Iniciando com o Domingo de Páscoa, a Semana, ou Oitava da Páscoa, como chamamos, é a continuação da celebração dessa festa máxima de nossa fé: o Senhor Ressuscitou e está vivo entre nós! Como o mistério da “passagem” do Senhor pela morte é extremamente profundo, durante 8 dias celebraremos esse grande mistério como se fosse um único dia, com o objetivo de viver melhor o ponto central de nossa fé: a Ressurreição de Jesus.
A “Oitava” da Páscoa significa, pois, que a Igreja comemora, durante os dias da semana da Páscoa, como que um “oitavo dia”, dia este que dá complementação e perfeição aos sete dias da criação. É a criatura chegando à máxima da unidade e comunhão com o Criador. É um oitavo dia que não tem fim… Nesses dias somos convidados a saborear a liturgia com a solenidade da mesma e com as leituras próprias, que nos introduzem nessa alegria pascal que expressaremos também com os cânticos próprios deste tempo.
A Páscoa é a festa das festas, na expressão de Gregório de Nazianzo e em tantos outros padres da Igreja, na qual Jesus Cristo saiu vitorioso da morte. Aludindo também à nossa páscoa, aqueles e aquelas que acreditarem na ressurreição da carne para a vida eterna, essa é a palavra final do Deus Uno e Trino para todas as pessoas que amaram a Deus, e ao próximo como a si mesmo. Deus Pai ressuscitou o seu Filho, não O deixando na morte. Como esta festa é grandiosa, é celebrada não só no Domingo da Páscoa, mas ainda em outros dias, como a oitava e durante todo o período da Páscoa. A cada domingo do ano e também a cada missa nós voltamos ao mesmo mistério pascal. Os padres da Igreja colocam-nos ensinamentos sobre a ressurreição de Jesus, na qual esta verdade de fé nos concedeu a alegria de uma nova criação, de um novo êxodo, para assim viver a superação da morte eterna. Como diz Santo Agostinho: é preciso ter fé nele, porque Aquele que morreu, ressuscitou dos mortos, de modo que agora o Ressuscitado está conosco.
Passados os exercícios da Quaresma, pelos quais nos preparamos para a celebração da Ressurreição do Senhor, entramos no Tempo Pascal, tempo de alegria e exultação pela nova vida que o Senhor nos conquistou, pagando, com sua entrega na cruz, o alto preço de nosso resgate. A cor litúrgica é branca, símbolo da pureza e da alegria (afinal, estamos limpos do pecado) e a presença do Círio Pascal é marcante como símbolo do Cristo Ressuscitado, coluna de luz que vai à frente do seu povo. É também a nossa missão de ser reflexos dessa luz anunciando Cristo, luz do mundo que dissipa as trevas!
Iniciando com o Domingo de Páscoa, a Igreja vive o Tempo Pascal durante 50 dias; são sete semanas em que se celebra a presença de Jesus Cristo Ressuscitado entre os Apóstolos, dando-lhes as suas últimas instruções (At 1,2). Quarenta dias depois da Ressurreição, Jesus teve a sua Ascensão ao Céu (no Brasil celebramos no domingo seguinte), e ao final dos 49 dias enviou o Espírito Santo sobre a Igreja reunida no Cenáculo com a Virgem Maria. É o coroamento da Páscoa! O Espírito Santo dado à Igreja é o grande dom do Cristo glorioso!
O Tempo Pascal compreende, pois, esses cinquenta dias (em grego = “pentecostes”), vividos e celebrados “como um só dia”. Dizem as Normas Universais do Ano Litúrgico que: “os cinquenta dias entre o domingo da Ressurreição até o domingo de Pentecostes devem ser celebrados com alegria e júbilo, “como se fosse um único dia festivo”, como um grande domingo” (Santo Atanásio; cf. NALC, n. 22).
Vivamos a Páscoa (passagem) de Cristo da morte à vida, a sua existência definitiva e gloriosa. É a Páscoa também da Igreja, seu Corpo. No dia de Pentecostes, a Igreja é introduzida na “vida nova” do Reino de Deus. Daí para frente, o Espírito Santo guiará e assistirá a Igreja em sua missão de salvar o mundo, até que o Senhor volte no Último Dia, a Parusia. Com a vinda do Espírito Santo à Igreja, entramos “nos últimos tempos”, e a salvação está definitivamente decretada; é irreversível; as forças do inferno vencidas pelo Cristo na cruz, não são mais capazes de barrar o avanço do Reino de Deus, até que o Senhor volte na Parusia.
O sentido da Páscoa e da Oitava tiveram considerações lindas a partir dos “Padres da Igreja”. Eles viveram o mistério da ressurreição em unidade com Cristo Jesus e com a comunidade. Para eles, a Páscoa é a alegria da vida sobre a morte a partir de Jesus Cristo. É a passagem de Sua morte para a vida. Cristo sofreu pelo ser humano, homem e mulher, morreu na cruz e ressuscitou dos mortos por Deus Pai, pelo seu Espírito. Nós afirmamos que o mistério da morte de cada ser humano é bem lembrado pelos padres por uma doutrina sobre a ressurreição dos corpos a partir da ressurreição de Jesus. Nós encontramos nos Atos dos Apóstolos toda a alegria das consequências do encontro com o Ressuscitado no anúncio da Boa Nova que os Discípulos de Jesus anunciam e testemunham em suas viagens, pregações e vida.
Hoje fazemos Páscoa todos os dias quando superamos o egoísmo, o individualismo para nos darmos na generosidade e no serviço aos outros. Nós ressurgimos com Cristo quando amamos a vida familiar, comunitária, social dando testemunho da verdade e do amor em Deus, para um dia ressurgirmos para sempre com Jesus Cristo, no Espírito Santo, na unidade com o Pai.
Páscoa feliz é Páscoa com Cristo! Feliz Páscoa a todos!