ÁSIA/PAQUISTÃO – Conversões forçadas ao Islã de mulheres cristãs e hinduístas: “Minorias sem justiça”

Lahore (Agência Fides) – “Todos os anos no Paquistão, centenas de jovens cristãs e hinduístas são convertidas à força ao Islã, mas os nossos meios de comunicação raramente mostram suas histórias.” É o que recorda numa nota enviada a Fides, o ativista cristão paquistanês Nasir Saeed, diretor da Ong Centre for Legal Aid, Assistance and Settlement (CLAAS), empenhada em ajudar os cristãos no Paquistão.
Saeed conta a história de Asma, jovem cristã de Sialkot, sequestrada há alguns meses pelo seu vizinho, Ghulam Hussain, pessoa muito influente. Asma de alguma forma conseguiu fugir, mas para provar a legitimidade de seu casamento com Asma, Hussain produziu certificados de sua conversão ao Islã e do casamento com ele. O caso permanece em aberto: “Trata-se de uma prática comum e muito perturbadora: estes documentos podem ser facilmente comprados ou falsificados. E, para fazer pressão sobre a pobre família cristã e obter o apoio dos líderes islâmicos, Hussain recorreu à religião, dizendo que Asma agora se converteu ao Islã e não pode mais voltar atrás”.
“Neste ou em outros casos – afirma Nasir Saeed – existe a prova que a religião é usada para cobrir crimes efetivamente cometidos. Em casos como este, é frequente que não só a polícia, mas também os tribunais ignorem a lei e ao invés de decidir o caso considerando o mérito, tomam decisões condicionadas por pressões de extremistas religiosos”. “Um casamento forçado nunca pode ser legítimo. Enganar a lei e abusar do poder é uma prática comum entre as pessoas influentes no Paquistão”, nota Saeed. Por isso, o pai de Asma, para salvar sua filha, a transferiu para uma localidade desconhecida”.
Nestes casos, observa o ativista, verifica-se a “justiça deformada”: “Estas jovens, convertidas à força ao Islã, não podem permanecer cristãs e nem se reunir com suas famílias; são ameaçadas de apostasia e correm risco de vida. Enquanto o Estado não proíbe os cidadãos de se converterem ou reconverterem a uma religião, a realidade social é totalmente diferente”. O agravante, segundo Saeed, é que “o Estado nunca fez esforços concretos para deter esta prática, porque é uma questão que diz respeito às minorias e os direitos das minorias têm pouca importância”.
“Visto que a polícia e os tribunais não impõem o respeito da lei de modo apropriado, o problema continua aumentando e estes crimes continuam a ser perpetrados sem algum temor. Embora diante da Constituição todos os cidadãos sejam iguais diante da lei, é claro que alguns são considerados superiores a outros, dependendo da religião”, nota o diretor de CLAAS.
“A ameaça crescente dificulta sempre mais a vida das minorias. Vivem como uma constante sensação de insegurança, e por terem poucas esperanças de justiça, diante da violência, são obrigadas a deixar o país”, afirma e conclui: “A conversão forçada é um crime, segundo o Código penal do Paquistão. Visto que as leis do Paquistão não proíbem a troca de religião, é responsabilidade do Estado assegurar e garantir a todos os cidadãos a liberdade de religião e crença”.

Fonte: Agência Fides

 

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