Estamos celebrando o terceiro domingo do Advento, o assim chamado Domingo Gaudete, o domingo da alegria, alegrai-vos porque o Senhor está perto! Diz a antífona de entrada da celebração e que dá nome a este domingo: alegrar-se pela proximidade do Senhor que veio, vem e virá. Vamos acender a terceira vela da coroa do advento, a de cor rosada, que representa este domingo, representando o convite a que nos alegremos, pois, o Natal do Senhor está às portas e queremos vivenciar essa experiência da vinda do Senhor de maneira plena.
Até a próxima segunda-feira, estaremos vivenciando a primeira parte do advento, que nos recorda a vinda do Senhor no final dos tempos. A partir do dia 17, a liturgia vai nos conduzindo mais diretamente a contemplar Deus que nos visita em nossa carne mortal. Acompanharemos Maria nessa expectação para a chegada de seu Filho, enquanto nos preparamos para celebrar a proximidade do Senhor recebendo a presença do Deus feito Menino. Somos chamados a viver o Natal de maneira cristã, algo que não tem sido uma tarefa fácil, pois num mundo paganizado e comercializado em que vivemos, o natal acaba tendo somente conotações sentimentais e de consumo, e com pouca abertura para a grande alegria do Natal do Senhor. E agora temos, como sempre acontece, as explorações cinematográficas com vilipêndio à nossa fé aproveitando a impunidade diante de tanta maldade com o povo cristão desse país.
A celebração do domingo da alegria é uma oportunidade que temos de nos perguntar se a alegria que temos na celebração deste Natal é realmente uma alegria do encontro com Nosso Senhor Jesus Cristo e da renovação desse encontro em nossa vida. O evento de Belém é um evento histórico; mas não podemos nos esquecer de acolher o Senhor que nos visita e que vem a nós nas circunstâncias mais simples e inesperadas de nossa existência. Até João Batista, que anunciou o Messias presente na história manda perguntar se era ele mesmo, pois o modo de Deus agir é diferente do que pensavam os que esperavam a vinda do Messias. Jesus está vivo no meio de nós e cabe a cada um ser testemunhas dessa presença que dá sentido ao nosso caminhar e dia a dia. O Senhor não somente está no meio de nós como também está perto de nós, caminha conosco e não é indiferente aos nossos passos.
Neste domingo temos também a coleta para a evangelização, onde estaremos contribuindo de maneira concreta para a missão e para a evangelização através de nossas doações que serão feitas através da coleta nas missas. Além de sermos permanentemente missionários, somos chamados a contribuir para a Evangelização na Igreja de forma concreta. Nesta campanha fomos convidados a cuidar, cuidar do anúncio da Palavra, cuidar dos pobres e cuidar da comunidade. Que a alegria do Senhor que está próximo nos contagie e nos leve a contagiar os outros em nossa ação evangelizadora.
O profeta Isaías, na primeira leitura (Is 35, 1-6a.10), vemos já o convite a essa alegria:
Alegre-se a terra que era deserta e intransitável, exulte a solidão e floresça como um lírio. Germine e exulte de alegria e louvores.
Foi-lhe dada a glória do Líbano, o esplendor do Carmelo e de Saron; seus habitantes verão a glória do Senhor, a majestade do nosso Deus. Fortalecei as mãos enfraquecidas e firmai os joelhos debilitados. Dizei às pessoas deprimidas: ‘Criai ânimo, não tenhais medo! Vede, é vosso Deus, é a vingança que vem, é a recompensa de Deus; é ele que vem para vos salvar’. Então se abrirão os olhos dos cegos e se descerrarão os ouvidos dos surdos. O coxo saltará como um cervo e se desatará a língua dos mudos. Os que o Senhor salvou, voltarão para casa. Eles virão a Sião cantando louvores, com infinita alegria brilhando em seus rostos: cheios de gozo e contentamento, não mais conhecerão a dor e o pranto.
Todo o texto de Isaías fala com intensidade sobre esta alegria da presença do Senhor que virá e será marcada por prodígios e portentos. O Antigo Testamento já fala de maneira muito viva das consequências deste encontro com o Senhor. Muito mais deve ser para nós esta vivência, já que sabemos que o Senhor veio e ainda somos testemunhas das maravilhas que Ele realizou em nosso meio. Abramos nosso coração para estar com Ele e preparar nosso coração para aprofundarmos esse encontro, através de uma vida de conversão constante e através também de gestos imediatos desta preparação, como a novena de natal, as confissões, a participação intensa na liturgia, a contemplação do presépio, entre tantos.
É neste panorama que a carta de Tiago, na segunda leitura (Tg 5, 7-10), vem nos convidando a permanecer firmes e a contagiar nossos ambientes com a presença do Senhor:
Irmãos: Ficai firmes até à vinda do Senhor. Vede o agricultor: ele espera o precioso fruto da terra e fica firme até cair a chuva do outono ou da primavera. Também vós, ficai firmes e fortalecei vossos corações, porque a vinda do Senhor está próxima. Irmãos, não vos queixeis uns dos outros, para que não sejais julgados. Eis que o juiz está às portas. Irmãos, tomai por modelo de sofrimento e firmeza os profetas, que falaram em nome do Senhor.
A fortaleza na fé deve fazer parte de nossa espera do Senhor. A unidade na diversidade deve também nortear nosso caminhar rumo à vinda do Senhor em nosso meio. Não estejamos divididos entre nós, mas na unidade de dons e carismas, sabendo que nossa meta é a comunhão com o Senhor, com a alegria contagiante de acolher o Senhor que está no meio de nós.
Dentro desta perspectiva é que o Evangelho deste domingo (Mt 11,2-11) vem também nos animar:
Naquele tempo: João estava na prisão. Quando ouviu falar das obras de Cristo, enviou-lhe alguns discípulos, para lhe perguntarem: ‘És tu, aquele que há de vir, ou devemos esperar um outro?’ Jesus respondeu-lhes: ‘Ide contar a João o que estais ouvindo e vendo: os cegos recuperam a vista, os paralíticos andam, os leprosos são curados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e os pobres são evangelizados. Feliz aquele que não se escandaliza por causa de mim!’ Os discípulos de João partiram, e Jesus começou a falar às multidões, sobre João: ‘O que fostes ver no deserto? Um caniço agitado pelo vento? O que fostes ver? Um homem vestido com roupas finas? Mas os que vestem roupas finas estão nos palácios dos reis. Então, o que fostes ver? Um profeta? Sim, eu vos afirmo, e alguém que é mais do que profeta. É dele que está escrito: ‘Eis que envio o meu mensageiro à tua frente; ele vai preparar o teu caminho diante de ti’. Em verdade vos digo, de todos os homens que já nasceram, nenhum é maior do que João Batista.
Vemos Jesus elogiar João Batista, enquanto convida João a observar os sinais, ante a dúvida apresentada por João, dúvida esta que perpassa a história: é nesse aspecto que somos convidados a contagiar as pessoas com nosso testemunho. O caminho do testemunho é um dos caminhos por excelência da Evangelização. Em meio a uma sociedade abatida pelas circunstâncias do nosso tempo, que não são fáceis, somos convocados e contagiar com a alegria daqueles que se encontraram com o Senhor, rocha firme onde edificamos nossa morada. Isso leva os homens a descobrir uma vida nova.
Poder se encontrar com o Senhor, alegrar-se por encontra-lo, e alegrar-se por comunica-lo deve fazer a diferença em nosso meio.
Alegrai-vos, pois o Senhor está próximo! Que seja essa a nossa alegria e o motivo de contagiarmos nosso entorno. Deus faz a diferença em nossas vidas e isso deve ser manifesto aos outros. Que a satisfação de nossa existência não seja buscada essencialmente em coisas que passam, mas coloquemos o coração naquilo que permanece. Nosso absoluto não pode estar numa busca de satisfação exteriores. Nosso absoluto é Deus, Deus que está no meio de nós.
Que o domingo Gaudete possa chegar encontrando em nós uma vida disposta a receber o Senhor e que se prepara para isso. Que a Virgem Maria, cujos dias de espera imediata dentro de pouco iremos recordar, nos ampare e nos eduque neste caminho de busca do Senhor, de espera de realização de suas promessas e de acolhida à sua presença no meio de nós.
