Assunção de Nossa Senhora.

                Na Solenidade da Assunção de Nossa Senhora a Igreja contempla e reconhece a força do Mistério Pascal presente na vida de Maria – a Mulher toda de Deus. Ela é sinal da Igreja, na qual o Senhor fez, faz e fará inúmeras maravilhas, pois Ele é Santo e sua misericórdia se estende a todos os seus.

                Nós rezamos que nossa fé nos mantenha atentos às coisas de Deus, a fim de que um dia participemos de sua glória assim como Maria participou. A Virgem Assunta aos céus se torna protótipo daquilo que esperamos e acreditamos que se completará em nossas vidas. Maria é a mulher do Apocalipse o grande sinal de Deus. Nela se realiza a salvação, a força e a realeza de nosso Deus e o poder do seu Cristo!

    Na primeira leitura – Ap 11,19a; 12,1.3-6a.10ab – As visões do Apocalipse exprimem-se numa linguagem codificada. Elas revelam que Deus arranca os seus fiéis de todas as formas de morte. Por transposição, a visão o sinal grandioso pode ser aplicada a Maria. O livro do Apocalipse foi composto no ambiente das perseguições que se abatiam sobre a jovem Igreja, ainda tão frágil. O profeta cristão evoca estes acontecimentos numa linguagem codificada, em que os animais terrificantes designam os perseguidores. A Mulher pode representar a Igreja, novo Israel, o que sugere o número doze (as estrelas). O seu nascimento é o do baptismo que deve dar à terra uma nova humanidade. O Dragão é o perseguidor, que põe tudo em ação para destruir este recém-nascido. Mas o destruidor não terá a última palavra, pois o poder de Deus está em ação para proteger o seu Filho. Proclamando esta mensagem na Assunção, reconhecemos que, no seguimento de Jesus e na pessoa de Maria, a nova humanidade já é acolhida junto de Deus.

    Na segunda leitura – 1Cor 15,20-27a – a Assunção é uma forma privilegiada de Ressurreição. Tem a sua origem na Páscoa de Jesus e manifesta a emergência de uma nova humanidade, em que Cristo é a cabeça, como novo Adão. Todo o capítulo 15 desta epístola é uma longa demonstração da ressurreição. Na passagem escolhida para a festa da Assunção, o apóstolo apresenta uma espécie de genealogia da ressurreição e uma ordem de prioridade na participação neste grande mistério. O primeiro é Jesus, que é o princípio de uma nova humanidade. Eis porque o apóstolo o designa como um novo Adão, mas que se distingue absolutamente do primeiro Adão; este tinha levado a humanidade à morte, ao passo que o novo Adão conduz aqueles que o seguem para a vida. O apóstolo não evoca Maria, mas se proclamamos esta leitura na Assunção, é porque reconhecemos o lugar eminente da Mãe de Deus no grande movimento da ressurreição.

                No Evangelho – Lc 1,39-56 – apresenta o cântico de Maria descreve o programa que Deus tinha começado a realizar desde o começo, que ele prosseguiu em Maria e que cumpre agora na Igreja, para todos os tempos. Pela Visitação que teve lugar na Judeia, Maria levava Jesus pelos caminhos da terra. Pela Dormição e pela Assunção, é Jesus que leva a sua mãe pelos caminhos celestes, para o templo eterno, para uma Visitação definitiva. Nesta festa, com Maria, proclamamos a obra grandiosa de Deus, que chama a humanidade a se juntar a ele pelo caminho da ressurreição. Em Maria, Ele já realizou a sua obra na totalidade; com ela, nós proclamamos: “dispersou os soberbos, exaltou os humildes”. Os humildes são aqueles que crêem no cumprimento das palavras de Deus e se põem a caminho, aqueles que acolhem até ao mais íntimo do seu ser a Vida nova, Cristo, para o levar ao nosso mundo. Deus debruça-se sobre eles e cumpre neles maravilhas. Em Maria se cumpre a salvação divina: nela, o Senhor mostra a força do seu braço – elevando os humildes, destronando os poderosos, saciando os famintos e despedindo sem nada os ricos. Em Maria, a bendita entre todas as mulheres da Terra, temos a ação divina que faz muitas e grandes coisas em favor de seu povo.

                A Solenidade da Assunção de Nossa Senhora aos céus ressalta duas características marcantes em Nossa Senhora: o serviço ao próximo e o louvor a Deus. Celebremos em comunhão com os vocacionados à vida consagrada: religiosos e religiosas, consagrados e consagradas seculares.

                Nossa Senhora da Assunção nos ajude a um dia entrar no céu!

     

    + Anuar Battisti

    Arcebispo Emérito de Maringá, PR

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