema real”, declarou.
Além disso, enfatizou a necessidade de proteger a objeção de consciência para defender as pessoas “comprometidas com a cura e não com o assassinato”. Disse que os indivíduos e instituições certamente serão pressionados a participar de suicídio assistido ou eutanásia.
“Que proteções estão sendo oferecidas? Não há proteções que se ofereçam neste projeto de lei”, advertiu.
Os partidários do projeto de lei dizem que 10 províncias canadenses e três territórios proporcionarão essas proteções.
“Para todos no Canadá, estão fazendo aceitável proporcionar uma substância nociva a qualquer pessoa. Mas, não estão proporcionando a mesma proteção em todo o país para a consciência das pessoas”, assinalou.
Disse que, neste “mundo frio de eutanásia”, deve ter “lugares onde se pode estar seguro”. Também expressou preocupação com as pressões sobre as pessoas mais velhas para que “se apressem” e morram.
“Em um momento em que nossa prioridade deve ser o fomento de uma cultura do amor e uma melhora dos recursos para os que sofrem e enfrentam a morte, suicídio assistido nos leva por um caminho escuro”, sublinhou o Cardeal Collins.
Por fim, assinalou que a oração Ave Maria termina com a frase “agora e na hora de nossa morte”. “Nos próximos dias, esta reflexão pode nos guiar em um espírito de amor, misericórdia e compaixão, para acompanhar aqueles que sofrem”, concluiu.
Fonte: Acidigital