O tema da oração se assemelha a um universo sobre o qual existem numerosos argumentos e compreensões. Portanto, a oração pode ser abordada de tantas maneiras como se fosse uma constelação. A liturgia dominical nos conduz para a compreensão cristã de oração. Jesus reza. É o modelo perfeito de oração porque na sua pessoa se dá o diálogo do homem com Deus, na mais perfeita comunhão. “Jesus estava rezando num certo lugar. Quando terminou, um de seus discípulos pediu-lhe: “Senhor, ensina-nos a rezar” (Lucas 11,1-13) E Jesus disse: “Quando rezardes, dizei: Pai (…)” Deixou-nos a oração conhecida como “Pai Nosso”. Ela contém os elementos essenciais da oração cristã. Uma oração sublime e profunda, ao mesmo tempo fácil e possível.
Diante da oração se pode ter diversas atitudes contrapostas, entre outras: o menosprezo, o descuido e a estima ardorosa.
Menosprezo: “A oração está superada”. O desenvolvimento da sociedade e a descrença despertam suspeitas sobre a oração afirmando que carece de significado. Muitos afirmam que não tem necessidade de rezar, outros afirmam que é uma atividade inútil, improdutiva e para desocupados, que não produz mudanças no mundo e nas pessoas. Estas objeções podem manifestar uma compreensão limitada da oração, entendendo-a apenas como pedir coisas para Deus. Esta é uma parte, mas não se pode esquecer que oração é louvor, bendição, adoração, ação de graças, por exemplo a eucaristia que é a oração máxima do culto católico. Outros desprezam a oração por crer que a técnica, a ciência são suficientes para responder todos os anseios humanos. Contudo, mesmo com toda tecnologia, o ser humano continua limitado, indigente e mortal. A ciência responde muitas perguntas, mas não responde todas as inquietações humanas e existenciais.
Uma segunda atitude é o descuido e abandono: “Não tenho tempo, nem sei como rezar”. Não se rejeita a importância e a necessidade da oração, mas o trabalho, a família e o ritmo frenético da vida são argumentos para não rezar. Afirma-se não ter tempo para participar da missa, de rezar com a família, participar de algum grupo e nem fazer orações pessoais. Como Jesus ensinou, a oração não é multiplicação de palavras e nem estabeleceu um tempo mínimo ou máximo. Sempre se pode achar um tempo, pois tempo é questão de opção. Sempre argumentar que “não tenho tempo” pode soar como uma desculpa ou que a oração tenha pouco valor.
Muitos têm grande estima e prática habitual de oração. São estas pessoas que devem ser consideradas, pois elas aprenderam a rezar, descobriram a alegria, o valor e a necessidade da oração constante para alimentar a vida cristã. Fazem tudo para terem tempo de oração, como também desejam sempre rezar mais e melhor. Seu exemplo ilumina quem tem dúvidas.
Depois que Jesus ensinou o Pai Nosso, ainda ressalta outras características da oração cristã. A oração deve ser persistente, pois Deus é amigo. Pode ser importunado a qualquer hora. No exemplo dado, a persistência e importunação não são para satisfazer uma necessidade pessoal, mas para alimentar um visitante. É a intercessão que nasce da sensibilidade de ver a necessidade do outro e pedir por ele.
Para aqueles que menosprezam a oração, para os que “não tem tempo” e para aqueles que têm estima pela oração, o pedido do discípulo pode e deve sempre ser feito ao Senhor: “Ensina-nos a rezar”. Certamente, o Senhor terá paciência suficiente de ajudar todas as vezes que o pedido for formulado.