Advento, tempo de esperança

    A primeira parte do Advento é sempre uma exortação para estarmos preparados para acolher o Senhor que virá. Estamos chegando quase ao final dessa fase, para adentrarmos a semana de preparação próxima do Natal do Senhor que “veio”. São Bernardo nos recorda que temos que estar preparados e celebrando sempre o “Senhor que vem”. Por isso, este tempo nos desperta para a esperança da renovação da vinda do Senhor em nossa vida. Também, de certa forma, nos prepara para o Ano da Esperança que viveremos em nossa Arquidiocese a partir da festa de São Sebastião, ao comemorarmos os 450 anos dessa grande cidade.
    Porém, devemos estar sempre preparados: “vigiai, portanto, porque o Senhor vem para julgar!” Desde o Primeiro Domingo do Advento, quando iniciamos o novo Ano Litúrgico, celebramos o mistério de Jesus, nosso Deus e Salvador, que incide em nossa história. Meditamos a promessa da Salvação anunciada pelos profetas, a Encarnação, a Morte e a Ressurreição de Jesus publicada nos Evangelhos. Enfim, celebramos a fidelidade e a misericórdia de nosso Deus.
    Estamos vivendo nosso caminho de preparação para o Santo Natal, com o Tempo do Advento. O roxo, cor litúrgica destas quatro semanas, fala-nos de vigilância e de espera, espera que é esperança, pois Aquele que prometeu vir é fiel, não falhará. Na espera e na alegre vigilância, também não cantamos o “Glória” na Missa, e enfeitamos nossas igrejas com muita simplicidade, pois estamos de sobreaviso, estamos esperando: o Senhor se aproxima!
    O Povo de Israel, sofrendo no exílio, imaginou que Deus o abandonara definitivamente. Esta mesma angústia brota espontânea do coração do povo sofredor de nosso tempo: “Será que Deus se cansou com nossos pecados e se esqueceu de seu antigo amor misericordioso”? Reavivemos nossa fé na fidelidade de nosso Deus; Ele virá, com poder, para nos salvar!
    É no sofrimento que o Povo de Israel recorda o rosto misericordioso de seu Deus: “Senhor, tu és nosso pai, nosso redentor”! E deseja que os céus se rasguem e deixem baixar o Salvador, pois somente Ele pode resgatá-lo do barro e lodo em que caiu!
    Jesus vai voltar, mas sem hora marcada; portanto, sejamos vigilantes e ardorosos no cumprimento de nosso dever cristão. Não é bom dormir e viver na preguiça e na indolência.
    Sofrendo as consequências dos próprios pecados, o Povo de Israel recordou o amor misericordioso de seu Deus, a quem chama de pai e de libertador: “Senhor, tu és nosso pai, nosso redentor”! A atitude e a oração do Povo de Israel é luz para nós que sofremos as consequências desastrosas de nossos próprios pecados! Deus foi e continua sendo misericordioso (…) basta invocá-Lo com toda a confiança.
    Advento é tempo de meditação e de recordação – trazer presente no coração o amor misericordioso de nosso Deus! Advento é tempo de bons desejos: Que Deus venha lá do céu e revele sua misericórdia e poder, e faça de nosso barro (viramos lodo pelo pecado) um vaso artístico e precioso: “Tu é nosso oleiro, e nós todos somos obra de tuas mãos”! Deixemo-nos trabalhar pela mão de Deus! Ele é nosso pai e nosso libertador!
    São Paulo diz aos romanos e a nós: “Já é hora de despertardes do sono”! (Rm 13,11). O mundo nos distrai com suas tecnologias e drogas, mas a Palavra de Deus nos alerta: “Cuidado! Ficai atentos, porque não sabeis quando chegará o momento…” Vigiar, aqui, significa trabalhar na construção do Reino de Deus. Não podemos dormir ou viver na indolência e na preguiça por que Ele virá de repente! Não percamos tempo com indagações a respeito de datas do Fim do Mundo! Jesus virá, com certeza! Estejamos alerta, e que Ele nos encontre trabalhando na administração de sua Igreja. Iluminai a vossa face sobre nós e convertei-nos! Que as etapas do tempo do Advento, ao encerrarmos neste final de semana a Campanha para a Evangelização, nos encontrem abertos aos sinais dos tempos e nos recordem a oportunidade que temos para a nossa conversão.