Celebramos mais um 4º Domingo da Páscoa que é considerado o “Domingo do Bom Pastor”, pois todos os anos a liturgia propõe, neste domingo, um trecho do capítulo 10 do Evangelho segundo João, no qual Jesus é apresentado como “Bom Pastor”. É, portanto, este o tema central que a Palavra de Deus põe hoje à nossa reflexão.
Neste Domingo a Mãe Igreja reza pelas vocações sacerdotais, sem esquecer de rezar, também, por todos os que de alguma forma lideram as nações, as grandes e as pequenas comunidades, as grandes e as pequenas comunidades, os pequenos grupos humanos, como a família.
O Evangelho(Jo 10,10-10) apresenta Cristo como “o Pastor”, cuja missão é libertar o rebanho de Deus do domínio da escravidão e levá-lo ao encontro das pastagens verdejantes onde há vida em plenitude (ao contrário dos falsos pastores, cujo objetivo é só aproveitar-se do rebanho em benefício próprio). Jesus vai cumprir com amor essa missão, no respeito absoluto pela identidade, individualidade e liberdade das ovelhas.
Jesus é a porta. Há um contraste, no Evangelho entre Jesus, os ladrões e os mercenários. À diferença dos maus pastores de seu tempo – os fariseus de Jo 9,40 – e dos pastores de outra em Israel – Ez 34,1-4; Jr 23,1-3 – Jesus cuida, conduz e salva as ovelhas. Ele não é apenas um entre os pastores, Ele é “o” Bom Pastor. Seu desejo e a sua missão são guiar e salvador o povo de Deus. Os outros, que vieram antes dele, apenas quiseram se servir das ovelhas! Jesus se apresenta então como o Pastor novo, do qual se ausente qualquer interesse em explorar e maltratar. Jesus estava no Templo, talvez vendo as pessoas entrando e saindo pela chamada “porta das ovelhas”. Então, proclama-se, por duas vezes: “Eu sou a porta das ovelhas!. Porta é a imagem de segurança e, ao mesmo tempo, de liberdade, salvação e vida. Jesus é a Porta do redil celeste. Quem passa por Ele encontra segurança, salvação e vida – ou seja – pastagem, alimento e vida. Por isso, conclui: “Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância!”.
O Evangelho toca na ferida que há muitos incomoda: o exercício do poder. Nenhum pastor pode tentar usar do povo e causar-lhe sofrimentos em benefício próprio! O poder na Igreja é serviço, generoso e genuíno que deve defender o bem comum e promover a solidariedade, particularmente em favor dos mais pobres e sofredores.
Jesus é o Pastor autêntico, aquele que o Pai envia para cuidar das ovelhas, o povo querido de Deus. Jesus vem para servir e dar a sua vida, chamando pelo nome, ou seja, superando todo anonimato. Ele se deixa conhecer, para aqueles que são seus não sejam enganados por líderes perversos.
Jesus é a Porta para as ovelhas, para quem quer encontrar verdes pastagens e vida abundante. Busquemos a vida ordinária do Cristo que é o Bom Pastor, o Caminho, a Verdade e a Vida!
A segunda leitura(1Pd 2,20b-25) apresenta-nos também Cristo como “o Pastor” que guarda e conduz as suas ovelhas. O catequista que escreve este texto insiste, sobretudo, em que os crentes devem seguir esse “Pastor”. No contexto concreto em que a leitura nos coloca, seguir “o Pastor” é responder à injustiça com o amor, ao mal com o bem.
A primeira leitura traça(At 2,14a.36-41), de forma bastante completa, o percurso que Cristo, “o Pastor”, desafia os homens a percorrer: é preciso converter-se (isto é, deixar os esquemas de escravidão), ser batizado (isto é, aderir a Jesus e segui-l’O) e receber o Espírito Santo (acolher no coração a vida de Deus e deixar-se recriar, vivificar e transformar por ela).
Jesus nos conhece pelo nome, manifesta a sua ternura para conosco e caminha à nossa frente como o Supremo Pastor! Ao celebrarmos o Ano Vocacional vivamos com a certeza de que pastores e ovelhas, de maneira livre, possam anunciar ao Evangelho da Vida. Jesus deu a sua vida e quis morrer por seu rebanho. Que possamos conduzir as ovelhas à comunhão das alegrias celestes. Neste sentido nós rezamos pelo Papa Francisco, pelo Colégio Universal do Bispos, pelos padres e diáconos, e por todos os que, numa Igreja Sinodal, de escuta e partilha, promovem a vida e vida plena!