“A minha graça te basta”, escreveu São Paulo em sua segunda carta aos Coríntios. A graça divina, fonte de vida e sustento para os cristãos, manifesta-se de muitas formas. Da graça santificante recebida no batismo às graças discretas da vida diária, Deus nunca deixa de agir na vida dos fiéis.
Deus conhece as suas criaturas. Ele as preenche com a sua graça, fazendo-as participar da sua vida divina. Graça designa a benevolência absolutamente incondicional que Deus, desde toda a eternidade, demonstra à humanidade, chamando-nos a participar de sua própria vida. Essa é a intimidade com o Senhor concedida pelo batismo e renovada pelos sacramentos. É pela graça que Deus nos salva. Além da graça santificante recebida pelos cristãos no batismo, o Senhor concede outras formas de graça que auxiliam os fiéis em momentos específicos de suas vidas.
Graça santificante
O homem nasce marcado pelo pecado original, e a única maneira de ser libertado dele é o batismo, por meio do qual Deus o lava e o preenche com a sua graça santificante, como afirma o Catecismo da Igreja Católica: “A graça é participação na vida de Deus. Ela nos introduz na intimidade da vida trinitária: pelo batismo, o cristão participa da graça de Cristo, Cabeça do seu Corpo. Como ‘filho adotivo’, ele agora pode chamar Deus de ‘Pai’, em união com o Filho unigênito. Ele recebe a vida do Espírito, que o preenche de caridade e forma a Igreja (Catecismo da Igreja Católica, 1997).”
Cristo já realizou tudo. É por isso que essa graça é chamada de dom gratuito. “A graça de Cristo é o dom gratuito que Deus nos dá de sua vida, infundida pelo Espírito Santo em nossa alma para curá-la do pecado e santificá-la: é a graça santificante ou divinizante, recebida no batismo. Ela é em nós a fonte da obra de santificação (cf.Jo 4, 14; 7, 38-39). “Portanto, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo! Tudo isso provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo.” (2 Cor 5,17-18).” Essa graça pode ser perdida? Sim, através do pecado mortal, por isso, a única maneira de recuperá-la é através do sacramento da confissão. Idealmente, a vida cristã floresce na ausência do pecado mortal e na graça habitual, essa disposição permanente de viver e agir de acordo com a vocação divina.
Graças sacramentais
Outra forma de graça é aquela que Deus concede nos sacramentos; por isso são chamadas de graças sacramentais. “A graça inclui também os dons que o Espírito Santo nos concede para nos associar à sua obra, para nos capacitar a colaborar na salvação dos outros e no crescimento do Corpo de Cristo, que é a Igreja. Estas são as graças sacramentais, dons próprios dos diferentes sacramentos.”(Catecismo da Igreja Católica, 2003).
Assim, aqueles que se casam e aqueles que recebem o sacramento da Ordem obtêm graças que os ajudam a perseverar em seu estado de vida. Mas há também graças específicas para aqueles que recebem a Unção dos Enfermos ou que se confessam, pelas quais Deus os fortalece e os ajuda a continuar sua vida perto Dele, a observar os mandamentos e a se esforçar no caminho da santificação.
Carismas: graças especiais
Existem também graças especiais, também chamadas carismas, segundo o termo grego usado por São Paulo, que significa favor, dom gratuito, benefício (cf.LG12) “Seja qual for a sua natureza, por vezes extraordinária, como o dom dos milagres ou das línguas, os carismas estão ordenados à graça santificante e têm por fim o bem comum da Igreja. Estão ao serviço da caridade, que edifica a Igreja (cf.1 Cor12)” (CEC 2003).
Esses dons são por vezes espetaculares, mas não nos esqueçamos de que não se destinam ao benefício do destinatário, e muito menos a serem exibidos ou aproveitados, mas sim a servir a comunidade. E entre essas graças particulares, o Catecismo menciona as “graças de Estado que acompanham o exercício das responsabilidades da vida e dos ministérios cristãos dentro da Igreja” (CEC 2004) Por exemplo, São Paulo era conhecido por seu carisma ao ensinar.



