Kinshasa (Agência Fides) – “Se o Presidente Joseph Kabila quis se livrar de Moïse Katumbi , conseguiu, mas temporariamente. Distante do Congo, Katumbi se encontra efetivamente no exílio e politicamente descartado” afirma uma nota enviada à Agência Fides pela Rede Paz para o Congo sobre as acusações atribuídas ao principal candidato da oposição nas eleições presidenciais da República Democrática do Congo, Moïse Katumbi, ex-governador de Katanga, de ter recrutado uma centena de mercenários estrangeiros para apropriar-se à força do poder.
A acusação foi desmentida por Katumbi, que declarou que teve que recorrer a guarda-costas particulares, pois os agentes da polícia que lhe haviam sido destinados para sua segurança foram retirados depois de sua saída do Partido Popular pela Reconstrução e a Democracia (PPRD), principal partido político da coalizão de governo. Quatro homens de sua escolta pessoal foram presos no dia 24 de abril em Lubumbashi, acusados de serem mercenários a seu serviço.
O único libertado é um cidadão estadunidense, Darryl Lewis, enquanto os outros três seriam congoleses.
Em 4 de maio, o ministro da Justiça, Alexis Thambwe Mwamba, declarou ter ordenado a abertura de um inquérito de “recrutamento de mercenários” estrangeiros, muitos de nacionalidade estadunidense, “a serviço” de Moïse Katumbi. Após dois interrogatórios, Moïse Katumbi foi convocado para uma terceira audiência, suspensa e adiada sem previsão determinada, depois de alguns confrontos entre a polícia e seus simpatizantes, enquanto o acompanhavam em um tribunal. Após as desordens, o próprio Moïse Katumbi teve que ser internado em um hospital da cidade de Lubumbashi.
Entretanto, ele foi acusado oficialmente de “atentado à segurança interna e externa do Estado” e por isso, colocado sob “mandato de prisão provisória”.
Moïse Katumbi pediu e obteve do Procurador da República a autorização para deixar o país, para continuar sua terapia médica em um hospital de Johannesburg, na África do Sul.
“Para não perder a confiança e a popularidade adquiridas nas últimas semanas como “adversário número 1 do presidente Kabila”, Katumbi não poderá permanecer na África do Sul por muito tempo, diz a nota.
“Esta ‘pausa’ sul-africana deve lhe consentir não só poder usufruir dos cuidados médicos necessários, mas também de ter o tempo necessário para per preparar sua defesa diante do tribunal e definir a sua estratégia de retorno ao cenário político do país, para constituir, junto com as forças da oposição, uma alternativa crível ao atual regime” conclui a nota.
Fonte: Agência Fides