A vida do homem sobre a terra não é tranquila. Deparamo-nos com problemas, quase dia e noite, de janeiro a dezembro. São preocupações de saúde, de convivência entre os sexos, de inimizades dentro da comunidade, de preocupantes dívidas, de vacilações na linha ideológica, de partidarismos políticos, de perseguições sem culpa… O paraíso terrestre não existe. A paz constante e a alegria serena são utopias que se avistam lá no fim do horizonte. “Esperávamos a paz, mas não chegou nada de bom” (Jr.14,19). De que forma os humanos suportam os incômodos da vida? Apelando para consolos frágeis, como primeira resposta. Apela-se para atitudes de resiliência, que é aprender a agüentar , a andar para frente sem muitas interrogações, a voltar para um estado de ânimo sem tensões. É se conformar, porque as dores são da condição humana e nos amadurecem, como dizem.
Mas aqui se formam duas baixas. Uma é daqueles que desistem da vida. E para chamar a si a compaixão pública, alguns se suicidam. É uma resposta evasiva, mas digna de melhor atenção. Como também a nossa compreensão se deve abrir aos aflitos, aos deprimidos, e aos que se sentem derrotados. A outra baixa fica com certos filósofos (existencialistas) que, diante da vida, assumem uma posição de nojo intelectual. Segundo dizem, a vida não merece ser vivida. Então vivamos – sob protesto – enquanto ela durar. A fé, no entanto nos apresenta respostas mais completas. Temos a certeza de que o Senhor é nosso companheiro. Em sua vida Cristo se apresenta como excelente modelo de força, para reagir diante dos dissabores. Ele era “cheio do Espírito Santo” (Lc. 4,1). E por isso estava repleto da virtude da fortaleza, que o fazia ser destemido diante das inimizades. Diante do Mestre, nós homens e mulheres aprendemos a ser humanos, e a descobrir a nossa vocação. A Apóstolo das Gentes nos encoraja a “resistir nos dias maus, e nos manter inabaláveis no cumprimento de nosso dever” (Ef. 6,13). Diria mesmo que apesar das decepções, podemos ser alegres diante da vida.