Dia 22
Na manhã de dia 22 de junho histórica visita do Papa Francisco à Igreja Valdense de Turim: a primeira de um pontífice. Momento fundamental do discurso do Papa o pedido de perdão pelos comportamentos e atitudes do passado:
“Da parte da Igreja Católica, peço-vos perdão pelas atitudes e comportamentos não cristãos, por vezes não humanos, que tivemos contra vós, na história. Em nome do Senhor Jesus Cristo, perdoai-nos”.
Também no dia 22 o Papa encontrou-se com alguns seus familiares da região do Piemonte. Com eles celebrou a eucaristia e depois almoçou num encontro estritamente privado com seis primos acompanhados das suas famílias, num total de 30 pessoas. Os parentes do Papa vieram de Portacomaro Stazione, região de Asti, onde nasceu o avô paterno do Papa, Giovanni Bergoglio. No final da tarde de dia 22 de junho o Papa Francisco regressou ao Vaticano.
Dia 23
Na terça-feira dia 23 de junho, foi publicado o Instrumentum Laboris para o Sínodo dos Bispos sobre a Família de outubro próximo. O documento de trabalho reporta à Relatio Synodi – texto conclusivo do Sínodo Extraordinário do passado ano de 2014 – e integra os contributos provenientes das respostas ao questionário que foi proposto às dioceses.
O documento está dividido em três partes: a escuta dos desafios sobre a família, o discernimento da vocação familiar e a missão da família hoje. Afirma a família como pilar da sociedade e como espaço de inclusão.
Destaque especial para o acompanhamento das situações de sofrimento na família, nomeadamente dos divorciados recasados salientando a necessidade de uma reflexão sobre a oportunidade de fazer cair “as formas de exclusão atualmente praticadas no campo litúrgico-pastoral, educativo e caritativo”, para estes casos, observando que estes fiéis “não estão fora da Igreja”.
Os caminhos de integração pastoral deverão, contudo, ser precedidos de um “oportuno discernimento” e realizados segundo uma lei de “gradualidade” que “respeite a maturação das consciências”.
No caso particular, da comunhão eucarística para os divorciados recasados, o documento apresenta o “comum acordo” que existe sobre a hipótese de um “caminho penitencial” sob a autoridade de um bispo.
Atenção especial neste documento de trabalho para os filhos que são fruto do “amor conjugal entre um homem e uma mulher”.
A Assembleia Sinodal será de 4 a 25 de outubro sobre o tema “A vocação e a missão da família na Igreja e no mundo contemporâneo”.
Dia 24
Na quarta-feira, dia 24 de junho na audiência geral, o Papa Francisco falou na sua catequese, sobre as famílias feridas e o sofrimento dos filhos. Disse mesmo que quando os adultos pensam só em si próprios e pai e mãe se agridem, é a alma dos filhos que sofre:
“Não obstante a nossa sensibilidade aparentemente evoluída, e todas as nossas refinadas análises psicológicas, pergunto-me se não ficamos anestesiados diante das feridas na alma das crianças. Quanto mais se procura compensar com prendas e lanchinhos, quanto mais se perde o sentido das feridas mais dolorosas e profundas da alma.”
Em algumas famílias, homem e mulher pensam obsessivamente nas suas próprias exigências de liberdade e gratificação, ferindo profundamente o coração e a vida dos filhos. O Papa Francisco considerou, contudo, que “há casos em que a separação é inevitável; às vezes, pode-se tornar até moralmente necessária”, quando se trata de salvar o cônjuge mais frágil, ou filhos pequenos, de feridas causadas pela prepotência e a violência, das humilhações e da exploração e indiferença.
Após a separação, não faltam pessoas que se mantêm fiéis à relação em que acreditaram, apoiados na fé e no amor pelos filhos. No entanto, nem todos os separados sentem esta vocação – afirmou o Papa Francisco:
“Nem todos reconhecem, na solidão, um apelo do Senhor dirigido a eles. À nossa volta encontramos diversas famílias em situação chamadas de irregulares, e não gosto desta palavra, e colocamo-nos muitas interrogações: Como ajudá-las? Como acompanhá-las para que as crianças não sejam ‘reféns’ do pai ou da mãe? Peçamos ao Senhor uma fé grande para vermos a realidade com o olhar de Deus; e uma caridade grande, para nos aproximarmos destas pessoas com o seu coração misericordioso”.
Dia 26
Sexta-feira, 26 de junho: o Papa Francisco afirmou na homilia em Santa Marta que não se pode fazer comunidade sem proximidade. Segundo o Santo Padre, os cristãos devem-se aproximar e estender a mão àqueles que a sociedade tende a excluir, como fez Jesus com os marginalizados do seu tempo. É isso que faz da Igreja uma verdadeira “comunidade”.
“Não se pode fazer comunidade sem proximidade. Não se pode fazer a paz sem proximidade. Não se pode fazer o bem sem aproximar-se. Jesus poderia muito bem ter dito: ‘Sê purificado!’. Mas não: aproximou-se e tocou-o. E mais: no momento em que Jesus tocou o impuro, tornou-se também ele impuro. E este é o mistério de Jesus: toma para si as nossas sujidades, as nossas impurezas. Paulo di-lo bem: ‘’Sendo igual a Deus, esvaziou-se a si mesmo. Depois Paulo vai além: ‘Fez-se pecado. Jesus faz-se pecado. Jesus excluiu-se, tomou para si a nossa impureza para aproximar-se de nós”.
Na sexta-feira dia 26 de junho foi assinado oficialmente o Acordo global entre a Santa Sé e o Estado da Palestina. De destacar o Preâmbulo do Acordo que refere alguns pontos-chave: a autodeterminação do povo palestiniano, o objetivo da solução de dois Estados, o significado não-simbólico de Jerusalém, o caráter sagrado da cidade para hebreus, cristãos e muçulmanos e ainda os interesses da Santa Sé na Terra Santa.
Dia 27
No sábado dia 27 de junho o Papa Francisco recebeu uma Delegação do Patriarcado Ortodoxo Ecuménico de Constantinopla, vinda a Roma para participar da celebração da Solenidade de S. Pedro e S. Paulo. Esta visita faz parte do tradicional intercâmbio de Delegações, por ocasião das respetivas festas dos Santos Padroeiros: 29 de junho, em Roma, os Apóstolos S. Pedro e S. Paulo; e 30 de novembro, em Istambul (Turquia), a celebração do Apóstolo Santo André, irmão de S. Pedro.
Importante notícia de dia 27 foi a instituição de um dicastério novo na Santa Sé: a Secretaria para a Comunicação. O Papa Francisco instituiu este novo dicastério através de uma Carta Apostólica em forma de Motu Proprio.
Integram o novo Dicastério os seguintes organismos: o Conselho Pontifício para a Comunicação Social, a Sala de Imprensa da Santa Sé, o Serviço Internet Vaticano, a Rádio Vaticano, o Centro Televisivo Vaticano, o jornal L’Osservatore Romano, a Tipografia Vaticana, o Serviço Fotográfico e a Livraria Editora Vaticana.
O Papa Francisco nomeou como novo Prefeito da Secretaria o atual Diretor do Centro Televisivo Vaticano, Mons. Dario Edoardo Viganò.
Dia 28
No Angelus de domingo 28 de junho o Papa Francisco recordou o Evangelho do XIII Domingo do Tempo Comum e afirmou que a fé é luz que cura e liberta da morte. Destaque para a saudação aos bolivianos presentes, país que o Santo Padre visitará na próxima semana:
“Saúdo cordialmente o grupo de bolivianos residentes em Itália, que trouxeram até aqui algumas imagens da Virgem mais representativas do seu país. Na próxima semana estarei convosco na vossa pátria. Que a Nossa Mãe do Céu os proteja.”
E com o Angelus deste domingo terminamos esta síntese das principais atividades do Santo Padre que foram notícia de 22 a 28 de junho. Esta rubrica regressa na próxima semana sempre aqui na RV em língua portuguesa.
Fonte: Rádio Vaticano