A nova Exortação Apostólica do Papa Leão XIV, Dilexi te, nos oferece uma importante oportunidade para recordar a longa e rica história de caridade da nossa Igreja. O Santo Padre não apresenta uma novidade, mas nos insere numa corrente de amor e serviço que atravessa vinte séculos, mostrando que o cuidado com os pobres sempre foi uma parte essencial da missão que Cristo nos confiou.
Desde os seus primórdios, a comunidade cristã entendeu que a fé em Jesus deveria se manifestar no cuidado com os mais vulneráveis. O Papa nos lembra do testemunho dos primeiros diáconos, como Santo Estêvão, instituídos para servir às mesas e garantir que ninguém passasse necessidade. Recorda também a figura de São Lourenço, que, ao ser intimado a entregar as riquezas da Igreja, apresentou os pobres, afirmando que eles eram o seu verdadeiro tesouro. Esta convicção marcou a vida da Igreja desde o início.
Ao longo da história, esta missão assumiu muitas formas. O Papa Leão XIV cita o exemplo de grandes santos que são faróis para nós. São Francisco de Assis, por exemplo, que se fez pobre com os pobres, ensinando que a verdadeira alegria está no despojamento e no serviço fraterno. Em épocas mais recentes, o documento recorda figuras como São Vicente de Paulo, que organizou a caridade de forma exemplar, ou Santa Teresa de Calcutá, que se dedicou a cuidar daqueles que a sociedade descartava, vendo em cada um deles o rosto de Cristo. Estes são apenas alguns exemplos da imensa obra de caridade que a Igreja realizou e continua a realizar no mundo inteiro, através de suas dioceses, paróquias, congregações religiosas e leigos engajados.
A Exortação Apostólica, no entanto, nos lembra que o nosso compromisso não deve se limitar à assistência imediata, embora esta seja fundamental. O Papa Leão XIV, seguindo a Doutrina Social da Igreja, nos chama a lutar também contra as causas da pobreza. Isso significa trabalhar por uma sociedade mais justa, onde todos tenham acesso a trabalho, moradia, saúde e educação. O amor cristão nos impele a nos interessarmos pela política e pela organização social, buscando sempre o bem comum e a defesa da dignidade de cada pessoa.
Dilexi te é, portanto, um encorajamento para todos nós. É um convite a sermos fiéis a esta longa tradição de amor e serviço. Que cada católico se sinta parte desta história e chamado a continuá-la hoje, em seu próprio ambiente, através de pequenos e grandes gestos de solidariedade e de um compromisso sincero com a construção de um mundo mais justo e fraterno para todos, a começar pelos mais pobres.