Salvatore Cernuzio – Vatican News
Na manhã desta segunda-feira (19/05), audiência com Leão XIV para o primeiro diálogo reservado, troca de presentes, promessa de um compromisso comum pela paz e pelo meio ambiente e desejo de se reencontrarem em Nicéia para os 1700 anos do Concílio. Depois, à tarde, em Santa Maria Maior, para prestar homenagem – entre cânticos, orações e um ramalhete de rosas brancas – a Francisco, o Papa sempre definido como “querido irmão”, com quem compartilhou viagens e momentos importantes do ministério recíproco. O patriarca de Constantinopla, Bartolomeu I, está em Roma, onde no domingo participou da missa de início do pontificado do Papa Leão XIV na Praça São Pedro. O Pontífice o recebeu em audiência no Palácio Apostólico Vaticano.

A audiência no Vaticano
Um encontro “cordial”, como relata um comunicado do Patriarcado Ecumênico, durante o qual Bartolomeu “felicitou pessoalmente o novo Papa pela sua eleição e, na conversa, destacou, entre outras coisas, a importância de continuar a promover e aprofundar o diálogo teológico entre as duas Igrejas, ortodoxa e católica romana, bem como a sua cooperação em questões de interesse social, como o restabelecimento e a manutenção da paz no mundo, o apoio aos nossos semelhantes que sofrem e a proteção do ambiente natural”. Um tema, este, que Francisco se inspirou na Igreja Ortodoxa para o seu magistério cristalizado na Laudato si’ e para a celebração do Dia Mundial do Criação.
E foi precisamente “à comunicação fraterna e à cooperação que teve com o falecido Papa Francisco” que Bartolomeu fez referência na conversa com Leão. Com o Papa Bergoglio, foram mais de dez encontros, sem esquecer a primeira viagem juntos à ilha de Lesbos, em abril de 2016, também na companhia de Ieronymos, arcebispo de Atenas e de toda a Grécia.
Diálogo e cooperação
Por sua vez, o Papa Leão XIV expressou gratidão ao patriarca pela sua presença na cerimônia de domingo para o início do ministério petrino e – informa ainda a nota – “também destacou a importância de promover o diálogo e a cooperação entre os cristãos”. O Pontífice, como já havia feito na primeira audiência com os representantes da imprensa mundial, “assegurou seu vivo desejo de visitar a Turquia, ainda este ano, em data a ser definida, para comemorar junto com o Patriarca o 1700º aniversário da convocação do primeiro Concílio Ecumênico de Nicéia”.
No momento da troca de presentes, o Patriarca Bartolomeu ofereceu ao Papa Leão um ícone de Nossa Senhora Odigitria, pintada no Monte Athos, e seus livros. Leão XIV retribuiu com uma representação artística do Batismo.
O desejo da viagem a Nicéia
“Vi com grande satisfação que podemos continuar no mesmo caminho das nossas igrejas pelo cristianismo inteiro, pela paz no mundo”, comentou o próprio patriarca ecumênico aos microfones da Tv2000, fora da Basílica de Santa Maria Maior, onde se dirigiu à tarde para visitar o túmulo do Papa Francisco. O sucessor de Francisco, disse Bartolomeu, “me garantiu que quer vir à Turquia para o aniversário de Nicéia”, ou seja, os 1700 anos do Concílio. Desejo expresso muitas vezes por Francisco que, apesar da grave doença dos últimos tempos, nunca perdeu a esperança de poder realizar essa importante viagem.
Com o Papa Leão “não fixamos uma data concreta, mas certamente este ano”, disse o primaz ortodoxo, indicando como período possível o mês de novembro, quando se celebra a festa de Santo André. “Este é o nosso desejo, também o nosso augurio – disse ele – e será uma honra para nós receber Sua Santidade o Papa Leão, talvez em sua primeira viagem fora do Vaticano. Em Nicéia, mas também uma visita oficial à Igreja de Constantinopla, ao Patriarcado Ecumênico”.
Em oração pelo “querido amigo” Francisco
Recordando o “querido, respeitoso, amigo Papa Francisco, com quem colaboramos pelo bem da Igreja e da humanidade durante o seu pontificado”, Bartolomeu I explicou ter deixado rosas “em sua memória” e invocou “suas orações do céu por todos nós e por seu sucessor, com quem inauguramos uma colaboração, uma amizade e uma fraternidade no Senhor, a quem entregamos toda a nossa visão para o futuro da Igreja, toda a nossa esperança e todo o nosso afeto fraterno recíproco”.