Está sendo concluído neste final de semana em Budapeste, capital da Hungria, ou seja, neste domingo (12), o 52º Congresso Eucarístico Internacional que tem como lema: ‘A minha única fonte está em ti’. O Santo Padre, o Papa Francisco, celebra na manhã desse domingo a missa de encerramento. Tive oportunidade de pronunciar uma catequese no início do Congresso na segunda-feira passada de forma digital. É oportuno para a Igreja, nestes tempos de tantas controvérsias, voltar sempre para a fonte de sua vida e a profundidade da Eucaristia.
A Eucaristia é “fonte e ápice de toda a vida cristã” (LG 11). Os demais sacramentos, assim como todos os ministérios eclesiásticos e tarefas apostólicas, se ligam à Sagrada Eucaristia e a ela se ordenam. Pois a santíssima Eucaristia contém todo o bem espiritual da Igreja, a saber, o próprio Cristo, nossa Páscoa. A Eucaristia é o terceiro sacramento da iniciação cristã. É, também, o ápice da ordem sacramental. O Batismo é dirigido à Eucaristia, de modo que esta é o centro de toda vida da Igreja e de cada um dos fiéis.
Primeiro que, “a Eucaristia é a fonte de nossa vida cristã, porque ao participarmos dela recebemos o impulso e a força de vivermos como verdadeiros cristãos. A oferta de Cristo na Cruz, que é tornada presente no sacrifício eucarístico, nos comunica o Seu amor generoso, o banquete eucarístico nutre-nos com o Corpo e o Sangue do divino cordeiro imolado por nós e nos dá a força para ‘seguirmos os Seus passos” (1Pd 2,21).
Segundo que, “a Eucaristia é ápice de toda a nossa vida cristã porque levamos todas as nossas orações e boas obras, alegrias e sofrimentos, e estas modestas ofertas são unidas à oblação perfeita de Cristo e, assim são plenamente santificadas e elevadas até Deus num culto perfeitamente agradável, que nos introduz na intimidade divina (Jo 6,56-57). Por conseguinte, a Eucaristia é ‘o coroamento da vida espiritual e o fim de todos os sacramentos’.” (João Paulo II – L’Osservatore Romano de 12-04-92).
O Concílio Ecumênico Vaticano II recorda Santo Tomás de Aquino, grande doutor da Igreja, quando ensina que: “A Santíssima Eucaristia contém todo o bem espiritual da Igreja, a saber, o próprio Cristo, nossa Páscoa” (PO 5). Jesus encarnou-se, para ser mediador entre Deus e nós. Por meio de Jesus, chega ao Pai a nossa oração de súplica, louvor e gratidão e por Ele, recebemos de Deus, “graça sobre graça” principalmente a Redenção.
Nós cristãos, temos colocado a Eucaristia no lugar central de nossa vida, participando da celebração eucarística em nossas comunidades e recebendo o Corpo de Cristo com a maior frequência possível?
Toda a nossa vida de Igreja se orienta para a Eucaristia. É dela que tiramos forças para construir a unidade, alimentando o testemunho pessoal, a partilha dos bens e a entrega da nossa vida. Assim, a Eucaristia deve estar no centro da vida de toda comunidade cristã.
A comunhão de vida com Deus e a unidade do povo de Deus, pelas quais a Igreja é ela mesma, a Eucaristia as significa e as realiza. “Nela está o clímax tanto da ação pela qual, em Cristo, Deus santifica o mundo, como do culto que no Espírito Santo os homens prestam a Cristo e, por Ele, ao Pai” (Congregação dos Ritos, instrução Eucharisticum mysterium, 6: AAS 69 (1967) 539-573).
Percebemos o quanto é valioso para a nossa vida cristã a Sagrada Eucaristia. É um “segredo” que muitos de nós cristãos ainda não conhecemos com profundidade; e, por isso, não nos beneficiamos plenamente das suas graças. Há mais de dois mil anos Ele está no meio de nós, escondido, e ainda não O conhecemos.
Ainda temos muito que aprofundar sobre a Eucaristia para desfrutar de todo o seu poder de salvação. É Cristo vivo e presente no meio de nós, imolado, em estado de vítima permanente. Assim como Ele mesmo fez com os discípulos de Emaús, que Ele também abra os nossos olhos para que eu e você, possamos ver toda a Sua Glória, embora encoberta pelo véu do Sacramento.
Essas reflexões foram encontradas nas riquezas dos ensinamentos da Igreja. Percebamos que a vida de comunhão já começou para nós aqui na terra, de diferentes maneiras, mas ela não estará completa até que venham os novos céu e terra, como Jesus Cristo nos prometeu. A Eucaristia é um gozo antecipado e uma promessa desses novos céu e terra, onde a vida em comunhão não terá fim. No livro do Apocalipse, o grito que conclui as Escrituras é “Amém! Vem, Senhor Jesus!” (Ap 22,20). A Eucaristia nos orienta em comunhão uns com os outros para o futuro, não como uma ameaça, mas como um convite. Num mundo onde a preocupação principal muitas vezes é o presente, a Eucaristia nos convida a abrir os nossos corações com esperança para o futuro que Deus nos promete.
Ao celebrar a Eucaristia nós antecipamos esse novo futuro pelas palavras e pelos atos, de forma que a nossa comunhão futura seja já inserida no nosso presente, para que possamos já saborear e viver aquilo em que nos tornaremos. Rezemos com muita confiança e fé para este momento importante da Igreja possa trazer muita esperança e conforto para todo, pois o Senhor está conosco.