A MORTE NÃO EXISTE

                Arriscar a negativa da morte, diante de sua evidência e ação constante, seja ela física, psicológica ou moral, é quase que uma insanidade. Mas hoje assino essa afirmativa com tranquilidade e paz de espírito. A morte não existe para aqueles que dão vivas ao Ressuscitado, o Cristo Jesus.

                Como tomar para si uma verdade contraditória com tantos e tantos sinais de morte que afetam o cotidiano e os sonhos de vida longa, ao menos, dos que ainda teimam em sobreviver em meio ao caos de um mundo cruelmente real?  Como aceitar uma realidade oposta à brevidade da vida terrena? São perguntas que nos surgem de chofre, pois que o mundo nos mostra um caminho inverso, ou seja, a realidade da morte.

    Pois bem, o cristianismo é a única doutrina completa, a nos provar o contrário. Para quem acredita na ressurreição, a morte é uma mera passagem.

                Assim, assim, sem mais nem menos, a negação da morte se torna loucura, conversa de fanáticos. Ao longo de uma experiência concreta com as promessas do nazareno, com sua história única, amorosa, fantástica, nos sobra uma esperança: a loucura do amor de Deus, sintetizada na vida de seu Filho, é maior que nossa vã objetividade terrena. Senão, de que nos valeriam afirmativas como “Eu vim para que todos tenham vida (não citou a morte) e vida em abundância”. Ou “Nosso Deus é o Senhor da Vida” (não citou a morte). Ou “Para onde iremos nós, se só tu tens palavras de vida eterna?”. Aqui entra a grande pergunta dos que ao menos se posicionam ao lado da auto definição de Cristo: Caminho, Verdade e Vida (não citou a morte).

                Nossa grande dificuldade é compreender a magnitude da promessa que o bojo da doutrina cristã oferece ao mundo. A vida está acima da morte. A vida é luz e esta sempre vence as trevas. “Quem anda nas trevas, não me vê”. Também não o sente, nem o compreende. Pois tudo em Cristo foi, é e sempre será palpitante, transformador, duradouro. Tudo vive. Tudo é glória e louvor, ação de graças à criação, da qual nossa ciência um dia afirmou: “na natureza nada se cria, tudo se transforma”. Ou, como disse o poeta, nosso Bilac: “Vive até no seu sono a pedra bruta… Tudo vive! E, alta noite, na mudez de tudo, – essa harmonia que se escuta correndo os ares, na amplidão perdida, essa música doce é a voz, talvez, da alma de tudo, celebrando a Vida”. Ou seja, a voz do Deus vivo, o Deus da Vida!

                Portanto, não afirmamos uma utopia, mas uma realidade transformadora, que nos conduz à compreensão da Eternidade. A fé é exatamente essa ponte que nos une com a fonte criadora de tudo, personificada na certeza de nossa volta ao Pai que tudo criou. Sinais aparentes de morte são apenas etapas de um caminho, nada mais. Inserir-se nesta perspectiva é rejeitar a morte, é acreditar que um dia também faremos parte da gloriosa promessa do Cristo: “Ninguém vai ao Pai senão por mim”.

                Agora, para os que se distanciam da luz da ressurreição, põem em dúvidas os mistérios dessa passagem (páscoa) ou preferem os caminhos finitos e limitados da objetividade carnal, não há esperança, a morte realmente existe. Estes se colocam no rol dos que zombaram e ainda zombam das manifestações divinas entre nós, das aparições do Cristo na Galileia e de suas revelações à Igreja peregrina, desde então. Morrerão, com certeza, ou melhor, já são mortos-vivos, pois que todos seus ideais, sonhos, ambições, terminarão à beira de um sepulcro, quando muito. A estes se aplicam as palavras mais tristes do Senhor da Vida: “Melhor seria que não tivessem nascido!” Pois “Deus não é Deus dos mortos, mas dos vivos: porque todos vivem para ele.” (Lc 20,38).

    20 anos de Palavras de Esperança. Publicado em 15 de abril de 2009.

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