A videira e os ramos

    Todos nós temos a experiência da amizade. Há pessoas com quem nos relacionamos todos os dias. Às vezes podemos até mesmo sair para passear juntos ou nos divertir. Mas isto não significa que sejamos amigos. Com o amigo, há um relacionamento mais profundo, há algo que nos une independente de nos vermos com frequência ou não. É como se entre os amigos se estabelecesse um vínculo mais íntimo e mais forte. Ser amigo quer dizer algo mais que se divertir um pouco juntos. Esses seriam os conhecidos, que servem apenas para irmos à diversão, mas nada mais.
    Os amigos são outra coisa. Os amigos conectam e compartilham seus mais profundos sentimentos, os bons e os maus. Entre os amigos, às vezes, não são necessárias palavras. Entendem-se pelo olhar.
    O Evangelho do quinto domingo da Páscoa nos fala de nossa relação com Jesus. Oferece-nos um exemplo concreto para falar dela: a videira e os ramos. Os ramos têm vida apenas se estiverem unidos à videira. Também podemos dizer o que Jesus nos diz: sem os ramos, a videira nunca dará frutos. O que une a videira com seus ramos é o fluxo da seiva que leva a vida continuamente de um a outro. Quando olhamos a videira, não vemos a seiva. Esta flui por dentro do tronco e dos ramos. E nem mesmo quando cortamos um ramo, vemos facilmente a seiva. É preciso um olhar mais profundo, talvez com microscópio para vê-la. E, no entanto, ela está lá. Um ramo que seja separado da videira acaba por secar e morrer. Como diz Jesus, é lançado ao fogo.
    Jesus nos pede que mantenhamos esta relação profunda com Ele, tal como a videira e os ramos. Como os bons amigos. Não nos pede que passemos o dia inteiro na igreja rezando. Os amigos não serão mais amigos por passarem o dia inteiro juntos. Mas que mantenhamos esse vínculo profundo, que permitamos que sua seiva nos invada e nos dê a vida da qual necessitamos para que possamos dar frutos. Esses frutos serão: cumprir o seu mandamento, isto é, nos amarmos uns aos outros. Esse é o fruto que temos que oferecer: frutos de amor para a vida do mundo.
    Que os outros se sintam estimados e valorizados, acolhidos com misericórdia e compreensão; que nós semeemos a paz e a serenidade ao nosso redor, que renunciemos à violência, que sejamos honrados no nosso trabalho.
    Entretanto, não devemos “amar por palavras e da boca para fora”, mas verdadeiramente e agindo em todas as oportunidades.