“Quando abrimos a nossa mente e o nosso coração ao valor humano espiritual e social da reconciliação, caminhamos na justiça em direção à concórdia”. Com estas palavras o Presidente da Conferência Episcopal da Argentina, D. José Maria Arancedo, abriu, segunda-feira os trabalhos da 112ª assembleia plenária dos bispos do país.
Os frutos do Ano da Misericórdia e as preocupações da Igreja perante os desafios da pobreza, do narcotráfico e as necessidades da reconciliação na sociedade argentina são os temas no centro da assembleia que reúne na sede do episcopado, em El Pilar, 106 bispos.
Na homilia da Missa de abertura, D. Arancedo revelou que o ano foi particularmente intenso e fecundo para a Igreja na Argentina, marcado por quatro eventos que deram uma nova linfa à devoção e à fé dos argentinos: o Jubileu da Misericórdia, o XI Congresso Eucarístico Nacional e a canonização do P. Brochero, nomeado padroeiro do clero da Argentina. “Devemos apreciar – disse – a graça destes eventos que marcaram o nosso caminho eclesial, porque o Senhor Deus nos visitou e somos seus testemunhas”.
O Presidente do Espicopado argentino deteve-se depois sobre a difícil situação social do País. A pobreza dilagante e o “flagelo do narcotráfico com o seu cortejo de destruição e morte” continuam a preocupar a Igreja na Argentina. Estas pragas sociais – disse o prelado – “requerem soluções que permitam às pessoas suprir às necessidades básicas da vida quotidiana com a criação de postos de trabalho, o acesso a uma educação e uma formação que consintam fazer projetos dignos de vida, sobretudo para os jovens”.
“Para realizar uma sociedade mais justa e inclusiva – sublinhou ainda o bispo de Santa Fé de la Vera Cruz – é necessário, juntamente com a presença ativa do Estado, o empenho dos dirigentes e empreendedores capazes de sair de uma cultura individualista, encerrada nos interesses pessoais, para se abrirem às exigências da solidariedade e do bem comum”. O prelado recordou que a pobreza não é um tema apenas econômico, mas também ético e cultural.
D. Arancedo falou depois do difícil processo de reconciliação nacional. Um tema – disse – que continua a estar em suspenso. E é este o motivo pelo qual a Igreja decidiu abrir os próprios arquivos do período da ditadura militar (1976-1983) “como um serviço que ilumina a nossa história recente”. “A reconciliação – continuou – não é apenas impunidade, nem fraqueza; precisa, isso sim, da verdade e do exercício de uma justiça respeitosa das garantias constitucionais, na qual todos se sentem incluídos. Mesmo que orientada para o passado, ela é um caminho profético em direção a uma sociedade nova. E concluiu: não há futuro possível numa Pátria de irmãos sem o espírito de reconciliação.
Fonte: Rádio Vaticano