Claver tratava todo mundo com a mesma dignidade e preferia a ação às palavras
Ao contrário de muitos de seus compatriotas, Claver via essas pessoas como seres humanos merecedores do mesmo respeito e dignidade que eram dados a qualquer outra pessoa. Ele se preocupava profundamente com os escravos e com a salvação de suas almas, acreditando que cada um precisava ouvir o Evangelho de Jesus Cristo.
No entanto, ele não falava simplesmente sobre igualdade; acreditava que suas ações falariam mais alto do que quaisquer palavras. Claver escreveu sobre esse assunto em uma de suas cartas, explicando o poder de suas ações:
“Era assim que falávamos com eles, não com palavras, mas com nossas mãos e ações. E, de fato, convencidos como estavam de que foram trazidos aqui para serem comidos, qualquer outra língua teria se revelado totalmente inútil. Então nos sentávamos, ou melhor, nos ajoelhávamos ao lado deles e lavávamos seus rostos e corpos com vinho. Fazíamos todos os esforços para encorajá-los com gestos amigáveis e demonstrar na presença deles os sentimentos que de alguma forma tendem a animar os doentes”.
Ele não apenas tratava cada escravo com grande dignidade e compaixão, mas também os protegia e intercedia por eles quando os via sendo abusados. Na biografia “A vida de São Pedro Claver”, o autor explica até onde Claver era capaz de ir por cada pessoa escravizada, inclusive se oferecendo no lugar dos escravos:
“Quando soube que [os escravos] eram tratados com muita crueldade, seu coração se despedaçou; ele correu para os mestres, não poupando protestos ou súplicas para despertar sua compaixão. Em suma, ele se comprometeu a reconduzir para casa aqueles que por medo do castigo haviam fugido, pedindo perdão por eles, prometendo todas as satisfações e voluntariamente oferecendo-se como fiança por eles.”
Além de cuidar da saúde física e espiritual dos explorados, ele também se certificava de que não se desesperassem, embora as condições em que se encontravam fossem muito difíceis.
“Ele seria capaz de compartilhar voluntariamente os sofrimentos [dos escravos] e, se fosse possível, permaneceria na prisão com eles para consolá-los. Por meio desses ternos e simpáticos discursos, ele salvou muitos do desespero, ao qual estavam a ponto de ceder. Para salvar esses escravos do desespero, induzia seus senhores a regularem a punição de acordo com a ofensa, e prometia, em nome dos escravos, melhor conduta no futuro. O efeito foi mágico. Eles se esforçaram ao máximo para cumprir a promessa”.
Acima de tudo, São Pedro Claver nos mostra claramente como as ações falam mais alto do que as palavras e, se queremos a verdadeira igualdade racial no mundo, ela deve primeiro começar por nós mesmos, na forma como tratamos as outras pessoas que encontramos diariamente.