Mariangela Jaguraba – Vatican News
O Papa Francisco recebeu em audiência, nesta sexta-feira (21/10), no Vaticano, uma delegação de administradores públicos e representantes do Estado francês, provenientes do norte da França, junto com o arcebispo de Cambrai, dom Vincent Dollmann.
Esta região da França, “outrora rica em minas de carvão, de uma forte indústria metalúrgica e renomadas fábricas têxteis, sofreu um terrível revés com o fechamento de minas e fábricas durante a revolução industrial do final do século XIX”.
“Infelizmente, a crise econômica também significa empobrecimento da população dessas regiões. Eu sei que esse é o desafio que vocês enfrentam há algumas décadas. Além da preocupação prioritária com as questões sociais, sei que vocês também têm no coração a dimensão cultural da sua região, cientes de que o homem não se nutre só de pão, mas também do orgulho de suas raízes que a cultura evidencia, ajudando assim a lembrar a cada um, sua própria dignidade”, disse Francisco, acrescentando:
É nessas áreas de ação social e cultural que vocês podem encontrar-se, qualquer que seja sua pertença política. Ao dar prioridade às necessidades essenciais de seus cidadãos, muitas vezes transcurados em favor de temas da moda que têm menos a ver com suas vidas diárias, vocês podem demonstrar sua vontade de estar a serviço daqueles que o elegeram e que depositaram sua confiança em vocês. O método democrático e representativo também deve permitir a vocês de levar à atenção das mais altas autoridades as aspirações e necessidades reais da população de seu território, longe de qualquer ideologia ou pressão da mídia.
A seguir, o Papa os encorajou com duas palavras ligadas aos eventos atuais: acolhimento e cuidado.
Primeiramente, o acolhimento dos desfavorecidos, sobretudo os migrantes, e vocês sabem o quão crucial é essa questão e o quanto ela está no meu coração. Mas, também penso nas pessoas com deficiência. Elas precisam de mais estruturas para facilitar suas vidas e as de seus entes queridos e, acima de tudo, para mostrar o respeito que lhes é devido. Que as medidas de inclusão possam permitir a muitos deles ter um lugar no mundo do trabalho. É necessário continuar propondo o acesso ao trabalho como objetivo prioritário para todos!
Em relação ao cuidado, o Papa pensou “em particular na atenção a ser dada aos idosos nos asilos, e às pessoas no fim de suas vidas, que devem ser acompanhadas através do desenvolvimento de cuidados paliativos”. “Os agentes de saúde, por natureza, têm a vocação de prestar cuidado e alívio, nem sempre podendo curar, mas não podemos pedir aos agentes de saúde para matar seus pacientes! Se matarmos com justificativas, acabaremos matando cada vez mais. Ouso esperar que, em questões assim essenciais, o debate possa ser conduzido na verdade para acompanhar a vida ao seu fim natural”, sublinhou Francisco.
Segundo o Papa, “a esfera cultural é um importante fator de unidade na medida em que se apresenta como fruto de um passado comum. A sua região foi palco de eventos que a moldaram e que cabe a vocês valorizar a fim de passar seu legado para as gerações futuras”.
Francisco sublinhou que “a Igreja sempre se preocupou com o desenvolvimento integral dos abandonados da sociedade e vocês podem contar com sua ajuda”. “Junto com vocês, ela procura alcançar os migrantes, os idosos e os doentes, ou seja, todos aqueles que são “deixados para trás”, cuja maior pobreza é, sem dúvida, a exclusão e solidão”, disse ainda o Papa, ressaltando que “em relação aos migrantes, não podemos esquecer que o migrante deve ser acolhido, acompanhado, promovido e integrado”. “Não deixar o migrante sem integração, porque isso é um perigo”, concluiu o Papa.