A Eucaristia e o Ventre Materno: Santuários da Presença Escondida

    Amados irmãos e irmãs em Cristo,

    Nesta Semana Nacional da Vida, somos chamados a aprofundar as razões de nossa fé e de nossa esperança. Frequentemente, defendemos a vida nascente com argumentos da biologia, da filosofia ou do direito, e todos são importantes e válidos. Contudo, hoje, gostaria de convidá-los a contemplar este mistério através do coração da nossa fé católica: a Sagrada Eucaristia. Pergunto-me e pergunto a vocês: o que a nossa fé na Presença Real de Cristo no Sacrário pode nos ensinar sobre a presença real de uma vida humana no ventre materno?

    Tanto a Eucaristia quanto o nascituro nos desafiam a ver além das aparências. Diante do altar, nossos olhos veem pão e vinho, mas nossa fé nos proclama: “É o Senhor!”. É a Presença Real, substancial e viva de Jesus Cristo, oculta sob os véus sacramentais. Para quem não crê, é apenas um símbolo, um pedaço de pão. É preciso os “olhos da fé” para adorar a Deus ali presente. De modo análogo, diante de uma ultrassonografia, alguns podem ver apenas um “aglomerado de células”, um “embrião” ou um “feto”. Mas a fé, iluminada pela razão e pela ciência, nos permite proclamar: “É uma vida humana!”. É uma pessoa única e irrepetível, com sua própria dignidade e um futuro sonhado por Deus, presente de forma real, ainda que oculta, no santuário do ventre de sua mãe.

    A incredulidade que leva a profanar um Sacrário é a mesma que leva a violar o santuário do ventre. Ambas nascem de uma cegueira do coração, de uma incapacidade de reconhecer uma presença sagrada que não se impõe pela força, mas que se revela na humildade e no silêncio. Uma sociedade que perde a capacidade de se ajoelhar diante da Eucaristia, inevitavelmente, perderá a capacidade de se inclinar com reverência para proteger a vida escondida no seio materno. A crise da defesa da vida é, em sua raiz, uma profunda crise de fé na presença de Deus e no sagrado.

    Além disso, a Eucaristia nos educa na lógica do dom e da comunhão. Cada Missa torna presente o sacrifício de Cristo, Sua total doação por amor a nós. A Eucaristia é o sacramento do ágape, do amor que se doa sem reservas. Como podemos, como povo eucarístico, comungar do Corpo entregue de Cristo e, em seguida, aceitar a lógica egoísta do descarte, que vê um filho como um fardo e sua eliminação como uma solução? Acolher uma vida, com todos os sacrifícios que isso implica, é a mais concreta e bela participação na lógica eucarística do amor que se doa.

    A comunhão eucarística nos une no Corpo de Cristo. Ela nos torna um só povo, irmãos e irmãs responsáveis uns pelos outros. O nascituro, por sua vez, é o membro mais vulnerável da comunidade humana. Ele já pertence à nossa família. Ignorar sua existência ou permitir sua eliminação é um ato que fere profundamente a comunhão humana. É como dizer a um membro do nosso próprio corpo: “Você não é necessário”. Uma comunidade que se alimenta da Eucaristia deve ser, por coerência, uma comunidade que defende e nutre seus membros mais frágeis, começando por aqueles que ainda não vemos, mas que já existem.

    Portanto, nosso compromisso com a vida nascente deve brotar de nossa vida eucarística. A adoração silenciosa diante do Santíssimo Sacramento deve se transformar em ação silenciosa e eficaz em favor das gestantes e de seus filhos. O respeito com que nos aproximamos para comungar deve se traduzir no respeito com que tratamos cada mulher grávida, oferecendo-lhe amparo e esperança. A procissão de Corpus Christi pelas ruas de nossas cidades deve nos inspirar a caminhar publicamente em defesa daqueles que são os mais pobres entre os pobres.

    Nesta Semana do Nascituro, peçamos a Nossa Senhora, a primeira a ser um “sacrário vivo” ao portar em seu ventre o Pão da Vida, que nos dê um coração eucarístico. Um coração que saiba reconhecer, amar e servir a presença escondida de Cristo na Hóstia Consagrada e a presença sagrada de cada vida humana, imagem de Deus, escondida no ventre materno. Que nossa fé na Eucaristia seja a fonte de nossa coragem para defender incondicionalmente a vida.

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