Este é o meu Filho Amado, Escutai-O!!

    As leituras deste 2º. Domingo da Quaresma têm como tema principal a fé. Em tempo de Quaresma somos convidados a revitalizar a nossa fé, a confiar de olhos fechados em Deus e nas suas propostas. Pode ser que, à luz da lógica humana, os caminhos que Deus nos aponta pareçam estranhos e ilógicos; mas eles conduzem, indubitavelmente, à vida verdadeira e eterna.

    A primeira leitura – Gn 15,5-12.17-18 – apresenta-nos Abraão, o modelo do crente. Ele confiou plenamente em Deus, mesmo quando as promessas de Deus pareciam inverosímeis; e não saiu defraudado. Com Abraão, somos convidados a “acreditar”, isto é, a viver numa atitude de confiança total, de aceitação radical, de entrega plena aos desígnios desse Deus que não falha e é sempre fiel às suas promessas. Deus faz aliança com um casal de anciãos estéril e nômade e lhe promete descendência e terra. A promessa desafia a lógica humana, mas mesmo assim Abraão crê no Senhor. O rito realizado indica que os contraentes aceitam ser cortados ao meio se não cumprirem a palavra. Ao contrário do ser humano, Deus sempre é fiel às suas alianças.

    No Evangelho – Lc 9,28b-36 – Jesus pede aos discípulos que confiem n’Ele e que ousem segui-l’O no caminho de Jerusalém. Esse caminho, embora passe pela cruz, conduz à ressurreição, à vida nova e eterna. Aos discípulos, relutantes e assustados, Deus confirma a verdade da proposta de Jesus: “Este é o meu Filho, o meu Eleito. Escutai-O”. É uma proposta que também nós somos convidados a abraçar.

    Neste domingo, estamos no alto da montanha da Transfiguração. A visão da transfiguração do Senhor que os discípulos têm – “seu rosto mudou de aparência e sua roupa ficou muito branca e brilhante” (Lc 9,29) – é, na verdade, a antecipação da glória da Ressurreição de Cristo. Observa-se que o Evangelista acentua, em primeiro lugar, o rosto brilhante de Jesus. Ora, Jesus Ressuscitado é “o rosto de Deus” que brilhou no mundo. O itinerário do discípulo de Cristo é o da Cruz, da renúncia e do sacrifício. Contudo, a esperança de uma vida ressuscitada, livre de todo pecado e maldade, se torna caminho de salvação. Por isso, Pedro exclama: “Mestre, é bom estarmos aqui” (Lc 9, 33b). A voz do Pai, que se ouviu na nuvem, é a proclamação do messianismo de Jesus: Ele é o Cristo, a realização das promessas de Deus. Essas promessas perpassam todo o Antigo Testamento e, inclusive, estão expressas no trecho do Livro do Gênesis, lido hoje. A busca pela terra, pela garantia da descendência e pela vida em abundância se torna chave de leitura de toda a história antiga. A Aliança de Deus com Abraão é sinal provisório da Aliança de Deus com os seres humanos na pessoa de Jesus de Nazaré, que é a garantia da vida plena e eterna para todos os que seguirem seus ensinamentos e aderirem, pela fé, à sua Pessoa e à sua Cruz redentora!

    Na segunda leitura – Fl 3,17-4,1 – São Paulo pede aos cristãos da cidade de Filipos que não se limitem a uma vivência religiosa feita de práticas externas e de gestos vazios. Os crentes verdadeiros são aqueles que vivem de olhos postos no Senhor Jesus, aquele que “transformará o nosso corpo miserável, para o tornar semelhante ao seu corpo glorioso”. Certo conflito na comunidade de Filipos está deixando o autor em “lágrimas”: trata-se dos que se comportam como “inimigos da cruz de Cristo”. O próprio Paulo se propõe como exemplo a ser imitado e anima os “amigos de Cristo” a continuarem firmes nessa amizade. Os filipenses e os cristãos de todas as épocas e lugares, devem caminhar para Ele sem hesitação, firmes na fé e guiados pela Boa Nova da salvação.

    O tempo da Quaresma é propício para nos acordar da sonolência que tantas vezes nos atinge. A oração vigilante é excelente expediente para nos mantermos em sintonia com o Espírito de Deus. Demos ao Senhor uma oportunidade de nos surpreender e despertar o coração.

    Vamos, nesta Quaresma, subir ao monte com Jesus por meio da oração. Com os olhos fixos no Crucificado, vislumbraremos a luz que nos iluminará os caminhos, tantas vezes percorridos sobre cruzes pesadas. Sejamos peregrinos de esperança para bem vivenciar a nossa vocação cristã e façamos a experiência da transfiguração, que nos exige vigilância para fazer sempre a vontade de Deus e viver a santidade, corrigindo nossos erros, vícios e pedindo perdão de nossos pecados. Este é o Meu Filho Amado, Escutai-O!

     Contemplemos o rosto luminoso de Cristo, em meio às tribulações do presente, e busquemos sempre a face do Senhor Ressuscitado!

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