IX Dia Mundial dos Pobres

    “Tu es a minha esperança” (Sl 71,5)

     No domingo, 33º do tempo comum, neste ano, dia 16 de novembro a Igreja celebra o IX Dia Mundial dos Pobres, instituído pelo saudoso Papa Francisco em 2017. Mais do que uma celebração, este é um dia de reflexão e oração, em que somos convidados a pensar em ações e medidas concretas para minimizar a questão da pobreza junto aos órgãos públicos que tem a primeira responsabilidade de cuidar do povo. Aqui em nossa arquidiocese iniciamos no domingo anterior a Semana do Pobre com muitas iniciativas e reflexões. Nesse dia mundial também acontecem diversas iniciativas em nossas paróquias: somos convidados a levar algum tipo de alimento para compor as cestas básicas destinadas às famílias carentes, coisa que fazemos sempre, tendo sido transformados em um grande trabalho social nacional.

    O pouco que fazemos é muito para quem precisa. É claro que aquilo que doamos não resolverá totalmente o problema, mas amenizará o sofrimento de alguém. A Cáritas Arquidiocesana, o Banco da Providência e a Pastoral Social, a ação social do Cristo Redentor, realizam um excelente trabalho em nossas paróquias e arquidiocese, arrecadando o alimento que cada paroquiano leva e distribuindo as cestas às famílias necessitadas. Infelizmente, de uns tempos para cá — sobretudo após a pandemia da Covid-19 —, tem aumentado o número de desempregados e, consequentemente, a necessidade das famílias. Aumentou o número de famílias que a paróquia precisa assistir. Por isso, também deve aumentar a nossa generosidade: sejamos solidários e ajudemos quem precisa.

    O que fizermos aqui, com certeza, será recompensado na vida eterna. Estendamos a mão a quem precisa e ajudemos em suas necessidades mais básicas. Pode ser que hoje sejamos nós os que doam, mas, no futuro, poderemos ser nós os que precisam de ajuda. Como nos diz Jesus, no Evangelho de Mateus, capítulo cinco, na conhecida passagem das Bem-aventuranças: “Felizes os pobres de espírito”. Ou seja, devemos ser pobres de espírito, disponíveis para ajudar quem necessita.

    Jesus, enquanto esteve entre nós, escolheu estar com os pobres e pecadores, ou seja, com os mais vulneráveis do Reino. Ele sempre andou na contramão da sociedade de seu tempo, que pregava a exclusão dos pobres, pecadores e doentes. Jesus, ao contrário, procurava incluir a todos, pois a salvação de Deus é universal. Ele não condenava a riqueza em si, mas sim aqueles que muito têm e não partilham com quem pouco ou nada possui.

    Em outra passagem da vida pública de Jesus, no Evangelho de Mateus, um jovem rico pergunta ao Senhor o que deve fazer para alcançar a vida eterna. Primeiro, Jesus recomenda que ele obedeça aos mandamentos. O jovem responde que já os observa desde a juventude. Então Jesus acrescenta: “Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens, dá aos pobres, e terás um tesouro no céu. Depois, vem e segue-me” (Mt 19,21). Jesus diz isso porque percebeu que o jovem era muito apegado às riquezas. Como dissemos, Jesus não condena a riqueza, mas condena o apego e a falta de partilha. Por isso, sejamos pobres de espírito.

    O tema escolhido pelo Papa Leão XIV para este IX Dia Mundial dos Pobres é: “Tu és a minha esperança” (Sl 71,5). Este versículo ressalta que a esperança dos pobres está em Deus, que não desampara ninguém e concede força para superar as provações. Os pobres, conforme dissemos, são os preferidos do Senhor, e nós devemos ser, sobretudo, pobres de coração e de espírito: colocar Deus em primeiro lugar e deixar os bens materiais em segundo plano.

    Voltando ao contexto e à história do Dia Mundial dos Pobres, o saudoso Papa Francisco, desde o início de seu pontificado, demonstrou grande preocupação e carinho pelos pobres — e assim deve ser também conosco. Como forma de chamar a atenção de toda a Igreja, ele instituiu, em 2017, o Dia Mundial dos Pobres, celebrado sempre no penúltimo domingo do Tempo Comum e do ano litúrgico, em geral, entre o segundo e o terceiro domingo de novembro.

    O Papa Francisco sempre nos exortava a rezar pelos pobres e a estar com os pobres, e o Papa Leão XIV continua nessa mesma linha, pedindo que nos aproximemos deles com compaixão e presença concreta. Recordemos sua Exortação Apostólica Dilexi te. Os pobres estão em nossas comunidades e em nossas cidades. Tenhamos por eles os mesmos sentimentos de Jesus: amemos como Ele amou, sem medo de acolhê-los em nosso meio e de praticar a caridade. Sejamos cristãos autênticos, não apenas de palavras, mas de gestos. Que a nossa fé se transforme em obras! Estendamos a mão ao pobre que bate à nossa porta ou à porta de nossas igrejas, pois, ao estendermos a mão ao pobre, é ao próprio Cristo que estendemos a mão.

    Que este IX Dia Mundial dos Pobres seja para nós um dia de reflexão e de ação: rezar pelos pobres e praticar a caridade, doando roupas, alimentos ou calçados a quem precisa, mas principalmente, cobrando das autoridades o trabalho por uma sociedade mais justa e humana. A caridade é uma virtude essencial e deve caminhar junto com a fé e a esperança. Como nos ensina São Paulo, entre as três virtudes — fé, esperança e caridade —, a maior delas é a caridade. Socorramos sempre os mais pobres com generosidade evangélica. Sejamos caridosos uns com os outros, para sermos cristãos autênticos.

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