Celebramos no 18 de dezembro a memória litúrgica de Nossa Senhora da Expectação, N. Sra. do Parto ou simplesmente Nossa Senhora do Ó. Esta festa litúrgica é celebrada porque se aproxima o dia do nascimento de Jesus e somos convidados a nutrir em nós a mesma expectativa que Maria sentia naquele momento. A partir da festa da expectação de Nossa Senhora faltarão seis dias para o Natal do Senhor, um período em que devemos rezar, vigiar e pedir a luz do Espírito Santo sobre nós e nossa família.
Com certeza, por essa época a expectativa de Nossa Senhora era muito grande, e a alegria tomava conta dela e de São José. Além da alegria, a aflição e o medo do que viria pela frente envolviam Nossa Senhora e São José. Jesus nasceu no estábulo, pois não havia lugar para eles na hospedaria e depois tiveram que fugir para o Egito por causa de Herodes. Nesses últimos dias do advento a liturgia nos aproxima desse momento que mudou a história da humanidade e podemos repetir em toda missa com mais veemência: “Vem Senhor Jesus”.
Essa expectativa para o nascimento do Messias passou por muitos anos, o povo de Israel esperava ansioso a vinda do Messias, só que para a frustração de alguns que esperavam um Messias político, guerreiro, ou que vivesse em Palácio, Deus ao contrário envia o seu Filho, gerado no seio de uma serva humilde e Jesus não era um guerreiro, ou político, mas anunciava o Reino de Deus e que todos se convertessem de suas más atitudes de todo coração.
Inclusive até hoje os judeus ainda vivem essa “expectativa” para a chegada do Messias, e nós cristãos vivemos uma “expectativa” diferente, aguardamos a segunda vinda de Cristo, Ele já nasceu uma vez em Belém. Em cada Natal nos unimos a Nossa Senhora e vivemos a “expectativa” para que Ele nasça em nosso lar.
A expectativa que envolvia Nossa Senhora não era simplesmente a ansiedade de uma moça jovem grávida, mas de ser a mãe do Filho de Deus. A expectativa que envolvia Maria era de ser a “bendita entre todas as mulheres da terra” e corredentora da humanidade. Ao gerar o Filho de Deus Nossa Senhora coopera com a obra salvadora de Deus.
Junto com Nossa Senhora proclamamos na semana de 17 a 24 de dezembro aquilo que denominamos como antífonas do Ó, por isso, Nossa Senhora da expectação é conhecida como Nossa Senhora do Ó. As antífonas expressam de certo modo a expectativa de toda a Igreja na vinda do Messias. O Messias é aquele que vai selar a paz e ensinará a todos o caminho do amor. A cada antífona do ó que proclamamos e conforme vamos avançando até chegar na sétima antífona sentimos o Messias mais perto de nós, do mesmo modo que ao longo do tempo do advento vamos acendendo as velas da coroa. Por isso, ao proclamarmos as antífonas nos aproximamos mais de Nossa Senhora e sentimos um pouco da expectativa que ela viveu antes do nascimento de Jesus.
As antífonas sempre vêm acompanhadas pela interjeição “Ó”, como por exemplo: “Ó Sabedoria, vinde ensinar-nos o caminho da salvação”; “Ó rebento da Raiz de Jessé, vinde libertar-nos, não tardeis mais”; “Ó Emanuel, vinde salvar-nos, Senhor nosso Deus”. Com isso, junto com Nossa Senhora a Igreja entra num período de expectativa pela chegada do nosso Salvador. O verdadeiro sentido do Natal é esse, o nosso maior presente que chega no Natal é Jesus. Por isso, a Igreja celebra ao longo do tempo do Advento a novena de Natal e a festa de Nossa Senhora do Ó, nos ensinado a exemplo da Virgem Maria, a esperar Jesus no Natal e não outra coisa.
A festa de Nossa Senhora do Ó ou da Expectação foi instituída no século VI pelo décimo Concílio de Toledo, ilustre na História da Igreja pela dolorosa, humilde, edificante e pública confissão de Potâmio, Bispo bracarense, pela leitura do testamento de São Martinho de Dume. Além da presença simultânea de três santos de origem espanhola: Santo Eugênio III de Toledo, São Frutuoso de Braga e o então abade Agaliense Santo Ildefonso.
Nessa data antigamente comemorava-se a festa da “Anunciação de Nossa Senhora e Encarnação do Verbo”. Santo Ildefonso estabeleceu que nessa data fosse celebrada a festa com o título: “Expectação do parto”. Assim ficou sendo na Hispânia, e a muitas igrejas da França. Ainda é celebrada com esse título na Arquidiocese de Braga. Por isso, essa festa de hoje tem diversos títulos, mas o mesmo significado.
Segue abaixo a oração que podemos fazer a Nossa Senhora da expectação, do Parto ou do Ó, ao longo desse tempo do advento e sobretudo entre os dias 17 e 24, ou ainda, rezar sempre em favor de alguma gestante e daquelas que desejam ser mães:
“Maria, padroeira das gestantes e daquelas que desejam engravidar, pedimos que realize os milagres mais impossíveis a favor da vida e do crescimento cristão. Às gestantes em risco, dai conforto e fortaleza, saúde e esperança, para que o nome de Jesus seja amado e adorado em todo o mundo. Amém.”