“A verdade vos tornará livres” (Jo 8,32)

    No dia 04 de maio de 2017, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, assim se manifestava: “O que está acontecendo com o Brasil? Um país perplexo diante de agentes públicos e privados que ignoram a ética e abrem mão dos princípios morais, base indispensável de uma nação que se queira justa e fraterna. O desprezo da ética leva a uma relação promíscua entre interesses públicos e privados, razão primeira dos escândalos da corrupção. Urge, portanto, retomar o caminho da ética como condição indispensável para que o Brasil reconstrua seu tecido social. Só assim a sociedade terá condições de lutar contra seus males mais evidentes”.
    A cada dia que passa, os brasileiros tomam conhecimento de novos fatos até o momento escondidos, gerando mais escândalos. Seu impacto na sociedade sempre é muito grande, principalmente quando envolve pessoas revestidas de autoridade. E as consequências sociais, especialmente para os mais pobres e fracos, são imediatas.
    Viver na verdade é o desafio da convivência entre os seres humanos em sua comunidade. Em tempos de crise, quando crimes escondidos vem à tona, viver na verdade se torna uma condição para restabelecer a confiança.
    O catecismo da Igreja Católica, quando trata do oitavo mandamento, reflete sobre a verdade. “O homem tende naturalmente para a verdade. É obrigado a honrá-la e testemunhá-la. É postulado da própria dignidade que os homens todos, por serem pessoas, se sintam por natureza impelidos e moralmente obrigados a procurar a verdade … São obrigados também a aderir à verdade conhecida e a ordenar toda a vida segundo as exigências da verdade. A verdade como retidão do agir e da palavra humana tem o nome de veracidade, sinceridade ou franqueza. A verdade é a virtude que consiste em mostrar-se verdadeiro no agir e no falar, guardando-se da duplicidade, da simulação e da hipocrisia. A virtude da verdade devolve ao outro o que lhe é devido”. A mentira, o falso testemunho, a calúnia, a maledicência, a bajulação se tornam ofensas à verdade.
    O acesso a informações e notícias verdadeiras sobre os fatos é um direito dos cidadãos. Informações manipuladas ou seletivas impedem a formação de própria opinião e de uma postura consciente. Num ambiente de denúncias e de negação das denúncias; de comentários sobre as denúncias e as suas negações, a maioria das pessoas fica confusa. Tarefa indispensável têm as autoridades competentes e as respectivas instituições para discernir, entre o falso e o verdadeiro, entre o fato e o boato, ente o fato e a versão do fato.
    A nação brasileira é maior que seus atuais dirigentes. O problema não é o Brasil. Todas as soluções devem ter por objetivo o bem comum do país. Buscar a verdade é uma necessidade urgente e a consequente punição dos envolvidos. Faz-se necessário um empenho, por parte de todos – pessoas individuais, grupos sociais, poderes constituídos – para que a investigação da verdade seja promovida em todos os âmbitos para resolver os problemas segundo a verdade e às exigências objetivas da moralidade.
    “O povo brasileiro tem coragem, fé e esperança. Está em suas mãos defender a dignidade e a liberdade, promover uma cultura de paz para todos, lutar pela justiça e pela causa dos oprimidos e fazer do Brasil uma nação respeitada” (CNBB).

     

    Dom Rodolfo Luís Weber
    Arcebispo de Passo Fundo
    19 de maio de 2017

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