Pe. Luiz Roberto Teixeira Di Lascio
“Pai é aquele que cuida e não aquele que gera.” Esta afirmação é uma balela vergonhosa e ridícula. Pretende, assim, justificar para esconder e isentar de qualquer responsabilidade o homem que engravida uma mulher numa aventura amorosa, leviana e inconsequente.
Essa frase encerra uma lógica carregada da visão machista e arrogante que demonstra a deliberada intenção do homem de nunca atribuir a culpa a si, mas tão somente e totalmente à sua parceira. Macho meramente reprodutor, que ignora e abandona a mulher que ele engravidou, deixando-a à mercê da própria sorte. E esta futura mamãe, entregue ao grande dilema sobre o que fazer nessa nova circunstância, uma aventura de consequências jamais imaginadas…
Vivemos num mundo mergulhado em fantasias, mentiras, falcatruas, subornos, traições, atos de corrupção… Um mundo fortalecido pelo marketing erótico, sob o fervilhar da sensualidade desenfreada e a banalização do corpo. Como tudo isso tem contribuído para desqualificar e alterar a escala de valores da família, da sociedade e das instituições! O “jeitinho” brasileiro e a conspiração da enganação, (Me engana que eu gosto), favorecem a ideologia da fatalidade, a desmoralização da vida e a degradação do gênero masculino.
Nos dias de hoje milhares de pessoas estão à procura de seu pai biológico. São as vítimas de um desajustamento emocional, da quebra do decoro e pudor e da ultrapassagem dos limites da moral. Vítimas, igualmente, são as grávidas abandonadas, feitas reféns de uma torturante armadilha, expostas frente às jaulas abertas, onde monstros vorazes, atormentadores de mentes e corações, as ameaçam.
Toda esta reflexão, sua problemática e suas consequências, nos remetem à figura desse Pai exemplar, modelo aos homens de nosso tempo e de toda a História: São José, o esposo da Virgem Maria, e Pai Adotivo do Menino Jesus.
A vida e missão de São José é um testemunho que fascina e motiva a todos os homens com vocação à paternidade responsável. Ele, um homem situado no seu tempo, com plena consciência de ter sido “o escolhido” para exercer o papel de cooperador na realização dos grandes mistérios dentro plano salvífico para o bem da humanidade e para a glória de Deus.
Chamado por Deus para o serviço de guardião, sustentador e educador, envolvendo diretamente a pessoa de Jesus e Sua missão, assumiu com pleno sentido de responsabilidade esse encargo, fazendo-se, na sua simplicidade e despojamento, um instrumento nas mãos de Deus, para cuidar de Jesus e de Maria.
Paternidade responsável é uma escolha, uma vocação. É um ato corajoso de comprometer-se em cuidar e defender a vida humana em qualquer situação. E, diligentemente, procurar fazer tudo aquilo que gostaríamos que a nós fizessem se invertidas fossem as situações.
Ser pai é um dom de Deus. É algo tão sublime que ultrapassa o universo das palavras com que se queira definir, explicar…
A paternidade responsável é uma postura de amor e generosidade que impulsiona o homem a decidir-se pela vida do outro e a assumi-la com entusiasmo e amor, na certeza de estar fazendo a Vontade de Deus.
Que o nosso olhar esteja sempre fixo na pessoa de São José e oxalá possamos, pelo exemplo de sua conduta, aprender a arte da paternidade responsável.
Que cada criança que nasce, cada novo ser que venha aqui conosco compartilhar a vida na Terra, seja acolhida no coração de um pai responsável, no seio de uma família amorosa…
Essa é a esperança para uma sociedade cada vez melhor, mais justa e fraterna, como bem o deseja o Pai do Céu.
Padre Luiz Roberto Teixeira Di Lascio
Vigário-Paroquial da Basílica Nª. Sª. Do Carmo
Arquidiocese de Campinas – São Paulo
E-mail: padredilascio@uol.com.br