O Papa Francisco aludiu hoje ao “doloroso cenário” da fome e desnutrição que ainda atingem milhões de pessoas em todo o mundo.
“Ainda há muito por fazer no que se refere à segurança alimentar, que se apresenta ainda como uma meta longínqua para muitos”, advertiu, numa mensagem enviada ao diretor-geral da organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), José Graziano da Silva, divulgada pelo Vaticano.
No Dia Mundial da Alimentação, o Papa evoca o 70.º aniversário da FAO e exige que a comunidade internacional dê prioridade a quem sofre com a fome e desnutrição, “sobretudo pela distribuição iníqua dos frutos da terra”.
Francisco sustenta que já não é possível conceber “uma sociedade em que os recursos fiquem nas mãos de poucos e os menos favorecidos se vejam obrigados a apanhar apenas as migalhas”.
A mensagem recorda o objetivo de “libertar a humanidade da fome”, uma meta “inadiável” que não depende apenas de “fenômenos econômicos”.
“Cada vez mais, a desigualdade é o resultado da cultura que descarta e exclui muitos dos nossos irmãos e irmãs da vida social”, denunciou.
O Papa realça que “dois terços da população mundial” não tem proteção social, o que afeta em particular os pequenos agricultores, criadores de gado ou pescadores, “obrigados a viver precariamente”.
“Penso nos mais desfavorecidos, nos que, por falta de preocupação social, sofrem as nocivas consequências de uma crise econômica persistente ou de fenômenos relacionados com a corrupção e a má governação, para além de sofrer as mudanças climáticas que afetam a sua segurança alimentar”, assinalou.
Nesse sentido, sublinha que é preciso ir para além das ajudas “pontuais” para passar a um “novo modelo de proteção social, tanto no plano internacional como nacional”, deixando de lado “interesses contrários à dignidade humana”.
Fonte: Agência Ecclesia