Paolo Ondarza – Cidade do Vaticano
“Diante da tragédia em curso na Ucrânia, não cessa o compromisso da Igreja de levar esperança a muitas pessoas que foram forçadas a abandonar suas casas, bem como as tentativas de encorajar o diálogo e abrir caminhos de reconciliação entre as partes em conflito”. Quem garante é o secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin, ao se pronunciar na Conferência dos Embaixadores dos países membros da União Africana e da União Europeia acreditados junto da Santa Sé, na tarde de quarta-feira, 23.
Abertura e vontade de dialogar
Questionado pela agência Ansa a propósito do telefonema na terça-feira entre o Papa Francisco e o presidente ucraniano Zelensky, o cardeal Parolin acrescentou que uma forte preocupação compartilhada entre o Santo Padre e o líder de Kiev foi a segurança dos corredores humanitários. Este tema foi aprofundado – precisou – excluindo que no momento existam novidades em relação à oferta de mediação realizada pela Santa Sé.
Fim às hostilidades, espaço à negociação
“Permanece preciso o trabalho de abertura e disponibilidade ao diálogo, ao qual muitas vezes somos chamados pelo Papa Francisco”, acrescentou o purpurado, falando do papel da Santa Sé em um momento em que na Europa “ventos de guerra, que esperávamos não ver novamente, manifestaram-se novamente”. “Inicialmente parecia tratar-se de uma blitz, agora as coisas mudam. O que pedimos continuamente é que cessem os combates, as hostilidades, e que então se vá para uma mesa de diálogo: sempre há espaço para negociação”.
Ato de consagração é uma invocação pela paz
Sobre a oração que o Papa fará na sexta-feira, 25, para consagrar e confiar a humanidade e especialmente a Rússia e a Ucrânia ao Imaculado Coração de Maria, o cardeal Parolin especificou: “é uma invocação da paz a Nossa Senhora, para que sobretudo ela converta os corações, é um ato religioso, eminentemente religioso, pelo qual nos confiamos a Ela, Mãe de misericórdia e Rainha da paz, para socorrer onde muitas vezes não chegam as capacidades ou a vontade humana. É um rito na tradição católica, não sei se na ortodoxa, mas não deve criar problemas no plano ecumênico. Também há muitos precedentes, também houve consagrações nacionais ou locais a Jesus, não apenas a Nossa Senhora. É pedir a ajuda de Nossa Senhora numa situação tão grave como a que estamos vivendo e que parece não ter solução, pelo menos imediata”.
Proximidade com refugiados de todo o mundo
O compromisso com os refugiados ucranianos, sublinhou Parolin, é o mesmo para ajudar os migrantes que chegam da África. “Hoje as ofertas mais escassas que vêm das igrejas que tradicionalmente sustentam os chamados territórios de missão criam muitos problemas”, por isso é necessário encontrar novas formas de apoio, por exemplo através de formas de colaboração com o Estado, sem esquecer a busca de benfeitores externos.
O secretário-geral da Caritas Internationalis Aloysius John também participou da Conferência dos Embaixadores dos países membros da União Africana e da União Europeia credenciados junto à Santa Sé, presidida pelo secretário de Estado do Vaticano.
O trabalho da Conferência
Durante os trabalhos, Martin Pacal Tine, embaixador do Senegal junto à Santa Sé, que ocupa a presidência rotativa da União Africana, sugeriu uma reflexão sobre uma série de programas que incluem o relançamento da economia no contexto da pós-pandemia de Covid e visam melhorar o estado geral de saúde por meio do fortalecimento dos sistemas alimentares, da promoção da mulher, da promoção do diálogo e da educação dos menores. Por parte de alguns diplomatas, o tratamento reservado a alguns migrantes que chegaram à Europa foi duramente criticado.