Cadernos do Concílio – Volume 7 A Sagrada Escritura na Liturgia

    Hoje nos debruçaremos no volume sete (7) da coleção Cadernos do Concílio, que tem como tema: “A Sagrada Escritura na liturgia” de autoria de Maurizio Compiani sob a responsabilidade do Dicastério para a Evangelização. Durante a celebração da missa, a Sagrada Escritura tem um lugar importantíssimo, quando participamos de duas grandes mesas: Palavra e Eucaristia. É necessário interiorizar, entender a Palavra que foi proclamada para poder se aproximar da Eucaristia.

    Podemos ter como exemplo os discípulos de Emaús, que ouviram Jesus lhes explicar toda a Escritura, depois os olhos deles se abriram e reconheceram Jesus ao partir o pão. A liturgia da Palavra está presente em toda a ação litúrgica e não somente na celebração da Missa. A Palavra dá sentido ao mistério que está sendo celebrado.

    A Sagrada Escritura é um livro inspirador que sempre nos exorta, corrige e reanima a nossa vida de batizados. O apóstolo São Paulo diz que toda Escritura é divinamente inspirada e proveitosa para ensinar, repreender, corrigir e instruir na justiça. Para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente preparado para toda boa obra. A Sagrada Escritura é o livro perfeito da lei, seremos felizes se a praticarmos. A Palavra, como dissemos, nos instrui e cabe a cada um seguir ou não, Deus nos fez livres e não nos quer escravos D’Ele.

    Sempre quando vamos a celebração Eucarística, a Palavra quer nos dizer algo, por isso, temos que estar atentos a Palavra proclamada e sobretudo a homilia do sacerdote que deve explicar de maneira catequética aos fiéis a Palavra que foi proclamada. Quando o sacerdote diz ao final da missa: “Ide em paz e que o Senhor vos acompanhe”, começa a nossa missão e a oportunidade de colocar em prática ao longo da semana a Palavra que foi proclamada na missa.

    Na liturgia da Palavra temos os ritos iniciais e são lidos textos do Antigo e Novo Testamento, salmos e os evangelhos. Mas além da liturgia da Palavra, toda missa explica-se através da Bíblia, todos os ritos que realizamos tem sua explicação bíblica, ou seja, tudo o que acontece dentro da celebração da missa têm fundamentação bíblica. O rito da consagração e rito da comunhão foi instituído por Cristo, Ele instituiu a Eucaristia na última ceia e nos deixou como memorial seu Corpo e Sangue.

    Na liturgia católica, ao longo de três anos, lemos quase toda a Bíblia. Pois o ano litúrgico é dividido em A, B e C, onde aos Domingos tem leituras específicas para cada ano e o Evangelho é de algum evangelista sinótico (Mateus, Marcos e Lucas). Durante a semana é dividido em ano par e ímpar e as leituras, sobretudo Evangelho e salmo, variam de acordo com os anos.

    Por isso que, como dissemos acima, se formos à missa durante três anos todos os dias acompanharemos toda a Sagrada Escritura. Quando questionam se católico lê a Bíblia, devemos responder que lemos e meditamos a Palavra de Deus sim, e ainda quando dizem se não levamos a Palavra para a Igreja, devemos dizer que o que mais acontece ao longo da missa é meditar a Palavra da Salvação. Temos também textos bíblicos inseridos durante toda a Missa, desde a saudação inicial até a comunhão, e saudações finais. Em todos os sacramentos temos a leitura da Palavra, além das reuniões das pequenas comunidade e, em especial, nos círculos bíblicos.

    O motivo da divisão do ano litúrgico em A, B e C, ou par e ímpar é pastoral para que possamos ter mais contato com a Palavra de Deus. A introdução do Lecionário explica-nos: “O fato de que para os domingos e festas se proponha um ciclo de três anos é para que haja uma leitura mais variada e abundante da Sagrada Escritura, já que os mesmos textos não voltarão a ser lidos, a não ser depois de três anos”.

    A diferença entre o número de leituras no Domingo e nos dias da semana está na solenidade. O Domingo é o dia, por excelência, da Eucaristia e da reunião litúrgica. Vivemos esta solenidade, portanto, com um maior número de leituras. As missas semanais têm a característica de serem simples e breves, com poucos cantos e mais meditativas, por isso, normalmente têm uma leitura, salmo e evangelho.

    Diante dessa graça tão grande que temos de ter um contato maior com a Palavra de Deus, seja aos Domingos ou durante a semana, seja na Igreja ou até mesmo em casa, temos que estar sempre mais atentos e dóceis às Sagradas Escrituras que são lidas nas nossas liturgias. Que o Espírito Santo abra nosso coração e esta Palavra sempre produza frutos em nossas vidas.

    A Palavra de Deus é um grande “tesouro” para a Igreja, pois, por meio dela é alimentada a fé dos fiéis. A Sagrada Escritura como dissemos acima é um livro inspirado por Deus e todos os livros contidos nela foram inspirados pelo criador e aprovados pela Tradição e Magistério da Igreja. Todos os livros ali contidos servem para a edificação da fé de todos os fiéis. Certamente se algum dos livros não servissem para ajudar os fiéis a crescerem na fé não seriam aprovados pelo Magistério e tradição da Igreja.

    Dentro ainda da liturgia da Palavra temos a homilia, ela deve ser bem-preparada ao longo da semana pelo sacerdote e, sobretudo aos Domingos e solenidades e deve ter um foco especial nas leituras que foram proclamadas. O Papa Francisco demonstra uma preocupação muito grande nessa questão da homilia e nos diz na Exortação Apostólica Evangelii Gaudium: “é o ponto de comparação para avaliar a proximidade e a capacidade de encontro de um Pastor com o seu povo” (EG, n.135). A homilia, como nos diz o Papa, é o momento em que o sacerdote se aproxima como um “Pai” de seus fiéis, ou como o pastor que sente o cheiro de suas ovelhas.

    O Papa Francisco recomenda ainda que a homilia deve dar fervor e significado a celebração e não se sobrepor ou dominar. Diz ainda que “deve ser breve”, fazendo uma sábia gestão do tempo, a palavra do pregador, não é mais importante do que a celebração da fé, e não deve ocupar um espaço excessivo, mas respeitar a harmonia das partes e o ritmo de toda a celebração.

    A partir daquilo que nos fala esse volume sete da coleção cadernos do Concílio a Sagrada Escritura tem um papel fundamental na liturgia da Igreja. Além de ter um lugar fundamental na liturgia, ela deve ter um lugar de destaque na nossa vida, como por exemplo, meditando a Palavra diariamente e colocando a Palavra em prática no dia a dia.

    Só é possível entender a Palavra de Deus a partir do momento que criamos uma intimidade com a Palavra, ou seja, é necessário ler e meditar sempre a Palavra, pois ficará mais fácil a compreensão. O mesmo podemos dizer na preparação para as leituras que serão proclamadas na missa, a equipe litúrgica, ou até mesmo o padre, não pode ir para missa sem uma preparação prévia antes. Inclusive é prudente chegar mais cedo na Igreja, cerca de uns vinte minutos antes e rezar diante do Santíssimo Sacramento pedindo a iluminação do Espírito Santo para aquilo que vai acontecer ao longo da missa.

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