Queridos irmãos e irmãs,
Chegamos ao terceiro domingo do Advento, conhecido como Domingo da Alegria ou Gaudete, palavra em latim que significa “alegrai-vos”. A cor litúrgica deste domingo, o rosa, expressa esse júbilo que invade a Igreja, pois estamos mais próximos do Natal, o momento em que celebramos a encarnação de Jesus, o Salvador.
O convite à alegria ressoa em todas as leituras deste dia, pois essa alegria é uma marca da vida cristã. Não se trata de uma alegria efêmera ou superficial, mas de uma alegria profunda, que nasce da certeza de que Deus está no meio de nós e caminha conosco.
Na segunda leitura (Fl 4,4-7), São Paulo nos exorta: “Alegrai-vos sempre no Senhor. O Senhor está próximo”. Essa exortação foi escrita enquanto Paulo estava preso, o que nos mostra que a verdadeira alegria cristã não depende das circunstâncias exteriores. São Paulo nos ensina que essa alegria vem da certeza de que Deus cuida de nós, escuta nossas orações e nos concede sua paz, que supera todo entendimento humano. Ele nos convida a confiar nossas preocupações ao Senhor por meio da oração e da súplica, com ações de graças. Assim, mesmo em meio às tribulações, experimentamos a serenidade e a confiança que só Deus pode oferecer.
Quantas vezes permitimos que as preocupações do dia a dia roubem nossa paz e nossa alegria? O Advento é um tempo oportuno para renovarmos nossa confiança no Senhor e vivermos com a certeza de que Ele está próximo.
A primeira leitura, retirada do livro do profeta Sofonias (Sf 3,14-18a), é um hino de alegria e esperança. O profeta conclama o povo a exultar, porque o Senhor removeu o julgamento contra eles e agora habita em seu meio como um Salvador poderoso.
Sofonias diz: “O Senhor, teu Deus, está no meio de ti como poderoso salvador; ele exultará de alegria por ti, renovar-te-á por seu amor”. Essa imagem de Deus como aquele que se alegra por nós e nos renova com seu amor é profundamente consoladora.
Esse texto nos lembra que a alegria cristã é, antes de tudo, uma resposta ao amor de Deus. Ele não nos abandona em nossas lutas e sofrimentos, mas caminha ao nosso lado, renovando-nos com sua graça e conduzindo-nos à vida plena.
O Evangelho deste domingo (Lc 3,10-18) apresenta a pregação de João Batista, que, à medida que anunciava a chegada do Messias, chamava o povo à conversão. Diante de sua pregação, as pessoas perguntavam: “O que devemos fazer?”
João oferece respostas práticas e concretas:
Para quem tem dois mantos ou comida: compartilhe com quem não tem.
Para os cobradores de impostos: não cobrem além do que foi estabelecido.
Para os soldados: evitem abusos de poder, violência e falsas acusações.
Essas orientações mostram que a verdadeira conversão não é apenas um sentimento interior, mas deve se manifestar em ações de justiça, solidariedade e honestidade.
João Batista nos ensina que a preparação para a vinda de Cristo exige de nós mudanças concretas em nossa maneira de viver. Ele aponta para Jesus, aquele que batiza com o Espírito Santo e com fogo, que purifica e transforma nossos corações.
A mensagem do Evangelho nos mostra que a alegria cristã está intimamente ligada à conversão. Quando permitimos que Deus transforme nosso coração, experimentamos uma alegria verdadeira e duradoura.
O mundo muitas vezes nos oferece alegrias passageiras, baseadas no consumo, no sucesso ou no prazer imediato. Mas essas alegrias não satisfazem plenamente o coração humano. Somente a alegria que vem de Deus, fruto de uma vida reconciliada com Ele e com o próximo, pode nos dar a paz verdadeira.
O Advento nos convida a cultivar a alegria cristã por meio de três atitudes:
Conversão sincera: Identificar os obstáculos que nos afastam de Deus e do próximo.
Buscar a reconciliação: dar o perdão a quem te ofendeu!
Solidariedade: Viver a caridade em gestos concretos, especialmente para com os pobres e necessitados.
Queridos irmãos e irmãs, neste Domingo da Alegria, somos convidados a renovar nossa esperança e a nos alegrarmos no Senhor, que está próximo. Que nossas atitudes reflitam essa alegria, tornando-nos testemunhas do amor de Deus no mundo.
Que possamos acolher o Senhor com corações generosos e solidários, preparados para receber a luz do Natal. E que essa alegria não seja apenas um sentimento passageiro, mas uma atitude constante em nossas vidas, mesmo nos momentos de dificuldade. Amém!
+Anuar Battisti
Arcebispo Emérito de Maringá (PR)