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A Sala de Imprensa da Santa Sé apresentou nesta manhã (20) um comunicado do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida e do Sínodo dos Bispos sobre a contribuição das pessoas com deficiência para o Sínodo sobre a Sinodalidade.
Na tarde de quinta-feira (19/05) foi realizada “uma sessão de escuta online – lê-se na nota – de cerca de duas horas, sobre o tema A Igreja é a vossa casa. O contributo das pessoas com deficiência para o Sínodo sobre a Sinodalidade”. A sessão, “teve o objetivo ‘dar voz’ diretamente às pessoas com deficiência, fiéis que muitas vezes se encontram à margem das nossas igrejas” afirmam, o encontro “foi de fato o lançamento de um verdadeiro processo sinodal internacional a eles dedicado”.
Redação de um documento
A nota segue com mais detalhes da iniciativa: “Numa dinâmica de diálogo, os cerca de 30 participantes com deficiências sensoriais, físicas ou cognitivas – online a partir de 20 países do mundo – puderam expressar-se nas suas próprias línguas (incluindo três línguas gestuais) com vista à redação conjunta de um documento para responder à questão fundamental do Sínodo: Como estamos caminhando com Jesus e com os nossos irmãos para o anunciar? Para o futuro, o que é que o Espírito pede à nossa Igreja para crescer no caminho com Jesus e com os irmãos para o anunciar?”.
Testemunhos do encontro
“Quatro testemunhos comoventes da Libéria, Ucrânia, França e México chamaram a atenção para a necessidade de ultrapassar a discriminação, a exclusão e o paternalismo. Muito comoventes foram as palavras de uma catequista francesa com síndrome de Down: ‘Ao nascer, podia ter sido abortada. Estou feliz por viver’, disse. “Amo a todos e agradeço a Deus por me ter criado”. Consagrada, recebeu um duplo mandato do seu bispo: oração e evangelização”.
Cardeal Mario Grech
Na abertura da sessão o cardeal Mario Grech, Secretário-Geral da Secretaria do Sínodo dos Bispos, partilhou a sua experiência pessoal: “Tenho uma dívida para com as pessoas com deficiência. Foi um deles que me colocou no caminho para uma vocação sacerdotal. Se o rosto do irmão ou irmã deficiente for descartado, é a Igreja que se torna deficiente”.
Padre Alexandre Awi Mello
O Secretário do Dicastério para os Leigos, Família e Vida, o brasileiro padre Alexandre Awi Mello, disse aos participantes que no processo sinodal o desafio é “superar todo o preconceito de quem acredita que aqueles que têm dificuldade em se expressar não têm pensamento próprio, nem nada de interessante para comunicar”.
Por fim, os participantes foram convidados a elaborar nos próximos meses um documento comum a partir das suas experiências e conhecimentos sobre o mundo da deficiência que amadureceram em primeira pessoa e através do seu empenho pastoral. O documento será depois entregue à Secretaria-Geral do Sínodo dos Bispos para ser tido em conta na prossecução do caminho sinodal. O encontro faz parte de um percurso lançado em dezembro de 2021 pelo Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida com a campanha de vídeo #IamChurch, sobre o protagonismo eclesial das pessoas com deficiência e pretende ser uma resposta ao apelo do Papa na Fratelli Tutti (n.98) quando convida as comunidades a “dar voz” àqueles “‘exilados escondidos’ …que sentem que existem sem pertencer e sem participar”. O objetivo – continua o Santo Padre – não é apenas a assistência, mas “a participação ativa na comunidade civil e eclesial”. O processo será concluído nos próximos meses com uma reunião presencial em Roma.