Andressa Collet – Vatican News
Envolvidos pelas cores vibrantes dos povos da América Latina e pelas interpretações dos coros da Capela Sistina e dos Colégios Pio Latino-Americanos, a comunidade dos países do continente americano que vive na Itália participou da celebração eucarística no final da tarde desta segunda-feira (12) na Basílica de São Pedro em honra a Nossa Senhora de Guadalupe. A missa foi precedida pela recitação do terço, um testemunho público de fé que se repete um ano após a mesma iniciativa realizada na Praça São Pedro pela Pontifícia Comissão para a América Latina (CAL). Naquela oportunidade, os católicos das Américas começavam um caminho de oração e de preparação para o Jubileu Guadalupano de 2031, quando serão celebrados os 500 anos da aparição Mariana no México, e para o Jubileu da Redenção de 2033.
A Mãe não deve ser ideologizada
Nesta segunda-feira (12), Francisco lembrou em homilia que começa também a Novena Intercontinental Guadalupana e fez um forte apelo a “todos os membros da Igreja que peregrina na América, pastores e fiéis” que participam desse caminho celebrativo para promover o encontro com Deus através de Nossa Senhora de Guadalupe:
O convite da Mãe Mestiça
Francisco, na homilia em espanhol, recordou, então, desse encontro entre dois mundos diferentes – quase cinco séculos atrás – ao enviar Maria, sua Mãe, como recorda o Evangelho do dia (Lc 1,39-48), e como aconteceu com a Virgem de Guadalupe cuja aparição ocorreu entre 9 e 12 de dezembro de 1531 na colina de Tepeyac, ao norte da Cidade do México: “ela chegou às terras abençoadas da América”, disse o Papa, para “consolar, para atender as necessidades dos pequenos, sem excluir ninguém, para envolvê-los como uma mãe cuidadosa com a sua presença, o seu amor e o seu consolo. É nossa Mãe Mestiça”.
“Ela veio para acompanhar o povo americano neste caminho tão difícil de pobreza, exploração, colonialismos sócio-econômicos e culturais. Ela está no meio das caravanas dos que buscam a liberdade rumo ao norte, ela está no meio desse povo americano cuja identidade é ameaçada por um paganismo selvagem e explorador, ferido pela pregação ativa de um ateísmo prático e pragmático.”
Assim, Deus “guia a história da humanidade” se fazendo presente através do seu Filho, “nascido de uma mulher” (Gl 4,4), e não deixando de olhar para o nosso mundo, “necessitado e ferido”. No grande e doloroso cruzamento da nossa história atual, continuou o Papa, “não estamos sozinhos” porque Deus “continua a nos enviar a Mãe do seu Filho”:
“Neste ano, celebramos Guadalupe em um momento difícil para a humanidade. É um período amargo, cheio de ruídos da guerra, crescente injustiça, fome, de pobreza, sofrimento. Tem fome. E embora esse horizonte pareça sombrio e desconcertante, com presságios de destruição e desolação ainda maiores, todavia a fé, o amor e a condescendência divinos nos ensinam e nos dizem que este também é um tempo propício de salvação, no qual o Senhor, através da Virgem Maria e Mestiça, continua a nos dar seu Filho, que nos chama a sermos irmãos, para deixar de lado o egoísmo, a indiferença e o antagonismo, convidando-nos a nos encarregarmos ‘rapidamente’ uns dos outros, para alcançarmos nossos irmãos e irmãs esquecidos e descartados por nossas sociedades consumistas e apáticas. Nossos irmãos e irmãs deixados de lado. E o faz sem demora, é a Mãe apurada, apressada, a Mãe solícita.”