O célebre erudito teólogo Joseph Ratzinger sempre foi particularmente bem-sucedido por seu rigor teológico e pela qualidade científica indiscutível de seus trabalhos, inflamando em todas as áreas importantes discussões doutrinárias e exegéticas que ainda são afetadas por sua influência. O Seu abissal pensamento abriu horizontes que consideramos importantes para estudar e analisar em uma perspectiva contemporânea na visão de uma Igreja jovem, mas sempre bem enraizada em suas antigas raízes cristãs1.
“Deus guia sua Igreja, sempre a apoia mesmo e acima de tudo em tempos difíceis. Nunca perdemos essa visão de fé, que é a única visão verdadeira do caminho da Igreja e do mundo”, disse o ínclito Papa Teólogo Bento XVI2.
O ato fundamental do cristão é o encontro com Jesus, com a palavra de Deus que é Pessoa. Ao encontrar Jesus, encontramos a verdade, o amor de Deus, e a relação de amizade torna-se amor; nossa comunhão com Deus cresce, somos verdadeiramente crentes e nos tornamos santos. (Homilia de Bento XVI em 22/12/2013 – Quarto Domingo do Advento)3.
O cardeal Joseph Ratzinger era o decano do colégio cardinalício quando, em 18 de abril de 2005, proferiu a homilia da “Missa Pro Eligendo Romano Pontifice”, ou seja, “Missa pelo Romano Pontífice a ser Eleito”. De fato, os cardeais estavam reunidos em conclave para escolher o papa que substituiria São João Paulo II, falecido no dia 2 daquele mês. O eleito acabaria sendo o próprio Ratzinger, no dia seguinte, 19 de abril, vindo a se tornar o Papa Bento XVI.
Naquela homilia, o cardeal mundialmente reconhecido como fiel guardião da pureza da doutrina católica observou:
“Quantos ventos de doutrina conhecemos nestes últimos decênios, quantas correntes ideológicas, quantas modas do pensamento… A pequena barca do pensamento de muitos cristãos foi muitas vezes agitada por estas ondas, lançada de um extremo ao outro: do marxismo ao liberalismo, até à libertinagem, ao coletivismo radical; do ateísmo a um vago misticismo religioso; do agnosticismo ao sincretismo e por aí adiante. Cada dia surgem novas seitas e realiza-se quanto diz São Paulo acerca do engano dos homens, da astúcia que tende a levar ao erro (cf. Ef 4, 14). Ter uma fé clara, segundo o Credo da Igreja, muitas vezes é classificado como fundamentalismo. Enquanto o relativismo, isto é, deixar-se levar ‘aqui e além por qualquer vento de doutrina’, aparece como a única atitude à altura dos tempos hodiernos. Vai-se constituindo uma ditadura do relativismo que nada reconhece como definitivo e que deixa como última medida apenas o próprio eu e as suas vontades”4.
O insigne mestre e doutor Joseph Ratzinger, ínclito teólogo e um dos maiores pensadores do século XX. Seu legado da ortodoxia da fé, da dogmática católica e a sua apologética apoteótica da Sagrada Escritura, da Tradição, e do Magistério são imensuráveis. É gigantesco o legado teológico produzido pelo excelente doutor Ratzinger. Há uma perfeita conexão nos escritos do ínclito teólogo: beleza e profunda epistemologia ortodoxa. No futuro, possivelmente será declarado Doutor da Igreja!
Prof. Dr. Inácio José do Vale
Graduado em Teologia com Licenciatura pela Universidade Católica Santa Úrsula – Rio de Janeiro/RJ.
Especialista no Ensino de Filosofia e Sociologia pelo Centro Universitário Dr. Edmundo Ulson – Araras/SP.
Doutor em Ciências Sociais da Religião pela American Christian University-USA.
Fontes Bibliográficas:
Na foto: Bento XVI na última audiência geral em 27 de fevereiro de 2013: “Não abandono a cruz”.
1https://www.farodiroma.it/a-scuola-di-joseph-ratzinger/
2https://www.farodiroma.it/nellultima-uscita-di-benedetto-xvi-ce-qualcosa-che-non-torna-sembra-un-avvertimento-non-e-il-suo-stile/
3https://www.acidigital.com/noticia/56990/editora-vaticana-publica-a-primeira-de-mais-de-30-homilias-ineditas-de-bento-xvi
4https://pt.aleteia.org/2023/12/27/pouco-antes-de-ser-eleito-papa-ratzinger-alertou-contra-os-ventos-de-doutrina/
RATZINGER, Joseph. Lembranças da minha vida: autobiografia parcial (1927-1977); tradução de Frederico Stein, São Paulo: Paulinas, 2006.
RATZINGER, J. A Europa na crise da cultura. In. Communio.Vol. XXVIII, Nº 1: janeiro/março 2009, p. 39.
SEEWALD, Peter. Bento XVI visto de perto. São João do Estoril: Lucerna, 2007.