Tuíte do Papa, quem ama serve por meio das obras: a Casa do Menor na Guiné-Bissau

A pedagogia da presença e do amor vivida por Pe. Renato Chiera no país africano

O tuíte do Papa Francisco desta quinta-feira (17) fala da felicidade de quem “corre ao encontro dos outros para servi-los em nome de Jesus”, sem ficar de braços cruzados, mas ajudando através de obras. Mais ou menos como acontece com o Pe. Renato Chiera que há 2 anos procurou estender o seu trabalho com crianças, adolescentes e jovens do Brasil até a Guiné-Bissau, através de cursos profissionalizantes e do Evangelho do amor de Deus e da pedagogia da presença.

Andressa Collet – Vatican News

“Quem ama não fica de braços cruzados, quem ama serve, corre ao encontro dos outros para servi-los em nome de Jesus. Ama-se por meio das obras e amar nos faz felizes!”

Esse é o pensamento do Papa Francisco divulgado nesta quinta-feira (17) através de um tuíte, mas enaltecido em alto e bom tom aos 25 mil voluntários que trabalharam na Jornada Mundial da Juventude de Lisboa no início de agosto. Um serviço de alegria e de amor gratuito ao próximo, revelado no Evangelho, e vivido em primeira pessoa por missionários como o Pe. Renato Chiera, fundador da Casa do Menor na Baixada Fluminense.

O falecido dom Pedro Carlos Zilli foi quem convidou a inserir a obra no país
O falecido dom Pedro Carlos Zilli foi quem convidou a inserir a obra no país

Não satisfeito em abraçar as periferias do Rio de Janeiro, Ceará, Alagoas e Paraíba, o italiano realizando a sua obra no Brasil há 45 anos, já está há 2 anos presente também na Guiné-Bissau. Matteo Ghiglione, responsável de projetos da Casa do Menor, contou ao Vatican News que o convite partiu ainda de dom Pedro Carlos Zilli, o primeiro bispo brasileiro na Guiné-Bissau, padre do PIME (Pontifício Instituto para as Missões Exteriores), que infelizmente morreu vítima da Covid-19 em março de 2021. Foi o primeiro bispo da diocese de Bafatá, onde exerceu seu ministério por 33 anos, acolhendo inclusive muitos missionários brasileiros num país marcado pela guerra e cuja população é composta por 15% de cristãos, de minoria católica.

A Casa do Menor na Guiné-Bissau

“Ajudar custa, a todos nós”, disse o Papa no último domingo (13) ao enaltecer aqueles que “servem ao próximo” porque não é uma tarefa fácil: “é fadigoso, mas é subir em direção ao alto, é ganhar o céu! Isso é serviço de verdade”, continuou Francisco ao falar sobre a sua admiração ao voluntariado. Uma dedicação à gratuidade que não vê limitações geográficas, como fez a Casa do Menor ao estender a sua obra até Guiné-Bissau, como explicou Matteo:

“Estamos presentes em Bambadinca, uma pequena aldeia no centro do país, onde há tantos desafios. A nossa presença conta com 4 missionários leigos que pertencem a duas obras da Igreja: a Casa do Menor e a Obra Lumen de Evangelização. É um sinal bonito de comunhão entre instituições, que já acontece em Fortaleza, no nordeste do Brasil. As atividades são de reforço escolar, onde cerca de 60 crianças, adolescentes e jovens participam. Sabemos que a educação é um setor fundamental da vida das pessoas. Portanto, queremos reforçar aos jovens que que estão estudando para que possam continuar e concluir o ciclo de estudo básico.”

E a Casa do Menor sabe do que se trata, pois já formou mais de 120 mil jovens em cursos profissionalizantes no Brasil, oportunizando qualificação para o mercado do trabalho e oferecendo valores através da evangelização do amor de Deus e da pedagogia da presença. O Pe. Renato Chiera confidenciou ao Vatican News os detalhes da sua Igreja em saída:

“Mas a África me chama há muito tempo. Sempre tive amor pelas periferias e a África parecia a ‘grande periferia’, pois é a ‘grande esquecida’, pois não se fala da África.”

“Quando fomos lá, eu me espantei um pouquinho. Eu conheço o Brasil, porém lá é outra coisa: não tem nada, não tem tecnologia, não tem luz, não tem nada. Tem um calor danado. A saúde é péssima. A média de vida é de 50 anos. Ma lá eu já dei o meu coração! Lá o é o lugar de onde a juventude quer ir embora porque não tem perspectiva. Uma menina de 16 anos com um bebê, filho dela, chegou a dizer pra que levá-lo embora porque ali não tinha nenhum futuro.”

A pedagogia da presença da Casa do Menor
A pedagogia da presença da Casa do Menor

A pedagogia do amor e da presença sem distinção

Um futuro que a Casa do Menor quer ajudar a construir na África junto a crianças, adolescentes e jovens de rua e que são de diversas confissões religiosas, como contou Matteo:

“O nosso sonho é de construir um centro polivalente que possa abranger mais jovens e que possa ter atividades lúdicas, desportivas e culturais, além de formação profissional. Sabemos que poder transmitir competências técnicas ajuda jovens a construir concretamente o próprio futuro. Mas o nosso trabalho não é só de transmitir competências técnicas, mas também valores. E estamos abertos em receber pessoas de qualquer religião: naquela região, a maioria das pessoas são muçulmanas, mas as nossas portas estão abertas para todos.”

E o Padre Chiera concluiu:

“Nós estamos aprendendo a evangelizar sem falar o nome de Jesus. Anunciar Jesus sem falar dele, porque Jesus é a presença do amor do Pai e nós anunciamos Deus através do amor.”

“Nós evangelizamos através de um dado, o ‘dado do amor’. Todos os dias jogamos uma frase da Palavra de Deus: ensinamos a amar a muçulmano, a evangélico no Brasil. O nosso trabalho não é para católicos apenas, nós somos para todos! Porque a linguagem do amor é universal”, finalizou o missionário italiano.

A Casa do Menor na Guiné-Bissau

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