Para mostrar a seus seguidores que é preciso orar sempre sem desfalecer, Jesus didaticamente propôs uma parábola salientando especialmente a importância da perseverança na oração de súplica (Lc 18,1-8). A insistência da viúva desejosa de obter justiça da parte do juiz iníquo obteve resposta satisfatória graças a sua persistência. Muito mais a prece de intercessão de quem tem fé encontrará sempre no coração de Deus uma acolhida justa e favorável. A persistência alcança o que se solicita ao Todo-poderoso Senhor. É a condição basilar para obter os favores celestiais, porque Deus muitas vezes experimenta a constância daquele que reza, pedindo ajuda em suas necessidades. O reconhecimento de que o ser humano é dependente de seu Criador, que se revelou, porém, como Pai amoroso, leva à consciência da necessidade da graça divina para si e para o próximo. Donde a importância da simplicidade de coração, que revela uma profunda humildade existencial. Esta leva a uma abertura fundamental para receber os benefícios divinos, numa solicitação constante. Tal foi a ordem de Jesus: “Pedi e recebereis para que a vossa alegria seja completa” (João 16,24b). A súplica insistente dirigida a Deus nunca fica sem resposta se ela, de fato, se fundamenta numa necessidade real que contribuirá para a própria salvação eterna e para a glória de Deus. Tantas vezes se esquece de que o tempo de Deus não é o tempo do ser humano e, portanto, ele atenderá quando na sua onisciência infinita julgar ser o momento oportuno. O certo é que os clamores dirigidos ao céu não são lançados no vazio, mas são recebidos amorosamente por um Deus sumamente misericordioso, justo, bem diferente do juiz injusto da parábola. O fundamento da oração do cristão é a promessa de Cristo e a presença iluminadora do Espírito Santo que orienta o que pedir e como pedir sem desanimar nunca. É preciso, porém, aguardar o fruto espiritual das súplicas dirigidas a Deus. Eis por que o fiel acata a maneira pela qual será atendido no tempo oportuno. Isto é uma demonstração de total confiança no seu Senhor. Ao rezar, implicitamente, o orante está a dizer a Deus que quer o que Ele determina na sua sabedoria infinita e se dispõe a servi-lo com um coração sincero e reto. O caminho da oração é um caminho interior que cada um deve percorrer mesmo porque Deus conhece o íntimo do suplicante e o alcance daquilo que ele Lhe solicita. Para isto é necessário a abertura humilde e radical de todo o ser daquele que ora e que se entrega confiante nas mãos do Ser Infinito. O modo de agir de Deus difere radicalmente da maneira de proceder do juiz perverso e corrupto que atendeu para se livrar da importunação da viúva. Seu ponto de referência não era a justiça que deveria ministrar. Entretanto, infelizmente, é o mesmo que acontece nos tribunais humanos nos quais interesses escusos muitas vezes prevalecem. Jesus nos leva então a compreender que, se um juiz malvado fez justiça devido à insistência da pobre viúva, muito mais fácil é conseguir do Pai celeste todas as coisas boas de que temos necessidade, Basta lhe pedir com um mínimo de humildade e perseverança. Nada de hesitações, de desconfiança no poder e na bondade do Pai celeste. O essencial é ter amor e humildade no momento da oração. A consciência da dependência de Deus deve fundamentar a prece do autêntico cristão. Deus quer que insistamos nos pedidos a Ele feitos porque também isto aumenta a nossa fé e nossa esperança. O orante deve ter certeza de que nada lhe é simplesmente devido e assim não se deve nunca cair no orgulho, exigindo de Deus o que Lhe é solicitado. Então todos os ingredientes de uma prece agradável a Deus têm seu fundamento numa crença inabalável pela qual se crê que um dia Jesus voltará e deverá para fazer resplandecer a justiça sobre aqueles que acreditaram e, assim, perseveraram numa prece ardente. É preciso, de fato, atenção à indagação de Jesus “O filho do homem à sua vinda, achará acaso fé sobe a terra”? Esta espera de sua vinda para o juízo final fortalece a fé e os pedidos constantes da proteção divina. Fé que alcança continuamente os favores celestes, frutos da oração persistente.