Quem busca um perfil de uma liderança perfeita, fatalmente, ou até por curiosidade, vasculha os Evangelhos para melhor conhecer o “fenômeno” da história de Jesus, um líder do povo que provocou até a mudança do calendário a partir de seu nascimento. Crentes ou agnósticos, historiadores ou psicólogos, mestres ou doutores, todos são unânimes em apontar a pessoa humana e divina de Cristo como o maior líder que a história humana já conheceu. Afinal, qual o segredo dessa fantástica liderança, que atravessa milênios e provoca debates, estudos, pesquisas e, principalmente, atrai adeptos aos milhões em todos os continentes e desde os primórdios do cristianismo? O que de especial nos ensina a liderança de Jesus?
A maior característica de uma liderança é sua força gravitacional, que atrai todos para si. Também repele. É um magnetismo próprio, invisível aos olhos, mas real. Da mesma forma que planetas e constelações orbitam entre si e ao redor de um sol. Isso é o que dá equilíbrio ao Universo. Não fosse essa força de atração e retração, o caos se estabeleceria, planetas, asteroides, sóis e constelações se chocariam e a dança interplanetária, a música do universo, entraria em colapso, pois tudo não passaria de uma massa disforme, em conflito permanente. Assim seria o homem sem fé; uma massa disforme.
Seria Jesus um fenômeno da física? Se considerarmos sua origem, temos Nele o cumprimento de uma promessa: devolver à humanidade o discernimento entre as forças demoníacas e a graça de Deus. Reconciliar o humano com seu Criador. Tratando-se de uma encarnação divina, nele se harmonizam a realidade física e espiritual, contrariando todas as leis das ciências humanas. Um Deus feito homem! “É este o homem que fazia tremer a terra e desmoronar os reinos” (Is 14, 16). O profeta já previa sua força de atração e retração presentes na essência de sua origem sobrenatural, desde sua miraculosa concepção, por ação do Espírito. Só por isso, as leis da física entram em colapso. “Quando vejo teus céus, obra de teus dedos, a lua e as estrelas que fixaste, quem é o homem, para que nele penses, e o ser humano, para que dele te ocupes”? (Sl 8, 4). Quem somos nós para explicar o mistério da Criação, para merecer tantos privilégios?
A realidade física de Jesus, entretanto, foi passageira. Apenas 33 anos. Sua realidade espiritual, ao contrário, permanece e nos conduz, nos ensina, nos orienta através da Palavra proclamada, nada escrita por Ele, mas que nos chegou aos ouvidos graças à espetacular força de persuasão que três anos – apenas isso, três anos! – de pregações provocaram no mundo. O mistério de sua liderança estava restrito a uma única atitude: revelar a Verdade! Outra coisa não fez Jesus, nesses três curtos anos senão dizer em alto e bom som a que veio: “Quem me vê, vê também aquele que me enviou. Eu vim ao mundo como luz, para que todo aquele que acredita em mim não fique nas trevas” (Jo 12,45-46). Ao contrário das trevas, a luz é sempre reveladora. A cegueira espiritual é a pior das doenças do homem. A luz que a liderança espiritual de Jesus trouxe ao mundo não foi um sol de quinta grandeza, um pequeno astro como aquele que nos ilumina todos os dias, mas a quinta-essência da luminosidade plena, ou seja, a realização das promessas de Deus: O Senhor amou tanto o mundo, que deu seu Filho para salvação dos homens. Nesta dádiva reside a plenitude da liderança de Jesus, ontem, hoje e sempre. Esta é bem definida por Ele: Eu vim para servir! Também é oportunidade oferecida a cada um de nós, se realmente desejamos seguir seu exemplo. Ou seja, quem quiser ser líder, tal como Jesus o foi, primeiro deve ser servo. Se quiser liderar, deve servir.