Homilia na Ordenação de três novos sacerdotes para o Mosteiro de São Bento. Rio de Janeiro, 8 de junho de 2024.

    Caríssimos Dom Filipe, Abade deste Mosteiro de São Bento do Rio de Janeiro; Dom Jeremias Antônio de Jesus; priores aqui presentes, representantes de diversas autoridades monásticas, Márcio Gualberto, deputado e demais autoridades civis, amados membros desta Abadia, caríssimos Padres que vieram para participar desta celebração, Diáconos, familiares dos ordinandos, aqueles que vieram da Ilha do Governador, de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul, que fizeram várias paradas até chegar aqui em solidariedade e fraternidade com todo o nosso povo do Rio Grande do Sul, ontem inclusive a Rede Vida gerou uma programação para todas a mídia católica para estar junto com esses irmãos e irmãs do Rio Grande do Sul. Aos irmãos e irmãs que estão participando da celebração aqui neste local e também àqueles que nos assistem pela Rede Vida de Televisão, Rádio Catedral, Rede Nazaré, WebTv Redentor e as mídias digitais que transmitem esta celebração.

    Hoje é um dia memorável para esta casa e este Mosteiro, que eu dizia no início, é tão antigo quanto novo; antigo pela sua fundação nesta colina, pela história que tem dentro da Diocese-Arquidiocese do Rio de Janeiro, do Brasil e também da Ordem Beneditina. Temos os passos dados através dos tempos e temos a oportunidade de celebrar este momento da ordenação destes três irmãos na memória do Imaculado Coração de Maria, que, como ouvimos na leitura do Evangelho – Lucas 2,41-51 –, guardava no seu coração todas essas coisas. Também nós somos convidados a guardar no coração e, como lembra a primeira leitura – Isaías 61, 9-11 –, a nos regozijar e alegrar com tantos dons e tantas graças. Maria guardava no coração e, depois, louvava e bendizia ao Senhor com tantos dons e graças, como também o Salmo de Resposta – 1Sm 2,1-4-5.6-78abcd – nos ensina. Nós somos chamados a isso nesta manhã, caríssimos irmãos e irmãs, a guardar no coração, fazer memória e louvar e bendizer ao Senhor.

    Conheço esta casa há tanto tempo, desde quando, ainda jovem monge, vinha participar dos vários encontros com devoção e meditação aqui. Esta casa também tem uma história na liturgia da Igreja no Brasil; na reforma litúrgica que marcou e marca a história, não se pode escrever a história da liturgia da Igreja sem mencionar este Mosteiro de São Bento, com as pessoas que marcaram não só a liturgia, mas também toda a vida intelectual da nossa cidade e da nossa arquidiocese. Sabemos também da sua presença na periferia desta cidade, com marcas com Igrejas e locais que refletem a presença monástica. Além disso, toda a dimensão que o mosteiro adquiriu, especialmente durante suas missões no norte do Brasil, quando, enquanto abadia territorial ou abadia nullius, serviu à Igreja nessa missão evangelizadora.

    Guardar no coração e exultar de alegria no Senhor é poder ver a caminhada histórica e a ação do Espírito Santo que conduz a Igreja e, também, a comunidade. Estar aberto à ação do Espírito de Deus que realiza maravilhas, mesmo enfrentando vicissitudes, como na época do Marquês de Pombal, e outras dificuldades que surgiram, mas que o Senhor conduziu e levou adiante a missão. Guardar no coração e bendizer ao Senhor é também ver como Ele providencia novos momentos e novas realidades para esta abadia e nossa arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro.

    Vivemos momentos desafiadores, com questões sociais como a pobreza e as variadas dificuldades sociais, bem como a violência e insegurança na nossa grande cidade, nesta guerra urbana. Mas também existe a necessidade de espiritualidade e oração, no Ano da Oração que vivemos a caminho do jubileu de 2025 como “peregrinos da esperança”. Acredito, caríssimos irmãos, que este Mosteiro de São Bento é um pulmão espiritual para esta cidade, permitindo-nos respirar a espiritualidade que nos move a ser uma presença viva nesta grande cidade. Deus habita esta cidade, e temos certeza de que aqueles que aqui rezam e celebram o Ofício Divino são um grande sinal para esta cidade respirar cada vez mais a espiritualidade e enfrentar as dificuldades existentes.

    O trabalho que se faz na vida de oração e na ação, tanto no ofício divino como no dia a dia, na Escola Teológica e no Colégio São Bento, é de grande importância na formação dos jovens, das pessoas e dos futuros sacerdotes da nossa região e país. Por isso, com muita alegria, faço memória e guardo no coração, pedindo a Deus que nos faça guardar e deixar o Senhor conduzir nossa vida e história, vendo a ação do Espírito Santo e louvando e bendizendo ao Senhor por tantos dons e graças.

    Este é um momento de renovação para esta Abadia, com o rejuvenescimento daqueles que chegam de diversas partes da cidade e do Brasil para se unirem a esta comunidade no louvor diário e na vida comunitária. Dentre estes, a comunidade escolheu três que hoje estão sendo ordenados presbíteros. Como recorda São Bento, eles servem à comunidade como presbíteros, também servindo, no Colégio São Bento, na Escola de Teologia, e, de modo especial, acolhendo as pessoas nesta abadia, sendo um lugar de respiro espiritual para a grande cidade, oferecendo celebrações, confissões e direção espiritual para todos que aqui chegam.

    Portanto, louvamos a Deus pela condução e vemos que, em cada época da história, esta Abadia teve seu protagonismo em vários aspectos. Queremos guardar no coração tudo o que aconteceu no início, todas as questões com relação ao Marquês de Pombal, a presença nesta cidade, as missões no norte do país, a formação monástica não só no Brasil, mas na América Latina, e agora, esta Abadia como pulmão espiritual que dá esperança ao nosso povo. Cada época viu esta comunidade exercer bem sua missão, e os três novos sacerdotes que são ordenados hoje colaborarão com a vida da comunidade monástica, com os trabalhos do Mosteiro e com a presença da Igreja na Arquidiocese, acolhendo, ajudando a rezar e respirando a vida espiritual necessária para enfrentar o dia a dia. No centro histórico desta nossa cidade, com tudo o que simboliza a vida deste Mosteiro tão antigo e tão novo, que seja ainda mais um sinal para toda a nossa população. Que os nossos três irmãos, Dom André Bertini, Dom Bento de Aviz e Dom Tomás Peres, ordenados presbíteros, sintam a bela e importante missão, guardem no coração e regozijem-se pelo chamado de Deus, vendo a importância de sua presença na vida da comunidade e na nossa Arquidiocese, especialmente neste ano da oração e no nosso segundo Sínodo Arquidiocesano sobre as missões, ajudando as pessoas a respirarem espiritualidade, esperança, confiança e sendo construtores da paz.

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