Solenidade da Santíssima Trindade

    “Ó Senhor, nosso Deus, como é grande, vosso nome por todo o universo” (Sl 8)

     Celebramos neste domingo a Solenidade da Santíssima Trindade. Na semana passada, encerramos o Tempo Pascal com a Solenidade de Pentecostes, e na segunda-feira retomamos as celebrações do Tempo Comum com a memória de Maria, mãe da Igreja. Durante esse tempo, acontecem três solenidades importantes: Santíssima Trindade, Corpus Christi e Sagrado Coração de Jesus. Hoje celebramos a primeira dessas três, que ocorre num domingo.

    Ao celebrarmos a Solenidade da Santíssima Trindade, celebramos a razão da nossa fé, pois somos batizados em nome da Santíssima Trindade. Rendemos graças ao Pai que nos criou, ao Filho que nos redimiu e ao Espírito Santo que nos santifica. Ao traçarmos sobre nós o sinal da cruz, traçamos o sinal da nossa salvação, e a cruz nos identifica como cristãos. Quando vamos acolher um novo cristão na comunidade, o rito do batismo inicia-se com essa acolhida, que se dá por meio do sinal da cruz. Primeiramente, o celebrante o acolhe traçando o sinal da cruz em sua testa, e logo em seguida, os pais e os padrinhos fazem o mesmo gesto.

    O sinal da cruz nos acompanha desde o nosso nascimento até a hora de nossa morte. Nós cremos nas três pessoas da Santíssima Trindade e professamos no Credo: “Creio em Deus Pai todo-poderoso, criador do céu e da terra, e em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor”, e, em outra parte, dizemos: “Creio no Espírito Santo e na Santa Igreja Católica”. Essa é a nossa profissão de fé, que professamos desde o batismo até a hora de nossa morte.

    Por isso, a Igreja, em sua sabedoria, organiza o calendário litúrgico de forma sequencial. Celebramos Pentecostes, a vinda do Espírito Santo, e logo na semana seguinte, celebramos a Santíssima Trindade. O Espírito Santo conduz e guia a Igreja; é a presença do próprio Cristo. Ele mesmo disse, antes de voltar definitivamente ao Pai, que enviaria o Defensor, o Advogado, o Paráclito. Mesmo com muitos ventos contrários, a Igreja permanece de pé, porque o Espírito Santo a sustenta. Por isso, a Igreja é santa e pecadora. Peçamos ao Espírito Santo que sempre renove todas as coisas.

    Ao celebrarmos a Santíssima Trindade, professamos a fé em um só Deus em três pessoas. Conforme dissemos acima: Deus Pai nos criou, o Filho nos redimiu e o Espírito nos santifica. Ao longo da história da salvação, há momentos específicos em que as pessoas da Santíssima Trindade se revelam: primeiro Deus Pai, ao criar o universo; depois, por meio da Virgem Maria, a Palavra se faz carne e Jesus assume a forma humana; por fim, Jesus nos promete o Espírito Santo. Jesus possuía duas naturezas: humana e divina. Por isso, era cem por cento Deus e cem por cento homem, semelhante a nós em tudo, exceto no pecado.

    A crença na Santíssima Trindade é um dogma, ou seja, uma verdade de fé que professamos no Credo. A Igreja, como de costume, não impõe nada aos fiéis, e antes de proclamar algo, realiza muitos estudos. Durante os Concílios de Niceia (325 d.C.) e de Constantinopla (381 d.C.), foi tratado o tema da Santíssima Trindade. A partir desses concílios surgiu o Credo Niceno-Constantinopolitano, que professamos em missas mais solenes, como a da solenidade atual.

    O Ato Penitencial da missa pode ser substituído pelo rito da aspersão, recordando o nosso batismo e o chamado a morrer para o pecado e ressurgir para uma vida nova. Da mesma forma que fomos batizados em nome da Santíssima Trindade, os nossos pecados também são perdoados em nome dela. Nesta missa, reafirmamos a fé nas três pessoas da Trindade.

    A primeira leitura deste domingo é do livro dos Provérbios (Pr 8,22-31). Esse trecho fala da sabedoria de Deus, que existe antes do tempo, antes da criação do mundo. Deus utilizou essa sabedoria — que é o Espírito Santo — para criar o universo. Deus criou tudo por meio da Palavra, e no Novo Testamento, essa Palavra se faz carne em Jesus Cristo. Tudo o que Deus criou é bom, pois Ele criou usando essa sabedoria que provém do Espírito Santo.

    O salmo responsorial é o Salmo 8, que tem como refrão: “Ó Senhor, nosso Deus, como é grande vosso nome por todo o universo!”. Ao contemplarmos tudo o que existe, percebemos a grandeza de Deus. Somente Ele poderia criar todas as coisas com tamanha perfeição.

    A segunda leitura deste domingo é da carta de São Paulo aos Romanos (Rm 5,1-5). Paulo diz à comunidade de Roma que somos justificados pela fé, por meio do Espírito Santo. O Espírito nos faz permanecer firmes na fé e de pé diante das tribulações. É necessário passar por momentos difíceis, mas a esperança em Deus deve ser maior do que qualquer adversidade. É pelo Espírito Santo que cremos na Eucaristia e comungamos o Corpo e o Sangue do Senhor. E também é pelo Espírito que recebemos o perdão de todos os nossos pecados.

    O Evangelho deste domingo é de João (Jo 16,12-15). Neste trecho, Jesus fala da terceira pessoa da Santíssima Trindade, o Espírito Santo. Ele diz aos discípulos que o Espírito lhes revelará tudo o que Ele fez enquanto esteve entre nós. Os milagres, curas e bênçãos que Jesus realizava eram feitos por meio do Espírito Santo. Tudo o que Jesus fazia estava em sintonia com a Santíssima Trindade. É por meio desse mesmo Espírito que a nossa fé é iluminada.

    Devemos pedir sempre a intercessão do Espírito Santo. Em nossas orações e nos momentos de intimidade com Deus, devemos pedir que o Espírito Santo nos mostre o caminho e nos ajude nas decisões a serem tomadas.

    É pelo Espírito Santo que anunciamos a Palavra de Deus. Na semana passada, ao celebrarmos Pentecostes, recordamos que Jesus soprou sobre os discípulos o Espírito Santo e os enviou para dar início à Igreja. Esse sopro é o sinal da “nova criação”, pois Deus Pai já havia dado o primeiro sopro ao criar o universo. Esse novo sopro realizado por Jesus é o sinal da aliança eterna de Deus com a humanidade, selada pela regeneração trazida pela cruz.

    Celebremos com alegria e fé a festa da Santíssima Trindade neste domingo, a razão da nossa fé e a identidade de todo cristão. Iniciamos e encerramos nossos momentos de oração, a Santa Missa e todos os sacramentos em nome da Santíssima Trindade. Mergulhemos nesse mistério profundo e façamos comunhão com o nosso único Deus em três pessoas.

    DEIXE UMA RESPOSTA

    Please enter your comment!
    Please enter your name here