Papa Francisco aprova caminho de acompanhamento do Sínodo. Em 2028, haverá uma Assembleia Eclesial

A Igreja começa uma nova etapa da caminhada sinodal iniciada em 2021. O Papa Francisco aprovou, no último dia 11, um caminho de acompanhamento do Sínodo sobre a Sinodalidade que irá culminar em uma Assembleia Eclesial em 2028. O anúncio foi feito pelo secretário-geral da Secretaria do Sínodo, cardeal Mário Grech, em carta enviada aos bispos e eparcas e aos patriarcas e arcebispos-mor das Igrejas Católicas Orientais.

Esse acompanhamento trata da implementação do Sínodo concluído em 2024, após três anos de profundos debates e escutas sobre o tema “Por uma Igreja sinodal: comunhão, participação e missão”.

De acordo com o Papa Francisco, o Documento final da 16ª Assembleia Geral do Sínodo “faz parte do Magistério ordinário do Sucessor de Pedro” e, como tal, deve ser aceito. Isso implica para as Igrejas locais, segundo explicou o cardeal Grech, o compromisso de “implementar” as indicações do próprio Documento, por meio de processos de “discernimento e decisão”. Isso deve ocorrer como “um processo de recepção” do documento final de uma forma que seja “adaptados às culturas locais e às necessidades das comunidades”.

Recepção do Sínodo no Brasil

Aqui no Brasil, esse processo já toma forma na atualização das Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora (DGAE), cuja aprovação será feita na 62ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), entre os dias 30 de abril e 9 de maio, em Aparecida (SP). Com escutas realizadas entre os bispos e com diferentes grupos do Povo de Deus, as indicações chegarão à Assembleia dos Bispos com um caminho sinodal de escuta e participação, também considerando o que foi publicado no Documento Final da Assembleia do Sínodo, em 2024.

Em conversa com o presidente da CNBB, cardeal Jaime Spengler, em visita à Secretaria do Sínodo, o cardeal Mário Grech salientou que “o Sínodo não está concluído. O Sínodo começa hoje, na fase de implementação, nas Igrejas locais”. É com essa proposta que ele será um dos convidados a aprofundar a contribuição sinodal para as Diretrizes da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil durante a Assembleia da CNBB neste ano.

A fase de implementação

A ideia do cardeal Grech é que a fase de implementação do Sínodo não seja entendida como “uma simples aplicação de diretrizes vindas de cima”, mas sim como “um processo de recepção” do Documento final de uma forma que seja “adaptado às culturas locais e às necessidades das comunidades”, mantendo sempre o objetivo de “tornar concreto” o intercâmbio e o diálogo “entre as Igrejas e na Igreja como um todo”.

Envolver sacerdotes, diáconos, consagrados e leigos

De “importância fundamental” para esse processo de implementação – continua – é o envolvimento renovado de todas as pessoas que deram sua contribuição durante o Sínodo, para que a “escuta de todas as Igrejas” e o discernimento de seus pastores possam dar frutos. Portanto, os instrumentos básicos serão as “equipes sinodais formadas por presbíteros, diáconos, consagrados e consagradas, leigos e leigas, acompanhados pelo seu bispo”. Por conseguinte, essas equipes – recomenda o Secretário Geral – devem ser “valorizadas” e, se necessário, “renovadas, reativadas e adequadamente integradas”.

Os Grupos de trabalho e a Comissão de Direito Canônico

Todo o processo – sublinha o Secretário Geral – constitui “o quadro” no qual se devem situar também “os resultados dos trabalhos dos Grupos de Estudo e as contribuições da Comissão de Direito Canônico”. Deve-se lembrar que os Grupos de Estudo, em número de dez, foram instituídos pelo Papa Francisco em março de 2024, com a tarefa de examinar questões que surgiram durante a primeira sessão da 16ª Assembleia Sinodal, realizada em 2023. A Comissão de Direito Canônico, por outro lado – como indicado no Instrumentum laboris da segunda sessão da Assembleia, operativa desde 2023 – foi criada “do acordo com o Dicastério para os Textos Legislativos, a serviço do Sínodo”.

Etapas

Em seguida, o Cardeal Grech indicou as etapas em que o caminho de acompanhamento da fase de implementação do Sínodo será dividido: para começar, neste mês de março, o anúncio do caminho; em seguida, em maio, será realizada a publicação de um Documento que indicará detalhes da realização do mesmo. Enquanto os caminhos de implementação continuarão nas Igrejas locais e em seus agrupamentos, no próximo mês de outubro, de 24 a 26, será convocado o “Jubileu das equipes sinodais e dos organismos de participação”. Trata-se de “um encontro importante”, explica o secretário-geral, que inscreve “o compromisso com uma Igreja cada vez mais sinodal no horizonte da esperança que não engana”, celebrado com o Ano Santo atualmente em curso.

Em três anos, uma Assembleia Eclesial

Posteriormente, entre o primeiro e o segundo semestre de 2027, serão realizadas Assembleias de avaliação nas dioceses, eparquias, Conferências Episcopais nacionais e internacionais, Estruturas Hierárquicas Orientais e outros agrupamentos de Igrejas. O primeiro e o segundo semestre de 2028, por outro lado, serão designados para as Assembleias Continentais de Avaliação e para a publicação do Instrumentum laboris da Assembleia Eclesial de outubro de 2028.

Convite para rezar pelo Papa

A carta do Cardeal Grech termina com um convite para rezar pela saúde do Papa Francisco, que está hospitalizado desde 14 de fevereiro no Hospital “Gemelli”, em Roma.

Luiz Lopes Jr - com informações de Isabella Piro/Vatican News

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