Processo de beatificação de padre Cícero é aberto em Juazeiro do Norte

O processo de beatificação de padre Cícero Romão Batista foi aberto oficialmente ontem (30), na basílica Nossa Senhora das Dores, em Juazeiro do Norte (CE). Centenas de pessoas participaram da missa celebrada pelo bispo de Crato, dom Magnus Henrique Lopes, e, em seguida, foi instituído o tribunal diocesano que acompanhará esta primeira fase a fim de recolher provas documentais e testemunhas sobre a vida do servo de Deus.

Padre Cícero Romão Batista, ou “Padim Cicço” como é conhecido e chamado por seus admiradores, nasceu em 1844, em Crato. Foi ordenado padre em 1870 na capital cearense. Dois anos depois foi para a região de Juazeiro do Norte.

Um possível milagre ocorrido em 1889 transformou a vida do religioso e da cidade. Na capela de Nossa Senhora das Dores, a hóstia sangrou na boca de uma fiel. Logo a notícia se espalhou e o fato teria se repetido em público várias vezes. Juazeiro passou a receber peregrinos de vários lugares desde então.

Em 1894 padre Cícero foi punido com a suspensão da ordem, acusado de manipulação da crença popular pela Santa Sé. Proibido de celebrar missa e inconformado com a situação, o padre foi ao Vaticano, em 1898, pedir revogação da pena ao papa Leão XIII. Saiu de lá com a vitória, mas o bispo não aceitou e pediu revisão do resultado.

Em 1911, o distrito de Juazeiro foi elevado a município e o padre Cícero foi nomeado prefeito, realizando diversas benfeitorias.

Padre Cícero morreu em de julho de 1934, em Juazeiro do Norte, local que até hoje celebra seus feitos e obras.

Após um trabalho de revisão histórica sobre a causa de padre Cícero feito pela diocese de Crato, em 2014, a Santa Sé o reconciliou com a Igreja Católica. Em agosto deste ano, a Santa Sé autorizou a abertura do processo de beatificação.

“Como bispo desta diocese, e em nome de todos os bispos, padres, leigos e leigas, religiosos e religiosas que trabalharam nesta história, agradecemos o trabalho incansável de tantos romeiros e romeiras. Erguendo às mãos aos céus, poderemos cantar com muita fé aquilo que um dia disse o padre Cícero: ‘Deus nunca deixou trabalho sem recompensa nem lágrimas sem consolação’”, afirmou dom Magnus Henrique em sua homilia na missa de ontem.

O bispo de Crato disse que padre Cícero “fez do seu sacerdócio um caminho de santificação e um refúgio de compaixão para os pobres e pequeninos”. “É consenso que os frutos do sacerdócio do padre Cícero foram provenientes das fontes misericordiosas do coração de Jesus, devoção que ele promoveu e viveu até o fim de sua vida”, declarou.

Ao final da missa, aconteceu a cerimônia de abertura do processo de beatificação, com a composição do tribunal diocesano e o juramento de seus membros.

O vice-postulador da causa, padre Francisco Wesley Barbosa Barros, afirmou que a fase que se inicia com a abertura do processo “é um inquérito sobre as virtudes do servo de Deus”, durante o qual serão coletados testemunhos e materiais sobre padre Cícero. Por isso, o sacerdote pediu que quem tiver documentos ou objetos que pertenceram a padre Cícero enviem para a causa de beatificação.

Padre Wesley Barros recordou ainda que, “em respeito às normas da Igreja para as causas de beatificação, é de extrema importância evitar toda e qualquer forma de culto indevido, ou seja, evitar colocar a imagem no altar da igreja, evitar procissões ou incluir nos andores a imagem nas procissões, evitar invocar o servo de Deus nas ladainhas oficiais ou invocar a sua intercessão publicamente entre os santos canonizados”.

“De agora em diante, temos a aprovação para pedir a intercessão do servo de Deus somente na nossa devoção particular. É uma maneira de preparar o nosso coração pela alegre expectativa para vivenciar de modo legítimo o culto em tempo oportuno, quando nos for permitida oficialmente a beatificação”, disse.

O tribunal diocesano da causa de beatificação de padre Cícero é composto pelo postulador, o advogado Paolo Vilotta, o vice-postulador, padre Wesley Barros, o delegado episcopal, padre José Vicente Pinto de Alencar da Silva, o promotor de justiça, padre Aureliano de Sousa Gondim, o notário atuário, padre Rodrigo Remulo Leite Pereira, e o notário adjunto, padre Cícero Felipe Tavares de Sousa.

Há ainda uma comissão teológica, composta por padre João Paulo de Araújo Gomes, da diocese de Caruaru, o reitor da basílica Nossa Senhora das Dores, padre Cícero José da Silva, e os historiadores José Luiz Araújo Lyra, Antônio Renato Soares de Casemiro, José Carlos dos Santos e Armando Lopes Rafael.

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