Assunção de Nossa Senhora

    A liturgia da Igreja, sempre sábia e sóbria, resumiu o essencial de nossa caminha nessa solenidade santíssima da Assunção de Nossa Senhora. Celebrada no dia 15 de agosto e, no Brasil, transferida para o domingo seguinte (neste ano no dia 16), dá início também, dentro do mês vocacional à oração pelas vocações à vida consagrada.

             Deus elevou à glória do céu em corpo e alma a Imaculada Virgem Maria! Ela, uma simples criatura, ela, pequena e humilde, foi elevada a Deus, ao céu, à plenitude em todo o seu ser, corpo e alma! Como isso é possível? Não é a morte o destino comum e final de tudo quanto vive? Isso dizem os pagãos, isso dizem os descrentes, os sábios segundo o mundo, que se conformam com a morte… Mas, nós, nós sabemos que não é assim! Nosso destino é a vida, nosso ponto final é a glória no coração de Deus: glória no corpo, glória na alma, glória em tudo que somos! Foi isso que Deus nos preparou – bendito seja ele para sempre!

             A presente solenidade da Assunção de Nossa Senhora é, então, primeiramente, exaltação da glória do Cristo: n’Ele está a vida e a ressurreição; n’Ele, a esperança de libertação definitiva! Por isso, todo aquele que crê em Jesus e é batizado no seu Espírito Santo no sacramento do Batismo, morrerá com Cristo e com Cristo ressuscitará. Após a morte nossos olhos se abrem para a eternidade, e nossa vida será glorificada e estaremos para sempre com o Senhor se tivermos andado pelos Seus caminhos. Quanto ao nosso corpo, será destruído e, no final dos tempos, quando Cristo nossa vida aparecer, será também ressuscitado em glória e unido à nossa alma. Será assim com todos os que buscaram sinceramente ao Senhor e viveram de acordo com a Sua vontade. Mas, não foi assim com a Virgem Maria! Aquela que não teve pecado também não foi tocada pela corrupção da morte! Imediatamente após a sua passagem para Deus, que os orientais chamam de “dormição” e que na tradição antiga popular do interior do Brasil chamam de N. Sra. da Boa Morte, ela foi ressuscitada, glorificada em corpo e alma, foi elevada ao céu! Podemos, portanto, exclamar como Isabel: Bendita és tu entre as mulheres! Bendito é o fruto do teu ventre! Bem-aventurada aquela que acreditou, porque será cumprido o que o Senhor lhe prometeu!”.

             Esta é, portanto, a festa de plenitude de Nossa Senhora, a sua chegada a glória, no seu destino pleno de criatura. Nela aparece claro a obra da salvação que Cristo realizou! Ela é aquela Mulher vestida do sol, que é o Cristo, pisando a instabilidade deste mundo, representada pela lua inconstante, toda coroada de doze estrelas, número das tribos de Israel e dos apóstolos da Igreja! A leitura do Apocalipse (cf. Ap 11,19a;12,1.3-6a.10ab) mostra-nos tudo isso; mas, termina afirmando: “Agora realizou-se a salvação, a força e a realeza do nosso Deus e o poder do seu Cristo!”(cf. Ap12,10ab) Eis: a plenitude da Virgem é realização da obra de Cristo, da vitória de Cristo nela.

             A devoção à Virgem Maria, Mãe de Deus, é sem dúvida uma grande força da nossa vivência cristã, porque, longe de desviar nossa atenção do Cristo, ela nos integra no plano de salvação proposto por Deus e realizado por seu Filho único, Jesus Cristo, que se encarnou e veio ao mundo por meio dela. Nós celebramos Maria porque é Mãe de Deus, porque nos deu o Salvador e todas as suas prerrogativas vêm desse fato de ser aquela que aceitou o plano de Deus aceitando ser mãe do Salvador. E foi Deus que assim o quis. Foi Deus que, em sua infinita sabedoria e bondade, estabeleceu que a redenção da humanidade acontecesse através de seu Filho único nascido de uma virgem; e a virgem escolhida foi Maria. Ora, se Deus, o Senhor de todas as coisas, o Infinito e o Absoluto, não se envergonhou de escolher Maria, e a fez Cheia de Graça, para ser a Mãe de seu Filho, por que haveríamos nós, simples mortais, de recusar-nos a ter para com ela uma devoção toda especial?

             A Assunção de Maria é uma preciosa antecipação da nossa ressurreição e baseia-se na Ressurreição de Cristo, que transformará o nosso corpo corruptível, fazendo-o semelhante ao seu corpo glorioso. Por isso São Paulo recorda-nos na segunda leitura (1 Cor 15, 20-27a): “Se a morte veio por um homem (pelo pecado de Adão), também por um homem, Cristo, veio a ressurreição. Por Ele, todos retornarão à vida, mas cada um a seu tempo: como primícias, Cristo; em seguida, quando Ele voltar, todos os que são de Cristo; depois, os últimos, quando Cristo devolver a Deus Pai o seu reino…Essa vinda de Cristo, de que fala o Apóstolo, disse São João Paulo II, “não devia por acaso cumprir-se, neste único caso (o da Virgem), de modo excepcional, por dizê-lo assim, imediatamente, quer dizer, no momento da conclusão da sua vida terrena? Esse final da vida que para todos os homens é a morte, a Tradição, no caso de Maria, chama-o com mais propriedade “dormição”.  Para nós, a Solenidade de hoje é como uma continuação da Páscoa, da Ressurreição e da Ascensão do Senhor.  E é, ao mesmo tempo, o sinal e a fonte da esperança da vida eterna e da futura ressurreição”.

             Maria é causa de nossa alegria! Pois foi através dela que nos veio a alegria, Jesus Cristo, e é nela que nós vemos o que seremos: gloriosos com aquela glória que tomará conta do nosso corpo e da nossa alma no dia eterno… no céu, no qual ela, gloriosamente, em corpo e alma, já nos precedeu.

             Nossa Senhora da Assunção, da Glória, da Vitória, dos Prazeres, rogai por nós!

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