Sermão das Dores de Nossa Senhora

    “E quanto a ti, uma espada de dor te traspassará a tua alma” (Lc 2, 33-35)

    Dentro da Semana Santa, vivemos dias que reavivam nossa fé e nos aproximam profundamente do mistério da paixão, morte e ressurreição de Jesus.

    Nesta Quarta-feira Santa, somos convidados a meditar as Dores de Nossa Senhora. É um momento de contemplação e recolhimento, no qual voltamos nosso olhar para aquela que, mais do que qualquer outro ser humano, sofreu ao ver seu Filho ser condenado, humilhado e crucificado.

    A Semana Santa é, como temos repetido, a semana maior para nós cristãos. E por isso, é fundamental que participemos ativamente de cada um de seus dias, e não apenas do Tríduo Pascal.

    Na Segunda-feira Santa, meditamos o Sermão do Depósito ou o Ofício de Trevas. Terça-feira Santa, contemplamos o Sermão do Encontro, quando Jesus, a caminho do Calvário, encontra sua Mãe.
    E hoje, na Quarta-feira Santa, mergulhamos no mistério das Dores de Maria, a Mãe das Dores.

    A partir de amanhã, na Quinta-feira Santa, tem início o Tríduo Pascal, que culmina na grande celebração da Vigília Pascal e no Domingo da Ressurreição.

    Ao meditarmos as dores de Nossa Senhora, somos convidados a nos unir à sua dor de Mãe, a sentir, mesmo que minimamente, o que ela sentiu ao ver o próprio Filho ser condenado, preso, torturado e morto na Cruz.

    Desde o anúncio do anjo, quando concebeu Jesus, Maria sabia a missão que estava assumindo. Sabia o que aquele Menino significava.

    Desde o nascimento de Jesus, Ele foi perseguido.
    Celebramos isso no dia 28 de dezembro, com a festa dos Santos Inocentes.
    Logo em seguida, a Sagrada Família precisou fugir para o Egito, e ali permanecer por cerca de dois anos.

    Somente após a morte de Herodes é que retornam à sua terra, e passam a viver em Nazaré.

    Jesus cresce em estatura, sabedoria e graça.
    E quando Maria e José o apresentam no templo, o velho Simeão profetiza:

    “E quanto a ti, uma espada de dor transpassará a tua alma” (Lc 2, 33-35).

    É a partir dessa profecia que Nossa Senhora é chamada de Mãe das Dores.

    Maria guardava e meditava tudo em seu coração. E, mesmo diante de tanto sofrimento, aceitava a vontade de Deus.

    Nenhuma mãe deseja ver seu filho morrer, ainda mais crucificado.
    Mas Maria não se desespera. Ela chora, sofre em silêncio.
    E aos pés da Cruz, recebe uma missão de Jesus: acolher João como seu filho.

    Ao contemplarmos a imagem de Nossa Senhora das Dores,
    rezemos nesta noite por todas as mães que sofrem…
    Por aquelas que perderam seus filhos…
    Por aquelas que convivem com a dor da distância, da prisão, das drogas, da violência.

    Nossa Senhora nos ensina que a dor não é para sempre.
    Que o sofrimento passa.
    E que, após a noite escura, nasce a luz da esperança.

    Nossa Senhora das Dores é conhecida também por outros títulos: Nossa Senhora das Angústias, Nossa Senhora da Piedade, Nossa Senhora da Agonia, Nossa Senhora das Lágrimas.

    Títulos que expressam a profundidade do seu sofrimento ao ver seu Filho ser entregue à morte.

    Sua memória litúrgica é celebrada no dia 15 de setembro, logo após a Exaltação da Santa Cruz. Mas é ao longo desta Semana Santa que mais vivamente a recordamos: Ela, que acompanhou cada passo de Jesus até a Cruz.

    A imagem mais conhecida entre nós é a de Nossa Senhora da Piedade, Maria segurando nos braços o corpo de seu Filho, já sem vida.
    Essa imagem está na Basílica de Aparecida, no Brasil,
    e também no Vaticano, em Roma.

    Nessa noite, peçamos: que Nossa Senhora da Piedade coloque em seus braços todos os que sofrem, em especial, as mães que perderam seus filhos.

    Do alto da Cruz, Jesus entrega Maria a João. E entrega João a Maria.
    A partir daquele momento, Ela se torna Mãe da Igreja, Mãe de todos os viventes.

    Ela é a primeira discípula, a primeira cristã, e estava reunida com os discípulos quando o Espírito Santo foi derramado.
    Nossa Senhora nos acompanha em todos os momentos da nossa vida.

    Durante esta Semana Santa, sejamos fiéis:

    • Participemos das celebrações próprias deste tempo;
    • Meditemos com profundidade o Santo Terço, sobretudo os Mistérios Dolorosos;
    • E busquemos o sacramento da reconciliação, se ainda não o fizemos.

    Três figuras nos acompanham fortemente nessa semana: Isaías, Jesus e Maria. Cada um nos ensina a passar pela dor com confiança e esperança.

    Recordemos também aquela cena tão profunda…
    O encontro de Maria com Jesus, no caminho do Calvário.
    Jesus, coberto de feridas, olha para sua Mãe e diz:

    “Não choreis por mim… Chorai por vós mesmas e por vossos filhos…”

    Pensemos em tantas mães que encontram seus filhos mortos,
    vítimas da violência, das drogas, do abandono…Que Maria interceda por todas elas.

    Ela não é apenas uma Mãe sofrendo. Ela é a Colaboradora da Redenção, aquela que participa do mistério da salvação com seu sofrimento silencioso e fiel.

    A sétima dor de Maria, e talvez a mais profunda,
    é quando Ela vê seu Filho sendo depositado no sepulcro.
    Nenhuma mãe deseja enterrar um filho… Mas Maria se conforma, mais uma vez, com a vontade de Deus.

    Peçamos nesta celebração que Nossa Senhora console todas as mães
    que enfrentam o luto e o sofrimento da separação.

    Recordemos, com piedade e fé, as Sete Dores de Nossa Senhora:

    1. A profecia de Simeão (Lc 2, 34-35)
    2. A fuga para o Egito (Mt 2, 13-21)
    3. A perda do Menino Jesus no templo (Lc 2, 41-51)
    4. O encontro no caminho do Calvário (Lc 23, 27-31)
    5. A morte de Jesus na Cruz (Jo 19, 25-27)
    6. O recebimento do corpo de Jesus (Mt 27, 55-61)
    7. O sepultamento de Jesus (Lc 23, 55-56)

    Que do céu, Nossa Senhora das Dores interceda por nós.
    Que ela console nossas dores e sofrimentos.

    Maria é a Mãe da Consolação e da Esperança. Do céu, ela contempla o Filho ressuscitado, e intercede por seus filhos que ainda caminham neste mundo.

    Peçamos nesta noite: Que a Virgem das Dores alivie nosso coração, nos ajude a atravessar o calvário com esperança,
    e nos conduza à alegria da ressurreição.

    Construamos aqui, com fé, o Reino de Deus,
    e desejemos viver esse Reino na eternidade.

    Nossa Senhora das Dores, rogai por nós!

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