Maravilhas fez conosco o Senhor, exultemos de alegria! (Sl 125,126)
Chegamos ao quinto domingo da Quaresma e estamos terminando esse tempo de graça em que somos convidados a nos preparar para celebrarmos a Páscoa do Senhor. Por meio das práticas espirituais desse tempo, preparamos nosso coração e a nossa vida para entrarmos com o Senhor em Jerusalém, passar pelo Calvário e ressuscitar com Ele no domingo de Páscoa.
A Igreja nos convida a trilhar um caminho com Jesus, estando com Ele no deserto por quarenta dias, vivenciando o tempo quaresmal, depois, a partir do Domingo de Ramos, entrando com o Senhor em Jerusalém e participando ativamente da Semana Santa, passando pelo Calvário até chegar à ressurreição. Não podemos vivenciar o tempo quaresmal de maneira aleatória, ou seja, não ir todos os domingos à missa e não colocar em prática as penitências que esse tempo nos pede. Ainda mais, temos que vivenciar intensamente a Semana Santa, desde o Domingo de Ramos, que se inicia no próximo domingo, e todo o Tríduo Pascal. Por isso, precisamos “morrer” com o Senhor na Sexta-feira Santa e ressuscitar com Ele no Domingo de Páscoa. É preciso morrer para o pecado e ressurgir para uma vida nova.
Com a celebração deste quinto domingo da Quaresma e como em cada missa recordamos o memorial da paixão, morte e ressurreição do Senhor, prepararemos o nosso coração para o mistério que celebramos. Aproveitemos ainda este quinto domingo da Quaresma para rezarmos pela saúde do Papa Francisco, pela paz mundial e para que toda a humanidade cuide do meio ambiente e da nossa casa comum.
Na celebração deste domingo, o Senhor olhará para nós com misericórdia e nos dará o seu perdão, independentemente do mal que tivermos praticado. O Senhor se inclina lá dos céus, nos toma pela mão e nos dá o seu perdão. Por isso, confiemo-nos à misericórdia do Senhor e sejamos acolhidos por seu amor. Os homens guardam as nossas culpas do passado, mas Deus não.
A primeira leitura da missa deste domingo é do livro do profeta Isaías (Is 43, 16-21). O profeta diz que Deus fará novas todas as coisas, tempos novos estão chegando, através da Páscoa de Cristo. Temos que olhar para frente e não ficar relembrando coisas passadas. Se cairmos em algum momento, pela graça de Deus nos levantaremos. Confiemos sempre, Ele está ao nosso lado. Aqueles que andavam na sombra da morte ou nas trevas do pecado, em breve verão uma grande luz. Esse é o sentido de celebrarmos a Páscoa: quem andava sob a escuridão do pecado verá a luz do Senhor na Vigília Pascal e todo o pecado será apagado.
O salmo responsorial é o 125 (126), que diz em seu refrão: “Maravilhas fez conosco o Senhor, exultemos de alegria”. Temos que ser sempre gratos ao Senhor, tanto pelo que acontece de bom quanto pelo que acontece de ruim em nossa vida. Esse salmo é de ação de graças por tudo que Deus fez ao povo de Israel. Quem sabe nós também possamos elevar um salmo de gratidão ao Senhor, por aquilo que Ele fez em nossa vida e por podermos estar aqui, em mais um ano, celebrando a Páscoa.
A segunda leitura deste domingo é da carta de São Paulo aos Filipenses (Fl 3, 8-14). Paulo considera tudo como perda, diante do grande ganho que foi ter encontrado Cristo. Paulo considera tudo como lixo, diante do grande ganho que teve ao encontrar Cristo e ter se unido a Ele. Que, neste tempo da Quaresma e diante da Páscoa que se aproxima, possamos deixar tudo aquilo que nos afasta de Deus de lado e colocá-lo em primeiro lugar. E possamos considerar um ganho ter escolhido colocar Deus em primeiro lugar. Temos que correr para a nossa meta final, que é encontrar o Senhor na vida eterna.
O Evangelho deste domingo é de João (Jo 8, 1-11). Jesus foi ao monte das Oliveiras e, de madrugada, voltou ao Templo. Todo o povo se reuniu em volta d’Ele, e Ele começou a ensiná-los. Podemos observar que Jesus já está no caminho de subida para Jerusalém. No Domingo de Ramos, Ele entra em Jerusalém e inicia-se a sua trajetória da paixão, morte e posterior ressurreição. Na verdade, a vida pública de Jesus era um caminhar; percorria toda a Judeia até entrar em Jerusalém.
Os fariseus e mestres da lei trazem até Jesus uma mulher surpreendida em flagrante adultério. Eles dizem que, na Lei, Moisés manda apedrejar tais mulheres e querem saber de Jesus o que Ele tem a dizer. Eles faziam isso para terem um motivo para acusar Jesus e colocá-lo à prova. Na verdade, qualquer resposta que Jesus desse, eles teriam motivo para falar dele. Iriam dizer que Ele estava ao lado da Lei e não da misericórdia de Deus ou vice-versa.
Jesus começa a escrever com o dedo no chão e, como insistiam em interrogá-lo, ergueu-se e disse: “Quem dentre vós não tiver pecado seja o primeiro a atirar-lhe uma pedra”. E continuou a escrever no chão. Ao ouvirem o que Jesus falou, começaram a sair, um por um, iniciando-se pelos mais velhos. De repente, Jesus ficou sozinho com a mulher e disse a ela: “Onde estão eles? Ninguém te condenou?” Ela respondeu: “Ninguém, Senhor.” Jesus disse a ela: “Nem eu te condeno. Vá em paz e, de hoje em diante, não peques mais.”
O que esse Evangelho nos ensina é que não devemos condenar nem julgar ninguém; somente Deus nos julga por causa dos nossos atos. E Deus não condena ninguém, antes, espera que a pessoa se arrependa de todo o coração e busque a conversão sincera. Temos que olhar para nós mesmos antes de “julgar” o erro dos outros. Não podemos fazer justiça com as próprias mãos; devemos deixar Deus julgar cada um por seus atos.
Celebremos com fé e confiança este quinto domingo da Quaresma, na expectativa de que a nossa salvação se aproxima e, ainda, deixemos de lado o homem velho e nos revistamos do homem novo. Procuremos o sacramento da reconciliação, se ainda não o fizemos, e deixemo-nos iluminar pela luz de Cristo, que ressurgirá glorioso.