A liturgia do Tempo do Advento não somente nos faz recordar as promessas de Deus sobre o Messias, mas também nos vai mostrando os traços da missão desse Salvador tão prometido e tão esperado. O Advento é tempo de preparação para receber o Salvador. É tempo de conversão! Daí o convite de João Batista a todos: “Convertam-se por que o Reino do Céu está próximo!” (Mt 3,2). O tempo é agora: “Preparem o caminho do Senhor, endireitem suas estradas!” (Mt 3,3).
Na primeira leitura deste IIº domingo do Advento (Is 11,1-10) o profeta Isaías usa uma imagem impressionante: do velho tronco de Jessé, isto é, da dinastia já antiga de Davi, nascerá uma haste, modesta, frágil, pequena: um rebento! Querem coisa mais frágil, mais débil? Qualquer criancinha pode, travessa, quebrar, estiolar uma haste… E, no entanto, sobre este rebento tão frágil repousará o Espírito do Senhor. Esta haste é o ungido pelo Espírito, é o Messias, o Cristo de Deus, brotado da Casa de Davi! João, o Batista, dirá no Evangelho que “ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo”, isto é, com o fogo do Espírito! Só ele pode fazer isso, porque somente ele é pleno do Espírito: “Espírito de sabedoria e discernimento, Espírito de conselho e fortaleza, Espírito de ciência e temor de Deus”.
Nós temos, no entanto, uma missão neste mundo, nesta situação atual. Escutemos o profeta: “Convertei-vos, porque o Reino dos Céus está próximo! Raça de víboras! Quem vos ensinou a fugir da ira que vai chegar? Produzi frutos que provem a vossa conversão! O machado está na raiz da árvore e toda aquela que não produzir fruto será cortada e lançada ao fogo!”. Caros irmãos, o Advento, tempo de alegre expectativa, é também tempo de juízo. O mundo precisa do nosso testemunho, da nossa palavra de esperança, do nosso modo de viver inspirado no Evangelho! Não podemos viver como todo mundo vive, pecando como todo mundo peca, medíocres como todo mundo é medíocre! Se não dermos frutos, seremos cortados! Vivemos num mundo que não somente é descrente como também zomba da fé. E muitos de nós, que nós dizemos crentes, não notamos isso, vivemos numa boa entre os pagãos e como os pagãos.
No Evangelho (Mateus 3,1-12) João Batista prega a conversão. Esta significa colocar os passos nos passos de Jesus. E isto é um aspecto que caracteriza a vida cristã inteira. Quando acontece erro, um extravio, cumpre reconhecer o erro, dispondo-se a receber o dom de Deus, que perdoa sempre, que é infinitamente misericordioso e oferece a cura espiritual no Sacramento da Confissão.
Converter-se é renascer continuamente para a vida ressuscitada com Cristo. A existência do cristão deve ser uma conversão contínua. Não é somente purificar-se do estado de pecado, mas também progredir sempre. Ensina São Paulo: “Rogamos e vos exortamos no Senhor Jesus Cristo a que progridais sempre mais” (1Ts 4,1). O cristão convertido sabe que é um peregrino, como ser que vive debaixo da tenda em condição provisória, como pessoa que jaz sob a lei fundamental de uma mudança sempre mais profunda em busca de santificação pessoal.
Diz João: “Eu sou a voz que clama no deserto: Preparai os caminhos do Senhor, endireitai suas veredas” (Mt 3,3). Ele não é mais do que a voz, a voz que anuncia Jesus. Essa é a sua missão, a sua vida, a sua personalidade. Todo o seu ser está definido em função de Jesus, como teria que acontecer na nossa vida, na vida de qualquer cristão. O importante da nossa vida é Jesus. João Batista indica-nos também o caminho que devemos seguir. Na ação apostólica pessoal – enquanto preparamos os nossos amigos para que encontrem o Senhor, devemos procurar não ser o centro. O importante é que Cristo seja anunciado, conhecido e amado. Uma preocupação de singularidade, a ânsia de sermos protagonistas, não deixaria lugar para Jesus. Sem humildade, não poderíamos aproximar os nossos amigos de Deus. E então a nossa vida ficaria vazia.
Ao Celebramos este segundo Domingo do Advento neste novo ano litúrgico, somos motivados a abrir as portas do nosso coração para o Senhor que vem, veio e virá. Estamos na Campanha para a Evangelização (Evangelizar: graça e missão que se dá no encontro) e dentro do ano vocacional (Vocação Graça e Missão, com o lema “Corações ardentes pés a caminho”). É necessário fazer uma reflexão para adentramos ainda mais no caminho do Senhor. Caminho este que possui dificuldades, que tem pedras, é estreito, mas, no fim de tudo encontramos a graça da Salvação Eterna. Que esta Palavra de Deus de hoje recaia em nossos corações.