O Dia de Todos os Santos, comemorado em 1º de novembro, honra aqueles que alcançaram a santidade e se uniram a Deus. No Brasil, para que os fiéis possam participar desta Solenidade, a festa é transferida para o próximo domingo, dia 03 de novembro. Este dia não celebra apenas os santos canonizados pela Igreja, mas todos os que viveram fielmente, inspirando-nos com seu exemplo de fé. Em Hebreus 12,1, lemos sobre a “grande nuvem de testemunhas” que nos rodeia, e nesta festa, celebramos a comunhão dos santos como membros do Corpo de Cristo, recordando nossa vocação à santidade.
A celebração nos lembra da vocação universal à santidade, um chamado feito por Jesus em Mateus 5,48: “Sede perfeitos, assim como vosso Pai celeste é perfeito”. A santidade é para todos, não apenas para clérigos ou religiosos. Como explica o Papa Francisco na Exortação Apostólica Gaudete et Exsultate, a santidade está ligada às ações do cotidiano, como amar o próximo, ser compassivo e buscar a justiça. Todo cristão é chamado a viver este amor incondicional e a refletir a luz de Cristo no mundo.
Os santos são nossos guias na jornada da fé. Em sua primeira carta aos Coríntios, São Paulo encoraja os fiéis a imitarem a Cristo: “Sede meus imitadores, como também eu sou de Cristo” (1 Cor 11,1). Muitos santos enfrentaram perseguições, sofrimento e pobreza, mas perseveraram na fé e no amor. Um exemplo é São Francisco de Assis, que abandonou a riqueza para viver em simplicidade, servindo aos pobres e aos marginalizados. Santa Teresa de Calcutá, por sua vez, dedicou sua vida ao cuidado dos doentes e abandonados.
A celebração do Dia de Todos os Santos nos conecta ao mistério da comunhão dos santos, uma união espiritual entre a Igreja Militante (os vivos), a Igreja Padecente (as almas do purgatório) e a Igreja Triunfante (os santos no céu). Em Apocalipse 7,9-10, uma visão de São João descreve uma multidão de todas as nações em vestes brancas diante do trono de Deus, proclamando a salvação. Este é um símbolo da vida eterna e da esperança cristã na ressurreição. Na comunhão dos santos, encontramos força, pois sabemos que eles intercedem por nós, como membros de uma única família espiritual.
Na tradição católica, os santos não são adorados, mas são considerados intercessores, pois continuam a orar por nós junto de Deus. Em Tiago 5,16, lemos que “a oração do justo é poderosa e eficaz”, e é com esta confiança que muitos recorrem aos santos em busca de auxílio. Os santos, tendo experimentado as dificuldades humanas, se compadecem de nossas necessidades e se solidarizam com nossas lutas, oferecendo sua intercessão para que possamos vencer as provações e nos aproximar de Deus.
O Dia de Todos os Santos nos convida a refletir sobre nossa própria vida e vocação. Inspirados pelos exemplos de fé e coragem dos santos, somos chamados a viver o amor cristão e a trabalhar pela justiça. Como nos lembra São João Paulo II, cada um de nós é chamado a ser santo em seu próprio estado de vida, seja na família, no trabalho ou no serviço à comunidade. A santidade, assim, se revela em gestos de compaixão, humildade e caridade, refletindo a luz de Cristo no mundo.
Em síntese, o Dia de Todos os Santos é uma festa de esperança e de inspiração. Celebramos a vida daqueles que nos precederam na fé, e lembramos que nossa vocação última é a união com Deus. Que possamos, iluminados pela fé, seguir os passos dos santos e testemunhar o amor de Cristo no mundo, vivendo com fidelidade ao Evangelho. Como diz o Salmo 34: “O Senhor está perto dos que têm o coração quebrantado e salva os de espírito abatido” (Salmo 34,18), que possamos confiar na graça de Deus, sempre guiados pela intercessão de Todos os Santos.
Sejamos todos santos! É possível e todos podemos trilhar este caminho bonito de santidade!
+Anuar Battisti
Arcebispo Emérito de Maringá (PR)