A busca sa perfeição cristã

    Por entre os afazeres cotidianos, seja qual for o estado de vida de cada batizado, é preciso ele procure seu aprimoramento espiritual. O desejo da própria santificação é um dom maravilhoso ao qual se deve generosamente corresponder. Para isto, primeiramente, é necessária a disposição sincera de, em tudo, fazer a vontade de Deus, se desvencilhando daquilo que a contraria. Surge este ideal inclusive da certeza de que nesta sublime trajetória se depara a autêntica felicidade. Esta atitude proporciona, realmente, usufruir muito mais a vida impedindo as desgraças que resultam da idolatria dos falsos prazeres mundanos.  Vivendo numa união profunda com Aquele que é três vezes santo, como bem diz o triságio que Ele inspirou ao profeta Isaías, o cristão pode curtir em plenitude a existência nesta terra. Não se prende nunca ao passado, nem se atemoriza com o futuro o qual à Providência divina pertence. Ocupa-se do instante presente para realizar com toda aplicação possível o dever de cada hora. Seu intento é tudo fazer para glória de seu Senhor. Deixa-se governar inteiramente pelo Espírito Santo que o induz a bem planejar as tarefas do dia a dia. A total dependência às inspirações divinas leva a uma fidelidade que torna meritórias as mais pequeninas atividades.  Frutuosa é, na verdade, a reta intenção que preside aquilo que cumpre seja feito a cada passo.  Convivendo ininterruptamente com Deus pelas boas ações, nos momentos de oração não depara o cristão dificuldades em conversar com Ele. A simplicidade impera.  Não há lugar para distrações que configurariam um desacato à este sublime Interlocutor. Tal diálogo com a Fonte da sabedoria e da paz resulta num acréscimo de amor a Deus e ao próximo, uma vez que esta direção ao Criador é difusiva. Eis por que quem assim procede passa longe da inveja, da ira, da crítica ferina aos outros, de todo e qualquer menoscabo com quem se convive. É que o verdadeiro cristão vai além da finura de trato, da polidez, pois age sempre pela caridade e pela cordialidade que haure no oceano infinito do amor divino. A exemplo do Doador de tudo almeja o bem das pessoas desinteressadamente sem pensar em qualquer tipo de retribuição. Assim, o autêntico discípulo de Cristo está contente por ser em cada ocasião o que Deus quer que ele seja. Podem surgir desgostos, desânimos interiores e, até, tentações do espírito do mal, mas tal cristão aguarda serenamente que passem as tempestades. Não se inquieta e marcha continuamente para frente. Não se desencoraja nunca. Mesmo que venha a cometer deslizes devidos à fraqueza humana, logo se arrepende, se penitencia diante de Deus e, com ardor, prossegue a caminhada. É que deposita em Deus toda sua confiança. Quando se sente fraco, seu amor próprio não o lança no desespero e logo apela pela proteção divina. Aparecem as provações físicas ou morais, mas são recordadas as palavras de São Paulo: “De boa vontade me gloriarei de minhas fraquezas para que habite em mim o poder de Cristo” (2 Cor 13,9). Avança então com passos de gigante na via da perfeição. Desta maneira o sentimento de sua fragilidade se torna o princípio de sua coragem, pois em Deus encontra toda sua força. Não obstante toda a dificuldade prossegue no esforço de seu contínuo desenvolvimento espiritual. Luta persistente contra todas as potências do mal. Com a graça divina sai vitorioso, dado que é sincero. Sua felicidade se mantem no meio das turbulências e os percalços da existência humana não o abatem. Nada rouba sua imperturbabilidade. Percebe então que não vive numa ilusão e redobra seus louvores a Deus no qual depara consolações inefáveis. Trata-se do encontro com a realidade do Ser Divino, presente fora e dentro da alma. Uma fé inabalável rasga o véu das aparências e faz degustar já aqui na terra algo das delícias eternas. Compreende-se, desta forma, o que está no livro do Deuteronômio: “Nosso Deus é um fogo que consome” (Dt 14,24). Jesus falou claramente: “Eu vim lançar fogo sobre a terra” (Lc 12,49). Ele quer que seu seguidor seja incendiado por esta chama divina. Cumpre, portanto, evitar todo obstáculo à ação divina. O cristão se torna então um clarão que se ilumina e ilumina o mundo. Realiza-se o desejo de Cristo: “Vós sois a luz do mundo”. (Mt 5,14).