Francisco expressa pesar pela morte do jornalista ao 98 anos. Scalfari foi fundador e diretor do jornal italiano “La Repubblica”: um amigo para refletir sobre as “últimas questões do homem”. O presidente da Itália, Sergio Mattarella, descreveu o jornalista como testemunha lúcida e apaixonada pela história republicana. Giancarlo La Vella – Vatican News Uma figura central no jornalismo italiano, durante e mesmo após a sua saída da direção do jornal “La Repubblica”, o segundo diário da Itália por tiragem, ao qual seu nome está indissoluvelmente ligado. Nascido na cidade de Civitavecchia, a cerca de 80 Km de Roma, no ano de 1924, Eugenio Scalfari faleceu nesta quinta-feira (14) em Roma com a idade de 98 anos. O Papa Francisco, segundo comunicado do diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Matteo Bruni, recebeu com pesar a notícia “da morte do seu amigo”. O Pontífice “guarda com carinho a memória dos encontros – e das conversas densas sobre as últimas questões do homem – que teve com ele ao longo dos anos e confia a sua alma ao Senhor em oração, para que o receba e console aqueles que estavam próximos a ele”. O mundo da informação o viu como um protagonista desde os primeiros passos, um mundo que ele contribuiu profundamente a inovar com as duas publicações que dirigiu: a revista semanal “L’Espresso”, focada em reportagens investigativas, e sobretudo o jornal “La Repubblica”, fundado em 1976 e levado ao topo do interesse dos leitores em poucos anos. Scalfari não era apenas um jornalista, mas um homem de cultura: publicou vários livros, começando com o seu primeiro, em 1998, intitulado “Il labirinto” (O labirinto). As mensagens de condolências O mundo do jornalismo, da cultura e da política já expressaram suas condolências pela morte do homem que foi um líder no seu trabalho como comunicador. Entre as primeiras mensagens, a do presidente da Itália, Sergio Mattarella, que em declaração disse estar “particularmente triste com a morte de Eugenio Scalfari, jornalista, diretor, ensaísta, homem político, testemunha lúcida e apaixonado pela nossa história republicana”. Scalfari, continuou Mattarella, “sempre foi um ponto de referência envolvente para gerações de jornalistas, intelectuais, políticos e um número muito grande de leitores. Sempre um convicto defensor da ética na sociedade e da renovação na vida pública, se dedicou magistralmente, nos últimos tempos, aos grandes temas existenciais da humanidade”, concluiu o Chefe de Estado, “com a sua habitual eficácia e profundidade de reflexão. Já o cardeal Gianfranco Ravasi em um tuíte escreveu lembrar “com estima e amizade” do fundador de “Repubblica”, “um protagonista da cultura leiga. Guardo em minha memória o nosso diálogo apaixonante de 2013, no verdadeiro espírito do ‘Pátio dos Gentios’, sobre os desafios e o futuro da informação”. As conversas com o Papa Após à eleição à Cátedra de São Pedro, o Papa Francisco trocou cartas com Eugenio Scalfari e teve uma conversa sobre a relação entre fé e secularismo, publicada em um livro da editora Einaudi-La Repubblica. Um diálogo, embora a partir de duas posições diferentes, que atraiu a atenção do público em geral. Precisamente em resposta a Eugenio Scalfari, o Papa Francisco escreveu em 4 de setembro de 2013 em La Repubblica ao criador do jornal: “a Igreja, acredite em mim, apesar de toda a lentidão, infidelidade, erros e pecados que possa ter cometido e ainda pode cometer naqueles que a compõem, não tem outro sentido e propósito senão aquele de viver e testemunhar Jesus”. O diretor da revista jesuíta “La Civiltà Cattolica”, Padre Antonio Spadaro, enfatizou: “sempre me impressionou o estilo da sua interlocução com o Pontífice”.

O arcebispo de Belo Horizonte (MG) e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Walmor Oliveira de Azevedo, em vídeo, destaca um trecho do documento da Conferência de Aparecida que traduz uma prece do episcopado latino-americano e caribenho:

“Louvamos a Deus pelos homens e mulheres da América Latina e Caribe que, movidos por sua fé, têm trabalhado incansavelmente na defesa da dignidade da pessoa humana, especialmente dos pobres e marginalizados. Em seu testemunho levado até a entrega total resplandece a dignidade do ser humano”.

De acordo com o presidente da CNBB, esta passagem do Documento de Aparecida mostra bem que “a cidadania civil deve sempre estar unida à cidadania eclesial”. De acordo com dom Walmor, o documento ensina que a Igreja é morada de povos e irmãos e casa dos pobres. Isto, reforça o arcebispo de Belo Horizonte, coloca para os cristãos o desafio de enxergar cada pessoa como irmão e irmã. “Não se pode viver tranquilamente quando os irmãos sofrem com a fome, com a miséria, a violência e tantos outros males”, disse.

Conheça os destaques que o presidente da CNBB faz da Conferência de Aparecida:

V Conferencia Geral do Episcopado Latino-Americano e Caribenho

A V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e Caribenho foi realizada em Aparecida, de 13 a 31 de maio de 2007. Inaugurada pelo Papa Bento XVI, a Conferência de Aparecida recorda que: “Os discípulos, que por essência são também missionários em virtude do Batismo e da Confirmação, são formados com um coração universal, aberto a todas as culturas e a todas as verdades, cultivando a capacidade de contato humano e de diálogo”. (DAp 377)

Aparecida reafirma as grandes linhas eclesiológicas e pastorais das Conferências anteriores: o espírito eclesial do Rio de Janeiro, o espírito de comunhão do Concílio Vaticano II e de Medellín, o espírito de participação de Puebla e o espírito da Nova Evangelização de Santo Domingo. Destaque para a participação do cardeal Jorge Mario Bergoglio, então arcebispo de Bueno Aires, hoje Papa Francisco.

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