Preparamo-nos para celebrar o nascimento de Jesus. Na segunda etapa do “caminho do advento”, a liturgia refere-se à razão da vinda de Jesus ao encontro dos homens: Ele vem concretizar as promessas de Deus e inaugurar um mundo novo, radicalmente diferente desse mundo velho que conhecemos, cheio de ódios, de conflitos, de mentiras, de violências, de guerras. A Palavra de Deus que escutamos neste domingo pede-nos que acolhamos esse Menino de braços abertos e que aceitemos o desafio que Ele nos faz para integrar a comunidade do Reino de Deus.
Na primeira leitura – Is 11,1-10 –, o profeta Isaías propõe, com a linguagem de um poeta e a convicção de um profeta, o projeto que Deus se propõe realizar em favor do Seu povo: no tempo oportuno irá chegar um “ungido” de Javé, nascido da família do rei Davi, que inaugurará um reino de justiça e de paz sem fim. Nesse mundo belo e harmonioso que então nascerá, “o lobo viverá com o cordeiro e a pantera dormirá com o cabrito; o bezerro e o leãozinho andarão juntos e um menino os poderá conduzir. A vitela e a ursa pastarão juntamente; e o leão comerá feno como o boi. A criança de leite brincará junto ao ninho da cobra e o menino meterá a mão na toca da víbora”. Esta janela de sonho permite-nos entrever, ao longe, o Menino de Belém. O profeta, portanto, anuncia o nascimento de alguém que virá em defesa do povo. Sobre ele repousarão dos seis dons do Espírito do Senhor, para que possa animar e fortalecer a esperança de todos. Trará justiça aos pequenos e reconciliação de toda a criação.
No Evangelho – Mt 3,1-12 –, João Batista deixa um aviso a todos aqueles que vão procurá-lo no vale do rio Jordão: a concretização do Reino de justiça e de paz, outrora anunciado por Deus, está próxima. Para acolher o enviado de Deus, é necessário primeiro “converter-se”. Converter-se é abandonar os caminhos sem saída em que se anda e “voltar para trás”, ao encontro de Deus. Os que aceitarem fazer esse “caminho de conversão”, estarão preparados para acolher o Reino de Deus e para fazer parte da comunidade do Messias. João Batista prega a conversão, pois o Reino dos Céus está próximo. Ele é a voz que grita no deserto para preparar o caminho do Senhor, que está chegando.
Na segunda leitura – Rm 15,4-9 – o apóstolo Paulo, dirigindo-se aos cristãos de Roma, lembra-lhes algumas das exigências que resultam do compromisso que assumiram com Cristo. Sendo, junto dos seus concidadãos, o rosto visível de Cristo, eles devem dar testemunho de união, de harmonia, de fraternidade, acolhendo e ajudando os irmãos mais débeis e sendo sinais desse mundo novo que Cristo veio inaugurar. Paulo exorta a comunidade a se deixar orientar pela Escritura e a imitar o exemplo de Cristo, a fim de superar os conflitos existentes em seu interior. A Palavra instrui os fiéis e reacende a esperança do povo de Deus!
Na falta de percepção da presença de Cristo têm origem todas as desgraças: a falta de pão e de terra para todos, bem como a falta de amor fraterno; a falta de justiça, bem como a falta de leis verdadeiramente cristã; a iniquidade da guerra, bem como o esquecimento dos mandamentos de Deus. Nosso cristianismo não pode ser vivido por tradição. Cristo quer que sejamos todos precursores do seu amor e da sua salvação, para que o mundo possa viver a boa nova do Evangelho!
Por isso, o Advento é oportunidade de firmeza na fé, perseverança no caminho e vigilância espiritual. É um tempo, também, de renovarmos nossa esperança de que “a justiça florirá” (Sl 71,7a) e que “não haverá danos nem mortes” (Is 11,9a), pois o Reino de Deus está próximo de nós (cf. Mt 3,2b). Deve ressoar em nossos corações o apelo do profeta João Batista – “Convertei-vos” (Mt 3,2a), a fim de que nos preparamos diligentemente pata acolher o Senhor, que vem ao nosso encontro. Que nós possamos “preparar os caminhos do Senhor, endireitando as suas veredas” (Mt 3,3c). Este tempo é oportuno para nos convertemos a Deus e de permanecermos vigilantes e preparados para o Senhor que vem. Maranatá!

